Enquanto realiza a reforma no pavimento asfáltico da Avenida Anhanguera por decisão judicial, a Prefeitura de Goiânia tem analisado projetos e propostas para a revitalização total da via programada para 2023. Os técnicos do Paço Municipal já possuem ao menos quatro modelos de transporte coletivo público de massa para a implantação em conjunto com a requalificação urbana dos 14 quilômetros da avenida. No entanto, uma decisão sobre o espaço passa por um acordo com o Estado de Goiás, que detém a concessão do Eixo Anhanguera com a Metrobus.
A última busca da prefeitura para analisar sua implantação no Eixão é do aeromóvel. Uma viagem de representantes das secretarias municipais de Infraestrutura, Relações Institucionais e Mobilidade a Porto Alegre (RS) no final de maio contou com a presença do Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR) para verificar o funcionamento do modal na capital gaúcha. O aeromóvel é um tipo de veículo leve elevado em plataformas suspensas a 12 metros de altura, que se locomove através de trilhos e com propulsão de ar. É necessário o uso de energia elétrica para o funcionamento de ventiladores estacionários que criam o ar.
O modal é de tecnologia brasileira e a vantagem seria ter a possibilidade de um alargamento das vias, já que o espaço junto ao solo é menor. Com isso, ao nível do chão, poderia haver a implantação de calçadas mais largas ou o aumento das faixas para os veículos particulares sem o incômodo ao transporte coletivo. A estimativa é que a instalação do modelo ao longo do Eixão custe cerca de R$ 1 bilhão, mas haveria um menor custo de manutenção a longo prazo. No entanto, neste valor não estaria contabilizada a requalificação do restante da Avenida Anhanguera.
A Secretaria Municipal de Relações Institucionais garante que a viagem realizada à Porto Alegre “teve caráter técnico para conhecer o sistema de gerenciamento de modais de transporte” e que as informações “servirão, em um futuro próximo, para aplicação em projetos de infraestrutura e mobilidade na nossa capital”. A reportagem apurou que o Paço Municipal pretende fazer uma grande obra na Avenida Anhanguera, mas é necessário que o governo estadual opte por devolver a concessão do Eixo para a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), o que já é permitida pela lei que remodelou o sistema em dezembro de 2021.
Ao longo do ano passado, o Paço busca modelos a serem aplicados na avenida. Antes do aeromóvel, o Paço já chegou a verificar projetos como a instalação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que assim como o aeromóvel se locomove a 80 quilômetros por hora (km/h). No entanto, a análise financeira do projeto demonstrou que a sua implantação atualmente, nos mesmos moldes do projeto de 2014 no governo Marconi Perillo (PSDB), chegaria a R$ 2,3 bilhões. Naquela época, o custo era calculado em R$ 1,4 bilhão. A dificuldade em obter essa verba é o que mais dificulta a continuidade do projeto, que teria investimento do governo federal.
Elétricos
O governo estadual, por outro lado, mantém a intenção de colocar apenas os ônibus elétricos rodando pelo Eixo Anhanguera. A Metrobus divulgou edital em abril para a locação de 114 ônibus ao custo de R$ 1,46 bilhão em contrato previsto para durar 16 anos. O Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO) questionou o processo, que foi suspenso em junho. De acordo com a concessionária, “a Metrobus ainda não recebeu o retorno do TCE para poder realizar o processo licitatório da contratação dos ônibus elétricos que vão atender os usuários do Eixo Anhanguera”.
Sobre o futuro do Eixo Anhanguera em 2023, a Metrobus informa que “a discussão operacional do Eixo hoje concentra-se nos ônibus elétricos e não mais num projeto de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT)”. Secretário da Secretaria Geral de Governo do Estado de Goiás (SGG), Adriano da Rocha Lima, garante que o Veículo Leve sobre Pneus (VLP), com uso de energia elétrica, é o modelo escolhido pelo governo para o futuro da Avenida Anhanguera. “A gente já discutiu modelos com a prefeitura sim, mas para a gente está pacificado com o uso dos ônibus elétricos”, diz.
Ele afirma que a entrega da concessão do Eixo para a CMTC, juntamente com as ações da Metrobus, é algo que será feito, mas não de forma urgente. Ele ressalta, porém, que isso não altera a participação do Estado na decisão sobre o futuro do Eixão, já que o governo também faz parte do órgão metropolitano, na mesma proporção que o Paço Municipal. Ele conta que já há um projeto de revitalização da Avenida Anhanguera que deve ser feito no próximo ano, além da requalificação asfáltica que está em andamento.
O custo é orçado em cerca de R$ 500 milhões e inclui e renovação das calçadas e vias, além de colocação de trechos para bicicletas e reforma e modernização dos terminais de transporte coletivo. “O Estado quer participar disso, inclusive com recursos, e estamos conversando sobre como executar isso.”