Um pastor de uma igreja evangélica de Planaltina, Região Entorno do Distrito Federal foi denunciado pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) por desviar verbas da instituição. Segundo as investigações que duraram mais de dois anos, os valores, até então, chegam a quase R$ 232 mil.
Para a Polícia Civil do Estado de Goiás (PC-GO) e MP-GO, quem encabeça o esquema é o pastor presidente Noel Garcia dos Reis, 64 anos. No inquérito aberto pela polícia, os investigadores apontam três formas em que o pastor se aproveitou da situação enquanto gestor da igreja, sendo eles o pagamento de plano de saúde às custas da instituição religiosa, o pagamento de contribuições previdenciárias e a aquisição de imóvel em benefício próprio, dando desfalque ao caixa da igreja, em uma ocasião.
O esquema, considerado criminoso pelos promotores, ocorria dentro de uma das maiores instituições religiosas da cidade, a Assembleia de Deus Ministério Sheknah. O Daqui tentou contato com a igreja para solicitar um posicionamento, mas não obteve êxito até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações futuras, assim como para o advogado da defesa de Noel, pois a reportagem não localizou o contato.
Conforme a inquérito, somente com INSS, Noel Garcia gastou aproximadamente R$ 31 mil, no entanto, a igreja veta esse tipo de pagamento aos funcionários da instituição.
“Sendo assim, não caberia à instituição religiosa efetuar, com os seus recursos, o recolhimento dos valores relativos à contribuição previdenciária de seus membros de ordem religiosa, mas sim estes, por conta própria, assim deveriam proceder”, explicou o promotor Asdear Salinas Macias.
O promotor Asdear Salinas Macias ainda explicou que existe um imóvel, anteriormente de propriedade da igreja, que foi repassado para o nome do sacerdote. Ele teria recebido o imóvel como dívida do ministério.
“A suposta dívida que a instituição religiosa tinha para com o denunciado traduz-se, na prática, em um verdadeiro cheque em branco ao denunciado para justificar os desvios de valores pertencentes à entidade religiosa, travestidos de compensações financeiras de débitos e créditos e/ou pagamento de benefícios das mais diversas naturezas”, pontua o promotor.
No oferecimento da denúncia, o MP-GO também pediu à Justiça de Goiás a autorização da quebra de sigilo bancário e fiscal de Noel Garcia dos Reis e da igreja para apurar se existem mais desvios cometidos pelo pastor em datas anteriores a das investigações. O MP alegou na denúncia que o pastor se apropriou, de maneira indevida, dos valores pertencentes à igreja.
O período solicitado pelos promotores é de maio de 2015 a março de 2023.“O objetivo do presente pedido é permitir a realização de todas as diligências necessárias junto às instituições financeiras, com o consequente afastamento do sigilo bancário, e com as demais providências correlatas que se fizerem úteis, a fim de identificar os valores ilegalmente auferidos/desviados pelo investigado/denunciado em desfavor da entidade religiosa”, apontou o promotor.