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Prefeitura de Goiânia vai alugar ambulâncias para o Samu

Wildes Barbosa
Ministério da Saúde entregou novas ambulâncias do Samu a 12 municípios goianos nesta terça-feira (9)

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia pretende locar ambulâncias para atuarem no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da capital. A informação foi dada pelo secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara, nesta terça-feira (9), durante evento do governo federal para a entrega de 12 ambulâncias para o Samu de outros municípios goianos.

Pollara não deu detalhes de como o processo de locação irá acontecer, mas disse que as ambulâncias irão substituir parte daquelas que estão paradas atualmente. No final de janeiro deste ano, a TV Anhanguera revelou que uma auditoria realizada pelo Ministério da Saúde entre janeiro de 2022 e junho de 2023 mostrou a possibilidade de uma fraude relacionada à operação das ambulâncias do Samu de Goiânia.

A auditoria constatou que, durante esse período, sete ambulâncias ficaram paradas, mas tiveram a produção de outras viaturas lançadas como se fossem delas. O valor recebido indevidamente por essa produção fantasma seria de R$ 2,1 milhões. Na ocasião, a auditoria recomendou que o dinheiro fosse devolvido e que o custeio das sete ambulâncias com irregularidades fosse suspenso.

Em 26 de janeiro deste ano, o jornal mostrou que o Samu tinha apenas oito de 17 viaturas em circulação e que os usuários da rede municipal de saúde de Goiânia podiam esperar por até 12 horas para serem transportados pelas ambulâncias. Servidores do serviço ouvidos pela reportagem na época, afirmaram que as más condições das ambulâncias eram amplamente conhecidas pelos profissionais que atuam na SMS e que elas estavam constantemente em manutenção.

Nesta terça, segundo a SMS, 11 ambulâncias estão operando, sendo oito Unidades de Suporte Básico (USB) e três Unidades de Suporte Avançado (USA). De acordo com a pasta, há três ambulâncias em manutenção, sendo que uma retornará para as ruas na próxima sexta-feira (12). Outras três se envolveram em batidas e estão paradas. Segundo a SMS, os processos para conserto, como questões de seguro, estão em andamento. “Vamos terminar (de arrumar) essas daí e colocar no transporte sanitário”, explicou Pollara.

Segundo a SMS, das sete ambulâncias que estavam com o custeio suspenso pelo governo federal, atualmente, apenas duas seguem nessa condição. Quando o relatório foi revelado, a SMS informou que já havia se manifestado mediante a auditoria e que estava tomando todas as medidas necessárias para sanar as inconformidades.

Durante a entrega das ambulâncias para outros municípios goianos, o secretário de Atenção Especializada (Saes) do Ministério da Saúde, Adriano Massuda, disse que o governo federal apoia a implementação das políticas nacionais e que os problemas devem ser corrigidos. “Se há problemas técnicos, eles precisam ser analisados e sanados”, enfatizou. Do ponto de vista relacional, ele afastou desgastes com o secretário municipal de Saúde. “O espírito é federativo, de cooperação”, destacou.

Entrega

As 12 cidades goianas que foram beneficiadas com as novas ambulâncias do tipo USB são: Campinorte, Turvânia, Cabeceiras de Goiás, Cachoeira Alta, Cezarina, Cocalzinho de Goiás, Edéia, Itarumã, Rio Quente, Santa Terezinha de Goiás, Santo Antônio do Descoberto e Terezópolis de Goiás. A capital não foi agraciada. Segundo Massuda, a entrega das viaturas foi feita baseada em uma análise das demandas dos municípios. “Estava tudo feito no planejamento do processo de expansão”, detalhou Massuda.

Ao todo, o investimento do Ministério da Saúde foi de R$ 3,9 milhões. O governo federal também continuará enviando recursos para a operacionalização das viaturas. O prefeito de Cezarina, cidade a 70 quilômetros de Goiânia, acredita que a ambulância recebida nesta terça fará uma grande diferença no município, já que até então o local era atendido pela unidade do Samu de Palmeiras de Goiás, a 25 quilômetros de distância. “Às vezes, as unidades (ambulâncias) não conseguem chegar a tempo”, discorre Valtenir Gonçalves da Silva (UB).

A presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Goiás (Cosems-GO), Patrícia Fleury, ressalta que as viaturas irão contribuir para melhorar a assistência à saúde de outros municípios. “Não vai beneficiar só 12 secretarias municipais de saúde. Pelo Samu ser regionalizado, muitos municípios receberão cuidado e atenção. Nossa intenção é que (a viatura) chegue no local exato e no tempo oportuno”, relata.

Veículos ajudarão a sanar déficit

A Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) acredita que a entrega das 12 novas viaturas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para municípios goianos irá contribuir para sanar o déficit existente na rede. Em 29 de janeiro deste ano, reportagem mostrou que um relatório da secretaria apontou que os Samus de Goiás contavam com 47 ambulâncias inoperantes, a maioria por conta de manutenções corretivas, número correspondente a 22,5% do efetivo na ocasião.

O secretário estadual de Saúde, Rasível dos Reis, explica que as viaturas vão ajudar a diminuir o quantitativo de ambulâncias inoperantes. “A partir do momento que estivermos integrando a rede, elas vão ser reguladas pela central única”, detalha.

Assim que assumiu a pasta, em janeiro de 2024, Reis disse que a reorganização do Samu para promover a regionalização do atendimento de urgência e emergência em Goiás seria o ponto de partida dos trabalhos dele. As mudanças passariam, inicialmente, por um diagnóstico da rede de urgência e depois por um diálogo entre estado, municípios e prestadores de serviços.

A intenção é formar uma central única de regulação para cada uma das cinco macrorregiões da Saúde de Goiás. Atualmente, existem 12 centrais. “Vamos reavaliar também o local em que essas ambulâncias estão. Normalmente, a gente não tira nenhuma, mas às vezes precisamos acrescentar alguma Unidade de Suporte Básico (USB) ou Unidade de Suporte Avançado (USA)”, esclarece. 

Segundo ele, a intenção é que o custeio também sofra alterações, funcionando a partir de uma espécie de consórcio intermunicipal. “Todos os municípios vão ser atendidos mesmo não tendo uma ambulância em cada”, finaliza. 

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