Os pacientes que chegarem espontaneamente no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad) e Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) passarão por uma triagem e análise de classificação de risco e aqueles que estiverem sem gravidade serão recomendados a ir para a unidade básica de saúde (UBS) mais próxima da sua residência. A intenção é reduzir o número de atendimentos nos hospitais estaduais, que possuem as características de serem especializados nas intervenções secundárias e terciárias, ou seja, de pessoas que chegam em estado de emergência, com a ação necessária em até uma hora.
Neste primeiro momento, o acordo feito entre as secretarias é de fazer um protocolo orientativo, de modo a fazer entender o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), com a existência de unidades regionalizadas e hierarquizadas, ou seja, cada uma com atendimento a determinados tipos de gravidade. Até por isso existe a classificação de risco em cores, de modo que o paciente classificado como azul ou verde deve ser atendido em UBSs, por se tratar de caso sem gravidade. Já os classificados como amarelo, laranja ou vermelho possuem atendimento garantido nos hospitais, sendo necessárias ações mais complexas dado o grau de gravidade avançado.
A Prefeitura de Goiânia vai disponibilizar unidades básicas móveis, montadas em carretas, para ficarem estacionadas na porta dos dois hospitais estaduais, que são as unidades que mais sofrem na capital em razão da demanda espontânea. Essa é entendida como a chegada de pessoas às unidades de forma direta, sem passar pela regulação, e um atendimento prévio e encaminhado por outro profissional médico. A explicação é que esses pacientes, que são a maioria no caso do Hecad, ocupam os leitos e as equipes de saúde preparadas para atender casos mais graves, enquanto que, em tese, há atendimento garantido nas unidades básicas, que são municipais.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), “as carretas vão receber pacientes classificados como não urgentes, com fichas azuis e verdes, durante um período de adaptação, a partir da próxima segunda-feira (13)”. Cada um dos veículos é equipado com três consultórios e uma sala de medicação. O objetivo das unidades na frente dos hospitais de referência vai ser o de orientar e encaminhar os pacientes de acordo com a necessidade do caso, “proporcionando atendimento adequado e evitando sobrecarga nos serviços de urgência e emergência, seguindo as diretrizes do Ministério da Saúde”, informa a SMS.
Critérios mais minuciosos
A Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) explica que o protocolo de classificação de risco vai ser reforçada com critérios mais minuciosos nas duas unidades hospitalares. Isso vai ocorrer para que a equipe médica tenha mais informações sobre o paciente e conseguir encaminhar o atendimento no local ou informar sobre a possibilidade de ir para uma unidade básica. A SES-GO reforçou que não se trata de transformar as unidades no que chamam de porta fechada, que é quando não possibilita o atendimento ao paciente espontâneo, apenas daqueles encaminhados por outra unidade de saúde. Nesse primeiro momento, as pessoas vão continuar entrando na unidade. E se a classificação de risco apontar que se trata de verde ou azul, haverá orientação para ir à UBS mais próxima da sua residência, com a indicação de endereço e telefone.
No entanto, se o paciente se recusar a deixar de ser atendido no hospital, não será negado, mas haverá a informação de que ele vai ter de esperar um tempo maior, devido a prioridade aos pacientes mais graves. A tendência, então, é que ocorra uma maior quantidade de atendimentos nas unidades municipais e há uma dúvida se as mesmas suportam essa demanda. No entanto, os secretários municipais da região metropolitana reforçam que as equipes estão prontas para a realização do serviço. O secretário da SMS, Wilson Pollara, garantiu que todas as unidades possuem equipe médica completa escalada. Porém, não houve garantia de que todos os profissionais estarão no local em todos os dias e horários. “O compromisso que estamos assumindo é o de todos, mas depende de pessoas. Tem médicos escalados em todas as unidades, mas se não vão estar ou não forem é um outro problema”, argumentou.
Para o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Goiás (Cosems) a ação vai beneficiar o atendimento secundário e terciário que deve ocorrer nos hospitais, garantindo vagas aos pacientes mais graves, do interior. Cerca de 70% da demanda espontânea dos hospitais é de Goiânia, até pela localização das unidades.