Goiânia irá decretar situação de emergência em saúde pública por conta da dengue. A decisão foi motivada pelo aumento de casos e confirmação de uma morte pela doença na capital. Segundo o secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara, o decreto irá facilitar a aquisição de insumos e materiais, além da contratação de serviços necessários para o enfrentamento da dengue na capital. O documento deveria ser publicado na edição desta terça-feira (12) do Diário Oficial do Município (DOM).
De acordo com o Boletim Epidemiológico de Arboviroses divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) nesta segunda-feira (11), a capital já conta com 10,6 mil casos notificados da doença e 5,7 mil confirmados. O Distrito Sanitário Sudoeste, que abarca bairros como Residencial Itaipú, concentra o maior número de casos (1,7 mil). Entretanto, bairros como Jardim América e Setor Pedro Ludovico, no Distrito Sanitário Sul, também se destacam em relação a quantidade de casos da doença. O sorotipo 1 ainda é o predominante na capital. Além do óbito confirmado, outros 10 estão em investigação.
Em 2 de fevereiro, o governo estadual já havia decretado situação de emergência em saúde pública por conta do aumento de doenças virais como dengue, zika e chicungunya. A publicação ocorreu depois da constatação de que Goiás enfrenta uma epidemia de dengue, cenário que perdura até os dias atuais. No estado, são 112,2 mil casos notificados até a décima primeira semana epidemiológica de 2024, número 221% superior ao mesmo período de 2023. Ao todo, são 45 óbitos confirmados neste ano e outros 72 em investigação.
De acordo com os níveis de resposta do Ministério da Saúde, Goiânia encontra-se em emergência, que é quando se tem pelo menos um óbito confirmado pela doença e incidência dos casos prováveis de dengue acima do limite superior do diagrama de controle. A primeira morte por dengue na capital foi confirmada em 21 de fevereiro. Segundo a SMS, a vítima era uma mulher idosa. De acordo com o diagrama de controle de casos prováveis de dengue em Goiânia, o número de casos ultrapassou o limite superior na quarta semana epidemiológica, entre 21 e 27 de janeiro, e se manteve assim por pelo menos quatro semanas.
Em coletiva ocorrida na tarde desta terça-feira (12), Pollara destacou que os dois critérios para ativação de ações relativas ao nível de resposta de emergência foram alcançados e que o intuito da situação de emergência é facilitar as condições de trabalho da administração municipal. “Ela não deve alarmar a situação. Ela nos traz muitas condições administrativas que favorecem muito o que já estamos fazendo para combater a dengue. Facilita contratações e recursos”, esclareceu.
Em relação à concentração de casos no Distrito Sanitário Sudoeste, Pollara destacou que a intenção da SMS é concentrar esforços na região. “Podemos fazer aspersão, concentrar maior número de agentes comunitários para rever as residências e podemos usar drones. Como não dá para fazer no município inteiro, fazemos na região com diagnóstico de maior risco em relação às outras”, avaliou. Segundo ele, pelo menos R$ 5 milhões devem ser enviados pelo Ministério da Saúde para o combate à doença.
Vacinação
Pollara afirmou que a vacinação contra a doença no município continua e chamou a atenção para a baixa adesão da população. Reportagem publicada em 7 de março já havia mostrado que a imunização estava abaixo do esperado pelo poder público. “Por enquanto, estamos com o fluxo baixo das crianças com 10 a 14 anos”, apontou o secretário municipal de Saúde.
O titular da SMS ainda ponderou que a vacinação passará a ter uma relevância maior a partir dos próximos anos. “Neste ano, a vacina ainda não é a grande arma”, enfatizou. Nesse sentido, Pollara destacou a importância da população cuidar das próprias casas, eliminando todos os possíveis focos do mosquito Aedes aegypti, que transmite a doença. “Insistimos, como desde os primeiros dias, que a população aumente a vigilância.”
Armadilhas compradas em janeiro chegaram sexta (8)
As 8 mil armadilhas disseminadoras de larvicidas adquiridas pela Prefeitura de Goiânia em janeiro deste ano só chegaram até a capital na última sexta-feira (8). De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a instalação delas terá início a partir da próxima semana. No dia 30 de janeiro, reportagem do Daqui mostrou que as armadilhas e 90 mil sachês com refil custaram R$ 12,2 milhões. Cada armadilha custou R$ 293 e o sachê saiu cada um por R$ 109,50.
A aquisição do mesmo produto pela prefeitura de São Paulo é alvo de uma investigação por suspeita de ato de improbidade administrativa, já que há no mercado nacional uma opção similar desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) por apenas R$ 10 que já vem com um refil. Além das armadilhas recém-chegadas, até agora, já foram instalados outros 3,2 mil itens do tipo em Goiânia.
No que diz respeito ao manejo ambiental, o superintendente de Vigilância em Saúde da SMS, Pedro Moraes, explica que o trabalho de prevenção acontece desde 2023. “Foi feito o chamamento de 200 agentes de endemias e achamos que esse decreto vai facilitar a contratação de mais um efetivo, além da aquisição de produtos, insumos e serviços no combate a dengue”, diz. Segundo ele, atualmente o efetivo é de 854 agentes. “Sabemos que o número teria que ser maior, mas do concurso já foram chamados todos possíveis”, esclarece.
De acordo com a SMS, está sendo feito o monitoramento de 450 ovitrampas, que também são armadilhas contra a dengue, e instalação de mais 2 mil. Além disso, a pasta recolheu 149,6 mil pneus em 2024, por meio da Operação Cata Pneu. Com isso, 1,7 mil focos do Aedes aegypti foram eliminados. A pasta também informou que foi feita aquisição de tablets para informatização dos dados de campo coletados pelos agentes de endemias, com previsão de entrega no final de março.