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Preço do metro quadrado em Goiânia tem média de R$ 7.496 em maio

Fábio Lima
Henrique Campelo, gerente comercial da Euro Incorporações: agronegócio e pandemia contribuíram para diminuir a defasagem nos preços de imóveis em Goiânia que se manteve até 2019

Pela primeira vez, Goiânia passou a figurar no ranking das dez capitais brasileiras com preços médios de imóveis mais altos. No último mês de maio, o valor do metro quadrado na capital estava em R$ 7.496, o décimo maior do País, depois de uma alta acumulada de 14,2% nos últimos 12 meses, a maior entre as capitais pesquisadas, segundo o índice FipeZap. Entre os motivos, estão a alta nos custos da construção, terrenos mais caros, empreendimentos de melhor padrão, mudanças no Plano Diretor e a maior demanda.

O Índice FipeZap de Venda Residencial acompanha a variação do preço médio de apartamentos prontos em 50 cidades brasileiras, com base em anúncios veiculados na internet. O coordenador do índice FipeZap, Alisson Oliveira, lembra que milhares de anúncios são coletados mensalmente para medir a evolução dos valores praticados. Segundo ele, o comportamento dos preços está muito relacionado à oferta e demanda, sendo que a demanda é mais volátil e varia muito nos 30 meses entre o lançamento do empreendimento e a entrega das chaves. 

“A demanda por imóveis varia conforme fatores econômicos e demográficos, como renda, mercado de trabalho, construção de novas famílias e aumento populacional”, explica o coordenador. Com mais renda, pessoas compram e financiam mais. “Goiânia é uma das capitais onde a renda mais cresceu e uma cidade com aumento da população, enquanto outras capitais têm redução”, destaca. O aumento da renda está ligado à expansão do agronegócio.

Valorização

Além disso, segundo Oliveira, a cidade ainda tem um preço do metro quadrado razoável e mais fôlego para valorização, com a pujança do mercado imobiliário. “É uma capital que, na média, ainda é acessível, diferente de outras com regiões muito valorizadas e onde uma quantidade muito reduzida da população consegue ter acesso a áreas mais valorizadas”, avalia.

Para o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Felipe Melazzo, o FipeZap traz um dado importante: o quanto o mercado local está saudável, com os imóveis usados acompanhando a valorização dos novos. Ele lembra que o preço do metro quadrado em Goiânia era muito barato na comparação com outras capitais e havia uma grande defasagem, que está sendo corrigida.

A pandemia potencializou este aumento, com a alta no custo das matérias-primas. “Agora, a alta é na mão de obra, o que se reflete nos preços dos imóveis em construção. Mas a valorização está maior que a alta de custo. Quem compra, vê no bolso”, destaca Melazzo. Ele lembra que os terrenos também estão cada vez mais escassos e caros. Outro impulso veio da mudança no Plano Diretor, que reduziu o adensamento em algumas áreas na cidade, deixando os projetos mais caros em bairros mais demandados pela boa infraestrutura.

A tendência é que o metro quadrado em Goiânia continue se valorizando. O acréscimo foi de 23% em 2022, 18% em 2023 e mais 5% no primeiro trimestre deste ano. “Para quem pensa em comprar, a hora é agora, pois não deixará de fazer bom negócio. A valorização continuará acima de qualquer investimento e a tendência é de taxas de juros mais atrativas na entrega do empreendimento”, prevê o presidente da Ademi-GO.

Henrique Campelo, gerente comercial da Euro Incorporações, lembra que, até 2019, Goiânia tinha um dos menores valores entre as cidades pesquisadas pelo FipeZap. Mas o agronegócio veio se destacando e ajudou a gerar um aumento na renda, fazendo o dinheiro circular mais e movimentando o comércio e serviços na capital e interior, onde os preços dos imóveis também estão subindo.

Segundo ele, a valorização do metro quadrado em Goiânia foi natural, crescente e sustentável, ou seja, não foi provocada por um evento pontual, como Copa do Mundo, que poderia gerar especulação. “Na pandemia, o INCC subiu muito e as incorporadoras não tiveram outra opção a não ser subir preços, mesmo com o risco de desaquecimento do mercado, mas o cliente absorveu bem porque havia uma defasagem”, lembra.

Assim, a pandemia teria ajudado a recuperar essa defasagem na cidade, que sempre foi referência em imóveis baratos. “Está ficando mais difícil achar terrenos melhores para construir, pois eles estão inflacionados, principalmente em frente a parques”, destaca. Por isso, a Euro migrou seus empreendimentos para a região a leste da BR-153, visando entregar produtos mais condizentes com valor de mercado e com diferenciais como vista definitiva e menor adensamento. Apartamentos na região, que custavam R$ 400 mil em 2019, hoje estão na faixa dos R$ 900 mil.

Custo de construção

Para Fernando Razuk, CEO da Somos Desenvolvimento Imobiliário, esta valorização é reflexo de crescimento da economia. O PIB de Goiás cresceu 6,1% e o do Brasil 2,9% no ano passado. “Do Censo 2010 para cá, a população brasileiros cresceu 7% e a de Goiás 19%. Isso mostra o quanto o estado está pujante, crescendo população e economia”, ressalta.

Mas, segundo ele, isso também é reflexo da alta no custo de construção, como o da mão de obra, com muitas obras acontecendo ao mesmo tempo, e dos efeitos do Plano Diretor, que começam a ser sentidos agora, com preço subindo nas regiões mais valorizadas. “O mercado de novos geralmente sobe primeiro, com o aumento da demanda e dos custos, puxando os preços dos usados”, destaca.

Razuk conta que, nos últimos meses, também houve um forte aumento da demanda por imóveis. Entre os motivos, estão a taxa juros mais baixa, com concessão mais abundante de crédito, e uma certa instabilidade política e econômica, que atraiu mais investidores para o mercado de imóveis.

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