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Pastor é indiciado por sequestro de mulher internada em clínica contra a vontade dela

Polícia Civil
Pastor Alécio teve seu nome citado em três sequestros em 2023

A Polícia Civil indiciou o pastor Alécio Gomes Vieira Júnior, de 42 anos, por sequestro e cárcere privado de uma mulher de 41 anos cujo marido queria que fosse internada para tratar de dependência química contra a vontade. É o primeiro inquérito concluído dos três casos em que o nome do pastor foi citado na Justiça, ao menos neste ano, por internação forçada e criminosa de usuários de drogas.

Alécio está preso desde 6 de agosto, cinco dias após a Polícia Civil ter deflagrado uma operação contra uma clínica ilegal em Abadia para a qual ele prestava serviços. A ação policial se deu após a morte de uma pessoa em Posse após uma tentativa frustrada de uma equipe da clínica sequestrá-la para levar ao estabelecimento. Na ocasião, cinco pessoas foram presas, mas o pastor não foi localizado imediatamente.

O pastor também teve o nome citado por três pessoas presas em flagrante em fevereiro, em uma rodovia saindo de Aruanã, com um guarda civil de Goiânia para interná-lo a pedido da família em uma clínica no Jardim América, na capital. Na delegacia, os três disseram que fizeram o serviço a mando de Alécio, cujo nome, entretanto, ainda não consta como suspeito no processo. Para forçar o guarda a entrar no carro eles se passaram por policiais civis.

No inquérito remetido à Justiça concluído, o pastor foi flagrado ao volante no dia 15 de junho por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no KM 609 da BR-153, em Morrinhos, junto com Dennys Alves Queiroz, trazendo a vítima amarrada no carro de Uberlândia até uma clínica em Abadia de Goiás. A mulher foi vista gritando por socorro após passar pela praça de pedágio em Itumbiara.

Na abordagem, segundo os agentes, Alécio disse que estava levando a mulher para ser internada a pedido do marido dela e negou qualquer irregularidade, mesmo a vítima estando amarrada. Já Dennys disse que apenas acompanhava o pastor. Também aos policiais a mulher contou que estava ali contra a vontade e que chegou a entrar em luta corporal contra os dois suspeitos.

Em depoimento na delegacia, a vítima contou que era usuária de cocaína e havia brigado com o marido um dia antes e foi para a casa da mãe. Na manhã seguinte, Alécio, Dennys e o marido entraram na residência e a colocaram no carro. Como ela estava apavorada, Alécio chegou a parar o veículo em uma estrada vicinal para que Dennys desse um mata-leão na vítima e a obrigasse a tomar comprimido.

Já Alécio e Dennys, na delegacia, preferiram ficar em silêncio. Ambos chegaram a ser presos na ocasião, mas foram soltos após pagarem, cada um, fiança de R$ 1,3 mil. O caso ficou com o delegado Fabiano Henrique Jacomelis, da Delegacia de Morrinhos

Morte de dependente químico

Dennys também é citado no processo que apura a morte do usuário de drogas, um homem de 34 anos, em Posse, no dia 2 de junho. Assim como a mulher, a vítima no nordeste goiano recebeu um mata-leão para ser contida e não resistiu.

Dos três casos, apenas o da vítima de Posse resultou em uma operação na clínica em que o pastor atuava. Com isso, 38 pessoas em cárcere privado foram libertadas. Segundo a polícia, as abordagens aos usuários ocorriam a pedido de familiares, mediante pagamentos que variavam de R$ 2 mil a R$ 5 mil mensais. No de Posse e de Aruanã, os parentes não estavam juntos e os funcionários das clínicas se passaram por policiais civis.

Em fevereiro, quando seu nome apareceu pela primeira vez envolvido neste tipo de crime, o pastor contou ao jornal que fazia “este tipo de serviço” a pedido de familiares. “Busco o paciente onde ele estiver e deixo ele dentro da clínica”, enfatizou ao jornal.

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