Novas três vítimas denunciaram terem doado dinheiro para a jovem Camila Maria Barbosa, de 27 anos, que foi indiciada pela Polícia Civil por fingir ter câncer para aplicar golpes, em Morrinhos, região sul de Goiás. De acordo com a Polícia Civil, cada uma das vítimas teve prejuízo de cerca de R$ 500.
O delegado responsável pela investigação do caso, Fernando Gontijo, ainda explicou que uma delas chegou a fazer uma campanha que arrecadou aproximadamente R$ 2,9 mil. Contando com as três novas denúncias, nove pessoas prestaram depoimento à polícia até esta quarta-feira (11). Ao todo, foi identificado um prejuízo de pouco mais de R$ 20 mil.
Segundo a defesa, a jovem não recebeu dinheiro e tem diagnóstico de uma forma mais leve de câncer. "Ela tem essa doença e faz tratamento. Em análise preliminar das provas, a defesa comprovou que não têm indícios de materialidade delitiva", argumentou o advogado Warley Divino Pires.
O Hospital Araújo Jorge, em Goiânia, que é referência no tratamento contra câncer em Goiás, foi usado por Camilla para fazer fotos e vídeos, geralmente deitada nas macas da sessão de quimioterapia. A unidade disse, por meio de nota, que ela nunca foi paciente e que chegou a ser retirada do hospital, em algumas ocasiões, ao ser flagrada sem autorização para estar na ala de tratamento dos pacientes com câncer.
Camilla Barbosa gravou vídeos raspando o próprio cabelo e tirou fotos em macas de hospitais simulando tratamento para engajar moradores da cidade nas campanhas. O delegado ainda disse que os maiores doadores foram ex-namorados e ex-sogras da jovem.
Falso câncer
Em depoimento, a jovem disse à polícia que teve câncer há alguns anos e que foi curada. Mas depois descobriu que a doença voltou após fazer exames de dengue, e que já estava com metástase no intestino e pulmão.
Ao delegado, Camilla afirmou que começou tratamento no Hospital Araújo Jorge, onde disse ter feito sete sessões de quimioterapia, mas que meses depois, a unidade médica perdeu o prontuário dela e o tratamento foi interrompido.
A Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Camilla, onde encontrou diversos documentos e exames, que foram apreendidos. O delegado afirmou que em nenhum dos documentos foi possível constatar que a jovem tem câncer.
Hospital nega que ela foi paciente
O Hospital Araújo Jorge informou à Polícia Civil, em um documento, que Camilla nunca foi paciente da unidade. O hospital disse ainda que funcionários já viram a mulher várias vezes no local, onde foi flagrada tirando fotos em uma maca no Setor de Quimioterapia e usando cartão de identificação interno do hospital em nome de terceiros.
Após essas situações se repetirem, os funcionários teriam começado a retirar a jovem do interior do hospital.
Em nota ao g1, o Hospital Araújo Jorge afirmou que nunca teve uma paciente com o mesmo nome dela. Durante consulta no sistema da unidade, o hospital disse que "nada foi encontrado, nem prontuário, tão pouco registros de procedimento". Além disso, o Araújo Jorge informou também que não foi encontrada regulação da mulher no Sistema Único de Saúde (SUS), convênios ou como entrada como paciente particular.