No dia 10 de fevereiro, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos), durante o evento para o lançamento do Bilhete Família para o sistema de transporte coletivo da região metropolitana de Goiânia, anunciou que em 20 dias seria retomada a passagem dos ônibus pela Avenida Goiás, no Setor Central da capital. Quinze dias além do prazo prometido, a avenida segue sem receber o serviço, o que já ocorre desde julho de 2019, quando houve a mudança na operação para que fossem realizadas as obras do corredor exclusivo BRT Norte-Sul na via.
Além disso, a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) informa que não há previsão para que a operação retorne à avenida. Segundo o órgão executivo do sistema metropolitano, “para os ônibus circularem na Avenida Goiás está dependendo da entrega do Terminal Rodoviário, do alargamento do Corredor BRT e a semaforização nos trechos entre as avenidas: Goiás com Independência e Leste/Oeste”. Ocorre que, no mesmo evento citado, Cruz já assinou o termo de cessão do terminal para a CMTC.
O local foi dado como pronto pela Secretaria Municipal de Infraestrutura, responsável pelas obras do BRT Norte-Sul, do qual o terminal faz parte. “O terminal dará condições de receber esses ônibus que vêm do Terminal Isidória, passando pelo Terminal da Rodoviária e subindo pela Avenida Goiás Norte até o Setor Recanto do Bosque, beneficiando uma grande parcela da população de Goiânia”, disse o prefeito na ocasião.
Com a cessão para a CMTC, passa a ser permitida a ocupação do local por parte do consórcio das empresas concessionárias do sistema metropolitano. A ação promove, a partir de então, a instalação de equipamentos como catracas, telões informativos, placas e outros equipamentos de uso para a operação. Já a semaforização mencionada, se refere ao trecho do entorno da Praça do Trabalhador, no sentido Centro para o Setor Urias Magalhães, em que será necessária a instalação de equipamentos para coordenar o tráfego dos ônibus e do trânsito em geral nas três avenidas.
Sobre o alargamento do corredor central, isso deve ocorrer apenas com o fim das obras do BRT Norte-Sul, o que está previsto para o dia 30 de junho, de acordo com o cronograma divulgado pela Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) no início deste mês. A operação do BRT está prevista para até o final de julho, segundo a promessa do prefeito. As obras do corredor estão focadas, no entanto, na Praça Cívica, com a concretagem de três plataformas no local, ou seja, sem ações na Avenida Goiás, o que só vai ocorrer com a finalização do serviço que está sendo realizado.
Comércio
Sobre a Avenida Goiás, o prefeito Rogério Cruz afirmou em fevereiro que a liberação prometida para dali a até 20 dias atendia a “uma importante solicitação dos comerciantes e dos moradores da região central da cidade”. O presidente de honra da Associação Comercial e Industrial do Centro de Goiânia e Adjacências (ACIC), Uilson Manzan, afirma que apenas na gestão Rogério Cruz, ou seja, desde 2021, os comerciantes da avenida já receberam pelo menos seis promessas de retorno dos ônibus sem qualquer cumprimento ou ação nesse sentido,
“Já são mais de três anos sem ônibus aqui, muitas empresas estão fechando pela falta de movimento na principal avenida do Centro de Goiânia”, diz Manzan. Ele cita que neste período, desde 2019, já houve o fechamento até mesmo três bancos na Avenida Goiás, o que reforça a queda de movimento na região. “Fica sem ônibus, aí os bancos fecham, os estacionamentos também e as lojas”, ressalta ele, que confirma ter feito o pedido ao prefeito para a retomada da operação dos ônibus convencionais na avenida.
Até o dia 8 de julho de 2019, estavam em operação na Avenida Goiás os veículos das linhas 002, 003, 006, 007, 013, 029, 167, 169 e 187. Após esta data, de acordo com a CMTC, as linhas foram desviadas para a Avenida Tocantins, quando fazem o itinerário no sentido região Norte para a Praça Cívica, e para a Avenida Araguaia, quando trafegam no sentido Praça Cívica para a região Norte de Goiânia. Manzan entende que, na prática, os comerciantes e moradores da Avenida Goiás perderam muito com esta mudança.
Para ele, mesmo com a mudança de itinerário nas avenidas paralelas e vizinhas, na maior parte dos casos, o trajeto fica mais longo e difícil para os usuários, que acabam que não frequentam mais a Avenida Goiás, sobretudo porque boa parte da via ainda segue em obras, justamente do BRT Norte-Sul. Manzan cita ainda que as promessas da Prefeitura de Goiânia se repetem desde o começo da gestão enquanto as obras do BRT Norte-Sul não são finalizadas.
“O pior é que você pode vir aqui na Avenida Goiás qualquer hora do dia, em qualquer dia da semana, que não vai ver ninguém trabalhando nessa obra. Ou os funcionários estão parados sentados, só olhando por aqui, ou nem aqui estão”, diz. Ele afirma que deve se reunir novamente com o prefeito Rogério Cruz para reivindicar o retorno dos ônibus à avenida.