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Preços de alimentos do dia a dia sobem até 172% em Goiânia

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Preço de alimentos básicos como tomate e alface tiveram alta expressiva em um ano

Os preços dos alimentos comuns no dia a dia dos brasileiros tiveram um salto que representa os efeitos da inflação na mesa. Em Goiás, de acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE, há itens que mais do que dobraram de valor em um ano na capital goiana. 

Entre o que mais teve aumento de abril deste ano para o mesmo mês de 2021, aparece a disparada da cenoura (172,91%) e do tomate (115,25%). Se para montar o comum “prato feito” era preciso gastar R$77, o valor passou a R$100 em Goiânia, conforme média de aumento captada pelo IBGE. 

Neste prato que muitas famílias têm costume de preparar, o único item que teve redução foi o arroz (-11,53%). Além do tomate,  os outros componentes tiveram aumento: feijão (7,32%), carne bovina – alcatra – (9,98%), alface (6,22%), ovo (13,38%) e batata (66,07%).   

Oferta
O que tem pressionado os valores praticados no mercado, como explica o coordenador Institucional do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Leonardo Machado, é a redução da oferta. “Produtos mais perecíveis como tomate e cenoura são prejudicados pelo frio, a batata também, o que prejudica a oferta no mercado”, pontua sobre alta que pode continuar.  

Sobre movimentos que ocorrem ao longo do ano, o especialista pontua que o feijão, por exemplo, tem tido uma queda constante de área plantada, sofre com geadas em estados como Minas Gerais e São Paulo e isso prejudica também a quantidade disponível no mercado, o que termina por fazer subir o preço. 

A seca também influenciou desde 2021 os valores dos alimentos. Um dos exemplos é o café, que teve alta de 71,02%, e foi prejudicado pelo clima. “O Brasil é o maior produtor, mas, como quebrou a safra passada, ainda há reflexo.” 

Por outro lado, commodities como a carne têm impacto de flutuações cambiais. Já o arroz, que foi alimento que já esteve em alta, a produção aumentou. “Por isso, respondeu com redução de preço e chegamos ao cenário de hoje.  Naquela época, o aumento estimulou o crescimento da produção.”

Cenário futuro
Com alimentos básicos em alta, há preocupação com o cenário futuro. No campo, custos elevados em mais de 100% em insumos, especialmente dos fertilizantes, mantém o alerta. “Isso tem pressionado o setor produtivo rural, além da questão cambial há a guerra na Ucrânia e isso preocupa produtores para a próxima safra.” 

Assessor de Investimento da Blue 3, Bruno Malheiros pontua que já há expectativa de aumento da inflação dos alimentos. “A XP revisou para 9,2% a expectativa de inflação em 2022 (a previsão anterior apontava para 7,4%). Para o ano que vem, a estimativa é de que na parte de alimentos da inflação cresça 3,5%”, ressalta.  

Ele avalia que a inflação alta a nível global é um ponto de preocupação, além disso lembra que a quebra de cadeias durante a pandemia ainda não perdeu o efeito sobre o preço de diversos itens. “Além disso, há o agravante da guerra e a alta dos combustíveis, que faz parte da composição do preço dos alimentos.”  Os custos de serviços também é outro ponto que destaca como explicação para alta da inflação. 

Como o salário muitas vezes não acompanha essas altas, ele ressalta a importância de avaliar se há reajustes ou rendimentos acima da inflação. “É isso que conta no fim do dia. E a inflação não é igual para todos, temos que lembrar que é uma média. É preciso pesquisar, substituir alimentos para montar uma cesta nutritiva gastando menos possível.” 

Evolução dos alimentos em Goiânia 

Veja variação de preço de abril de 2021 para a abril de 2022

Prato feito 
Arroz: -9,41%
Feijão carioca: 7,32%
Batata inglesa: 66,07%
Tomate: 115,25% 
Alface: 6,22%
Alcatra: 9,98%  
Ovo de galinha:13,38%

Os preços que mais caíram e os que mais subiram 

O que mais subiu 
Cenoura: 172,91%
Tomate: 115,25%
Repolho: 98,33%
Café moído: 71,02%
Batata inglesa: 66,07

O que ficou mais barato 
Arroz: -9,41%
Alho: -764%
Banana maçã: -7,05
Batata doce: -4,47
Laranja pêra: -2,41

Fonte: IPCA-IBG

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