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Pilotos da FAB em Anápolis são preparados para pilotar Gripen

Sargento Müller Marin / Força Aérea
F-39E Gripen: dois exemplares foram incorporados à FAB. Aeronave voa a até duas vezes a velocidade do som

A chegada ao Brasil, no dia 1º de abril último, das duas primeiras aeronaves de caça F-39 Gripen, é festejada pela Força Aérea Brasileira (FAB) como uma nova era para a defesa aérea do País. Os supersônicos, adquiridos pelo governo brasileiro da empresa sueca Saab, estão em fase de testes no interior paulista antes de, efetivamente, entrarem em operação. Enquanto isso, os futuros pilotos passam por treinamento físico na Universidade Evangélica de Anápolis (UniEvangélica) para suportar a carga gravitacional dos novos caças.

“Os pilotos do primeiro grupamento que foram submetidos ao teste de carga gravitacional na Suécia foram muito elogiados em função da condição física”, comemora o diretor do curso de Educação Física da UniEvangélica, professor doutor Iransé Oliveira Silva.

Convênio neste sentido foi assinado entre a Associação Educativa Evangélica (AEE), mantenedora da universidade, e a FAB no fim de 2019, mas em razão da pandemia da Covid-19, as atividades foram implementadas somente no início de 2021. Após quatro meses de treinamento na academia da instituição, os pilotos seguiram para o país nórdico para o teste da centrífuga no Aeromedical and Survival Training. Outro grupo viajou no início deste ano.

“O Brasil não possui um equipamento desses, que mede a condição física do piloto diante da força gravitacional”, explica o professor, que pesquisou sobre o tema para a tese de doutorado dele. Na época, o objeto de estudo eram os caças Mirage que, da mesma forma, provocam alterações autonômicas em função da carga de gravidade. “Quem não tem preparação física adequada, não consegue suportar.” Nos caças, a força gravitacional chega a nove vezes a força da gravidade.

Todo o treinamento físico é executado sob criteriosa supervisão da FAB. A instituição militar não permite a divulgação de imagens e mantém sigilo sobre o número de pilotos em formação. A iniciativa é uma demanda da Comissão de Desportos da Aeronáutica (CDA) e da própria Saab, fabricante da aeronave. Iransé Oliveira Silva detalha que os pilotos são submetidos a exercícios de força, em especial na região cervical, que sente mais o impacto, e nos membros inferiores por causa do retorno venoso.

“As pessoas não têm noção do que é essa força. Um indivíduo que pesa 100 kg possui uma cabeça que pesa 9 kg. Se ele for submetido a 9G é como se a cabeça tivesse 81 kg e o corpo terá de suportar 900 kg durante 10 ou 12 segundos. Daí a importância do treinamento de força”, explica o professor Iransé Silva.” Ele detalha que a força gravitacional (força G) acelera a massa corporal contra o movimento, por isso o organismo precisa ser preparado para suportar esta carga. Embora venha atuando em parceria com a FAB desde 2013, esta é a primeira vez que a UniEvangélica assume a responsabilidade pelos treinamentos físicos de pilotos de aeronaves de caça.

“Para nós é importante porque estamos demonstrando aos profissionais em formação a funcionalidade da condição física em um ramo específico da aviação de alta performance. Já temos teses de doutorado e artigos publicados sobre o tema e novos conhecimentos serão gerados. Entretanto, o que estamos buscando na academia é que este trabalho também faça diferença na comunidade, nesse caso, para os pilotos. Por outro lado, é importante servir o País nesta preparação”, afirma Iransé Oliveira Lima.

Presidente da AEE e chanceler da Unievangélica, Augusto César Rocha Ventura não esconde o entusiasmo com a parceria. “As atividades executadas colocam a instituição dentro de um ambiente de desenvolvimento tecnológico, fomento a pesquisas e promoção do conhecimento. A AEE estará sempre à disposição para outras iniciativas como esta.” Para o reitor da Unievangélica, Carlos Hassel Mendes, envolver a academia neste momento da história da aviação militar, foi uma ideia acertada porque fortalece a instituição. “A UniEvangélica sempre estará ao lado do desenvolvimento da ciência.”

 

Duas aeronaves já foram incorporadas

Considerado um dos mais modernos caças do mundo, o F-39 Gripen começa a chegar ao Brasil por força de um contrato assinado entre o Governo Federal e a empresa sueca Saab em 2014 para o desenvolvimento e produção de 36 aeronaves, incluindo sistemas embarcados, suporte e equipamentos. As plataformas são desenvolvidas e produzidas com a participação de técnicos e engenheiros brasileiros. A integração faz parte da transferência tecnológica e visa a proporcionar o conhecimento necessário para a continuidade das atividades no Brasil. 

Uma aeronave F-39 Gripen chegou ao Brasil em 2020 de navio como unidade de testes para a continuidade em solo brasileiro dos ensaios iniciados no país escandinavo. Também por mar, vieram as outras duas de série que chegaram no porto de Navegantes, em Itajaí (SC) no primeiro dia de abril deste ano. Já no dia 22 foram incorporadas oficialmente à frota da FAB, em solenidade no Dia da Aviação de Caça. Segundo a Assessoria de Imprensa da FAB, desde então, elas vêm realizando voos de teste a partir do Centro de Ensaios em Voo da Embraer, em Gavião Peixoto (SP).

Durante as comemorações, foi anunciada a autorização para a compra de mais quatro F-39 Gripen, totalizando 40 unidades do programa F-X2 que prepara a substituição de toda a frota de aeronaves de caças da FAB. A expectativa é que outras duas unidades cheguem ao Brasil ainda em 2022. Dos 40 caças previstos, 13 serão totalmente fabricados na Suécia, oito terão a produção iniciada naquele país e concluída no Brasil. Os demais, serão fabricados integralmente no Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen, na Unidade da Embraer, em Gavião Peixoto (SP).

As duas últimas edições da revista Aerovisão, da FAB, dedicam amplos espaços aos caças F-39 Gripen. Os supersônicos, que atingem duas vezes a velocidade do som e suportam nove vezes a força da gravidade durante as manobras, terão o centro de operações na Base Aérea de Anápolis (BAAN), que vem recebendo adaptações. Além da reforma do prédio do Primeiro Grupo de Defesa Aérea, unidade operadora do Gripen, também o espaço aéreo e seus arredores foi revisto para ampliar a área de treinamento. 

De acordo com a Aerovisão, o Gripen possui um complexo sistema de combate e funcionalidades. Ele é considerado um caça multifuncional, podendo executar missões de defesa aérea, de ataque e de reconhecimento no mesmo voo, sem necessidade de retorno à base. O caça é conhecido pela eficiência, baixo custo de operação e alta tecnologia. “A sua entrada em serviço trará um importante salto qualitativo e tecnológico, com alguns dos recursos embarcados até então inéditos para a FAB”, enfatiza a assessoria da instituição militar. 

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