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Prefeitura de Goiânia cancela sorteio de bancas da Feira Hippie

Wesley Costa
Organização de barracas na Praça do Trabalhador: montadores pediram prazo para realizar transição

A Prefeitura de Goiânia cancelou o sorteio que seria feito para decidir onde as bancas dos comerciantes que atuam na Feira Hippie iriam ficar na Praça do Trabalhador. Agora, os feirantes vão se organizar espacialmente da mesma maneira que faziam antes do início da reforma da praça, utilizando o mapa histórico. A mudança da Feira Hippie do local improvisado onde está desde o segundo semestre de 2019 para dentro da Praça do Trabalhador começa no próximo fim de semana.

A decisão foi tomada nesta sexta-feira (21) em uma reunião do grupo de trabalho que trata do assunto. Ele é composto por pastas da Prefeitura e por associações que representam os trabalhadores. Na última quarta-feira (19), após uma reunião com feirantes, o titular da Secretaria de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec), Silvio Sousa, informou que o local onde cada banca ficaria posicionada na praça seria decidido por um sorteio. Entretanto, os comerciantes se mostraram insatisfeitos com a decisão.

A volta dos feirantes para a Praça do Trabalhador ocorre após as intervenções estruturais na Rua 44. Os comerciantes que tinham bancas na rua foram realocados para dentro da praça. Porém, nos dias 8 e 9, houve uma confusão motivada pela disputa entre feirantes regulares e irregulares por qual espaço cada um iria ocupar na praça. Então, no último fim de semana, a Sedec promoveu uma votação entre os feirantes. O retorno para a praça, mesmo com ela ainda em obras, venceu por 794 votos a favor, contra 626 votos pela permanência na localização improvisada até o fim de 2022

Organização

Na reunião desta sexta, a Sedec propôs aos feirantes que, em vez do sorteio, eles organizassem as bancas conforme os produtos que vendem: lingeries, alimentos, vestuário esportivo, entre outros. Entretanto, a setorização não foi aprovada. “Vamos voltar a feira às origens”, explica o titular da Sedec.

Mesmo com as mudanças feitas no desenho da praça após as obras, Sousa diz que a adaptação do mapa histórico ao novo formato é factível. “É possível. As alterações não foram tão grandes.”

No novo projeto arquitetônico, a feira contará com 13 blocos de 15 bancas, cada. Ao todo, a feira terá em torno de 3,7 mil bancas. Entre os blocos, haverá 15 corredores (que podem chegar a 16). As bancas serão ordenadas em quadras, que serão separadas por ruas (passeio dos pedestres). Atualmente, de acordo com informações da Sedec, a Feira Hippie conta com 2,8 mil feirantes, entre regulares e irregulares. Outro tópico discutido na reunião foi a reserva de uma área para instalação de outros equipamentos, no futuro, como uma brinquedoteca e um espaço para animais de estimação. “Os feirantes foram a favor. Esse espaço já está incluso na contagem das 3,5 mil bancas”, esclarece Sousa.

Transferência

A reforma da Praça do Trabalhador, que é conduzida pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), tem previsão de término em dezembro deste ano. Até lá, a praça passará por adaptações para receber os feirantes. O lado voltado para a Avenida Goiás, por exemplo, está sem calçamento e deverá receber brita para que os feirantes que forem ocupá-lo não sejam prejudicados. Apesar da transferência das bancas começar já no próximo fim de semana, elas não serão realocadas todas de uma vez. “Alguns montadores pediram mais tempo”, destaca Sousa. A padronização das bancas também será feita de forma gradual, até que a reforma da praça seja concluída.

Associação apoia posicionamento

As associações que representam os trabalhadores da Feira Hippie consideram positiva a decisão da Prefeitura de Goiânia de cancelar o sorteio dos espaços onde cada banca ficaria posicionada na Praça do Trabalhador. “Sentimos que a situação está mais pacificada. Os feirantes estavam muito tensos com essa possibilidade”, afirma Waldivino da Silva, presidente da Associação dos Feirantes da Feira Hippie. Ele conta que na reunião realizada nesta sexta-feira (21), a Secretaria de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec) apresentou o modelo arquitetônico da feira e garantiu que todos os feirantes irão caber dentro do espaço. “Estamos mais satisfeitos”, explica. 

O problema em relação ao sorteio girava em torno do fato de que os feirantes que têm bancas na região mais próxima da Rua 44 não querem sair de onde estão. Eles consideram o local melhor para as vendas. “Não vou lá para trás (região da praça próxima a Avenida Goiás). Não vou sair daqui de jeito nenhum”, reclamou Maria das Dores de Melo, de 53 anos, ao POPULAR nesta quinta-feira (20). Desde 2022, a feirante vende camisetas em uma banca da Feira Hippie que é voltada para a Rua 44.

O diretor da Associação Luta pela Feira Hippie, Ronnie Inácio Leão, também tomou a decisão como proveitosa. “Tinham inúmeros feirantes me ligando preocupados em perder o ponto com mais de 20 anos que eles tinham virado para a 44. Agora, poderemos trabalhar mais tranquilos e em paz até o fim do ano. Esta é a época do ano mais importante para as nossas vendas”, esclarece. 

No início desta semana, quando foi feita a contagem de votos da consulta pública realizada com os feirantes no último fim de semana, a Sedec comunicou que a intenção era que o sorteio dos espaços de cada feirante fosse feito ao longo desta semana que o novo formato passasse a valer a partir desta semana. Entretanto, ao longo da semana o cenário foi mudando. Nesta quinta-feira (20), o titular da pasta, Silvio Sousa, informou que era necessário mais tempo hábil para fazer a transferência dos feirantes para a praça. Ele também diz satisfeito com a conclusão a que o grupo de trabalho chegou nesta sexta. “Estamos em diálogo constante com os feirantes. Estamos dando este espaço. Já fizemos cinco ou seis reuniões do tipo com eles para ouvi-los e acertar o que for melhor para todos, da forma mais democrática possível”, finaliza.

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