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Passagem de ônibus custa 15,84% do salário mínimo em Goiânia

Diomício Gomes
Gasto mensal de usuários do transporte em Goiânia é calculado em R$ 223,60

Mesmo com o congelamento do preço da tarifa paga pelo usuário para o sistema de transporte coletivo de Goiânia desde 2019 em R$ 4,30, o deslocamento necessário na cidade ainda custa 15,84% do salário mínimo. O valor corresponde a duas tarifas diárias por 26 dias úteis em um mês, de acordo com estudo que leva em consideração a ida e volta dos trabalhadores no trajeto casa e trabalho.

O índice faz de Goiânia a nona capital do País em que o preço do transporte menos impacta no salário, o que mostra vantagens em relação às demais cidades, mas que o deslocamento ainda pesa bastante no bolso do trabalhador, conforme aponta Fórum de Mobilidade Mova-Se, que realizou a comparação.

O levantamento pondera ainda que Goiânia é o único sistema metropolitano do País, em que os demais são municipais, e também leva em conta o preço médio da tarifa, visto que nem todas as cidades possuem tarifação única como é o caso aqui.

Foram utilizadas informações do Numbeo, um banco de dados mundial sobre custo de vida. Membro do Mova-Se, o subsecretário de Políticas para Cidades e Transporte da Secretaria Geral de Governo (SGG), Miguel Angelo Pricinote, explica que para o estudo não foi levado em consideração as particularidades de cada sistema nas capitais, assim como de Goiânia, como o bilhete Meia-Tarifa, contando apenas o uso de uma passagem de ida e outra de volta, cada uma custando R$ 4,30.

Ele reforça que a ideia foi ter a mesma base de comparação para todas as capitais. “O resultado mostra a importância de segurar a tarifa desde 2019, agora com o pagamento do subsídio. E se o trabalhador utilizar o Passe Livre do Trabalhador (PLT) aí passa a ser o menor impacto do País no salário mínimo”, conta.

O PLT foi um dos benefícios criados pelo sistema metropolitano em 2022, junto com o Meia-Tarifa e o Bilhete Único, com ele a empresa se cadastra e paga R$ 180 por trabalhador e desconta do salário 6%, conforme legislação trabalhista. O usuário, no entanto, passa a ter o direito de usar até oito viagens por dia pelo mês todo, incluindo finais de semana e feriados.

Na conta feita pela Mova-Se, com o uso do PLT e o pagamento de R$ 180 por mês, o impacto no salário mínimo seria de 12,75%. Com o bilhete normal, em Goiânia o custo mensal é estimado em R$ 223,60, ou seja, R$ 43,60 a mais do que com o PLT. Para Pricinote, pela vantagem ao trabalhador, o uso do benefício ainda é baixo, chegando a cerca de 100 mil usuários. “Eu imagino que isso ocorra porque ele ainda é pouco divulgado, porque é bem mais vantajoso”, avalia. Na comparação com o restante do País, a capital do Acre, Rio Branco, é a que possui o menor impacto no salário mínimo, já que possui tarifa média de R$ 3,50, o que gera um índice de 12,89%.

Em seguida, o ranking feito pelo Mova-Se traz as cidades de Macapá (AP), com tarifa em R$ 3,70 e impacto de 13,63%, e Palmas (TO), em que o preço de uma passagem em média é de 3,85, gerando um custo mensal de 14,18% no salário mínimo. As cidades que possuem um custo médio de transporte mais alto entre as capitais do Brasil é Curitiba (PR) e Florianópolis (SC), em que a tarifa média das duas cidades é de R$ 6,00, o que chega a custar 22,10% do salário mínimo de R$ 1.412 ao final do mês. Em Brasília (DF) e Belo Horizonte (MG), com tarifas de R$ 5,50, o impacto mensal também passa de 20%, chegando a um índice de 20,25%.

Para Pricinote, mesmo as capitais brasileiras com menor impacto, na ordem de 12%, o custo para se deslocar para um trabalhador ainda é muito alto no Brasil. “Isso é um problema do nosso transporte público, que é altamente regulado. Por um lado é bom, pois ele é bem organizado e tem um certo padrão no atendimento nas cidades. Mas por outro lado ele é muito tributado e essa carga encarece muito o custo do transporte”, diz. Ele cita como exemplo o pagamento de IPVA pelos ônibus do transporte coletivo e o IPTU que pagam as concessionárias pelas suas garagens, além do custeio de equipamentos dos veículos e combustíveis.

O Mova-Se fez a comparação também entre países da América do Sul para mostrar essa situação do custo do transporte no Brasil. O País ficou em penúltimo dos treze países verificados no continente, com custo médio mensal de 12,77%. Neste caso, o levantamento levou em consideração o salário médio do Brasil e não o salário mínimo. O menor índice é na Argentina com impacto de 3,09%, em dados de 2023.

Redação
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