A conta de um usuário de um aplicativo de comida que reclamou de um entregador por ele ser “negro”, na madrugada desta sexta-feira (21), em Goiânia, é de um adolescente de 15 anos. A defesa do jovem, porém, afirma que o perfil teria sido clonado e que não foi o garoto que enviou a mensagem para o estabelecimento.
Em entrevista para o POPULAR, a advogada Fabiana Castro diz que desde dezembro foram registradas no perfil do adolescente compras feitas em Itaquaquecetuba, em São Paulo, em Aracaju, no Sergipe, e em Penedo, em Alagoas, locais que o jovem nunca teria ido.
Ainda de acordo com a defesa, o jovem inclusive já presenciou casos de racismo na infância com o próprio pai, que é negro. “Conversando com ele dá pra perceber que não é o perfil dele (fazer esse tipo de comentário)”.
A advogada também alega que o comentário “não tem lógica”, uma vez que o entregador é branco.
O caso aconteceu na madrugada de sexta-feira (21). O jovem pediu um açaí pelo aplicativo de comida e o recebeu na casa onde mora, na capital goianiense. Posteriormente, uma avaliação negativa do estabelecimento, com o comentário “entregador negro”, foi feita pelo perfil do adolescente.
O próprio restaurante respondeu ao comentário e divulgou nas redes sociais. O caso gerou revolta nos entregadores de aplicativo, que se reuniram em uma manifestação na porta do prédio onde o jovem mora.
Em entrevista ao G1, o entregador que sofreu o caso de racismo, Cleiton Cruvinel, de 41 anos, contou que não é negro, mas que ficou constrangido com a situação. “O rapaz desceu e senti que ele me olhou indiferente. Quando voltei para a lanchonete vi o comentário no aplicativo. E olha que não sou negro, mas estava de máscara. Muito constrangedor. Estou abalado”, disse ao portal.
O Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri), da Polícia Civil (PC), está investigando o caso. A previsão é que o entregador seja ouvido na segunda-feira (24). O jovem já prestou depoimento na sexta-feira (21), na presença da mãe.
