O projeto de implantação do BRT Norte-Sul foi realizado pela Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) entre 2012 e 2013, com uma demanda para até 112 mil passageiros diários. Em 2021, com a intenção de inaugurar a obra, o cálculo da companhia chegou a ser para 60 mil usuários a cada dia, em um modelo de operação que utilizaria duas linhas, sendo uma do Terminal Recanto do Bosque até o Terminal Rodoviária, e a outra deste ponto até o Terminal Isidória. Atualmente, com a garantia de operação a partir do segundo semestre deste ano, a CMTC informa que até 60 ônibus serão utilizados.
Apesar de idealizado há mais de uma década, o presidente da CMTC, Tarcísio Abreu, afirma que a operação está sendo desenhada e adequada aos tempos atuais. “Vai atender os usuários e potencializar esse grande corredor. A cidade pede esse sistema de corredores exclusivos, prioridade, dar acesso a esse processo. O BRT traz isso: grande volume de passageiros com modernidade. O modelo está sendo desenhado para isso”, diz. Assim, mesmo que o traçado e o modelo tenham sido feitos em 2013, Abreu acredita que “está super preparado para atender as demandas”.
Ele reforça que, em todo Brasil e mundo, existe a busca por sistemas de BRT para atender a demanda. “Não é diferente daqui. O BRT está atualizado, ele é tecnicamente viável e esta operação que está sendo desenhada para a demanda é para que dê a ele toda a sua capacidade, com atratividade ao serviço, com ônibus novos. Como é o eixo, o BRT será ponto de integração, linhas alimentadoras cruzando a cidade. O projeto se mostra preparado. O desenho, a modelagem da operação vai fazer diferença, desenhada agora, no tempo atual, para o volume de passageiros e necessidade atual.”
Abreu considera ainda que os serviços lançados ao longo do último ano, especialmente o Bilhete Único (que permite a utilização de até cinco viagens em um período de 2h30 sem a necessidade de integração em terminais) vai contribuir e potencializar o uso do corredor exclusivo. “É a integração em qualquer tempo e lugar, no Centro de Goiânia vai poder trocar os eixos, fortalece os dois eixos e o sistema metropolitano”, considera ao se remeter ao eixo leste-oeste, onde opera o Eixo Anhanguera, que vai cruzar com o BRT na Praça do Bandeirante.
O coordenador do Fórum de Mobilidade Mova-Se, Adriano Paranaíba, acredita que a operação a ser utilizada no BRT Norte-Sul já deveria estar pronta e sendo divulgada para os usuários. “Eu mesmo não sei onde eu poderia utilizar o BRT, onde posso descer mais perto da minha casa ou trabalho. Deveriam estar informando a população de como vai funcionar. Hoje as pessoas não sabem como é o BRT, se vai ter diferença, qual a vantagem de usar”, diz. Para ele, essas dificuldades na comunicação com os usuários, além das várias datas e estimativas para a entrega das obras e início das operações mostram uma insegurança da Prefeitura de Goiânia e que deve refletir nos usuários do sistema de transporte coletivo metropolitano.
Nova licitação para o trecho I deve ficar apenas para abril
A licitação para a continuidade das obras do trecho I do BRT Norte-Sul, que compreende ao trajeto entre os terminais Isidória, no Setor Pedro Ludovico, e Cruzeiro do Sul, em Aparecida de Goiânia, que estava prevista para ter o edital publicado neste mês, deverá ter essa etapa apenas em abril. Segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), não foi possível concretizar a licitação em março porque somente nesta semana “ficou definido, junto do Ministério das Cidades, as diretrizes deste procedimento licitatório”.
O trecho chegou a receber intervenções ainda em 2015, quando o planejamento da obra era abrir duas frentes de trabalho, sendo uma em cada ponta do corredor, para que fosse finalizado o serviço na Praça Cívica. No entanto, houve dificuldades na época para a retirada de cabos de uma operadora de telefonia na Avenida Rio Verde e o foco passou a ser no trecho da Avenida Goiás Norte. Após isso, em 2018, após longa paralisação da obra e questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU), o trecho foi retirado da licitação original em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público Federal (MPF). Ele só seria realizado após a conclusão do trecho II, entre os terminais Recanto do Bosque e Isidória, que estava previsto para 2020. Porém, o Paço Municipal conseguiu autorização para fazer a licitação do trecho I em 2020 e, ao custo de R$ 67,6 milhões, a obra foi iniciada na Avenida 4ª Radial. Em dezembro de 2021, a empresa vencedora da licitação abandonou a obra e um novo processo de contratação passou a ser necessário, com promessa para que ocorresse em 2022. A previsão, no entanto, foi sendo adiada e obteve nova data agora.