Os pais de Hermes Júnior de Oliveira, de 26 anos, irão prestar depoimento para a Polícia Civil do Estado de Goiás (PC-GO) nesta sexta-feira (25). O rapaz foi morto na noite desta terça-feira (22), em Aparecida de Goiânia, com um tiro na cabeça. A família do jovem afirma que ele foi vítima de uma abordagem desastrosa de policiais penais nas proximidades do Complexo Prisional.
O enterro de Hermes Júnior aconteceu na manhã desta quinta-feira (24), no Cemitério Memorial Parque. Segundo parentes, os pais do jovem, que presenciariam ele levando um tiro na cabeça, estão em estado de choque e indignados com a forma que o filho morreu. “Queremos justiça”, diz Weslley Quirino, produtor musical e primo de Hermes Júnior.
A suspeita é de que os policiais penais tenham confundido o veículo deles com o de criminosos que tentaram arremessar drogas para dentro do presídio. Quando foi morto, Hermes estava com o pai, a mãe e um amigo dentro de um carro nas proximidades do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, onde o pai trabalha. Ele havia ido buscá-lo. De acordo com relatos de familiares, na saída, eles foram abordados pelos policiais, que já teriam chegado atirando.
Em reportagem publicada nesta quinta, o DAQUI mostrou a revolta da família. Parentes relembraram que o jovem era uma pessoa caseira, com os esforços voltados para a família, que vivia corretamente e não tinha nenhuma passagem pela polícia. “É desumano. O carro estava cheio de pedaços da cabeça do meu primo”, contou Weslley. Hermes deixou uma esposa e um bebê de 11 meses de idade.
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PC-GO). O Grupo de Investigação de Homicídios (GIH), de Aparecida de Goiânia, instaurou um inquérito para apurar os fatos. A Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) informou que também instaurou um “Procedimento Disciplinar Administrativo, por meio da Corregedoria da Instituição, para afastamento dos policiais penais envolvidos enquanto o caso esteja sendo apurado.”
Ação Policial
De acordo com familiares, por volta de 22 horas da quarta, Hermes saiu de casa para buscar o pai no trabalho, nas imediações do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. A mãe e um amigo de Hermes estavam acompanhando-o. O pai de Hermes conta que quando saíram, avistaram uma viatura da Polícia Penal que estava totalmente descaracterizada. Como não sabia que se tratava de um carro policial, Hermes manobrou o carro da calçada em direção à rua. Foi quando, segundo relatos, os quatro policiais desceram e proferiram tiros contra o veículo. O amigo de Hermes conseguiu se esconder, mas ele levou um tiro na cabeça. Os pais dele, que estavam no banco traseiro, foram feridos de raspão.
Parentes contam que, neste momento, os policiais voltaram para a viatura e saíram. Com medo, o amigo de Hermes se escondeu em um matagal. O pai e mãe do rapaz colocaram ele, já desfalecido, no banco traseiro do carro e o pai do jovem assumiu a direção do veículo. Eles foram para o Centro de Atenção Integral em Saúde (Cais) Chácara do Governador a procura de atendimento médico. Entretanto, o jovem já estava morto.
Em nota, a DGAP informou que os policiais haviam interceptado “arremesso de ilícitos” por drone e que três pessoas em um carro de cor escura dispararam contra os agentes, que revidaram. Por conta disso, os servidores fizeram um patrulhamento e encontraram um “veículo com as mesmas características”, sendo que “neste momento foi realizada tentativa de abordagem em via nos fundos das unidades prisionais, área de segurança e monitoramento da Polícia Penal, o motorista não atendeu a voz de parada e acelerou com o objetivo de evadir do local”, comunicou.
A DGAP explicou que “por supostamente tratar de um veículo conduzido por indivíduos de alta periculosidade, armados e que teriam atirado contra guarnição de policiais penais, foram realizados disparos de arma de fogo pelos policiais na tentativa de interceptação do veículo em fuga, sendo que o mesmo evadiu do local, sem ser novamente visto pelos servidores.” A diretoria destacou que imediatamente após a ocorrência, os servidores se apresentaram espontaneamente e entregaram as armas na Central de Flagrantes de Aparecida de Goiânia. Os policiais envolvidos não estão presos.
Já a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-GO) enfatizou que “todas as medidas necessárias para a justa elucidação do fato já estão sendo tomadas, tanto administrativamente, quanto criminalmente. Havendo a comprovação de qualquer dos tipos de transgressão, haverá punição com o rigor da lei.”