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Professor denuncia que foi humilhado por ser negro em escola de Aparecida de Goiânia

Reprodução/Google Street View
Episódio ocorreu no Colégio Municipal da Paz, no Jardim Florença, em Aparecida de Goiânia

O professor Edson Dantas, de 59 anos, denuncia ter sido vítima de injúria racial durante uma reunião de pais, após uma briga entre dois estudantes na aula de educação física. O episódio ocorreu no Colégio Municipal da Paz, no Jardim Florença, em Aparecida de Goiânia, na última quarta-feira (8).

“Dois alunos brigaram, eu intervi como professor e resolvi a confusão. Quando um dos alunos chegou em casa, contou para o pai, que é superprotetor devido uma deficiência do filho. Ele veio no colégio para tirar satisfação e eu fui chamado para participar de uma reunião”, conta.

Entretanto, Edson relata que foi recebido com diversas ofensas por conta da cor da pele. “Quando eu entrei na sala, ele olhou para mim e disse para todo mundo escutar que a ‘Princesa Isabel só libertou os escravos porque foi comida por um negão’ e, de início, eu levei na brincadeira”, afirma.

Quando o professor tentava falar e explicar que já havia resolvido a questão entre os alunos, o pai o interrompia, fazia ameaças e piadas falando que “a corzinha não ajudava”. O professor destaca que o agressor não se intimidava com a presença de outras cinco pessoas, incluindo a diretora do colégio.

Apesar de ter “levado na brincadeira”, Edson revela que as ofensas o deixaram muito chateado e incomodado. Orientado pela diretora, ele procurou a Delegacia de Polícia de Aparecida de Goiânia, na última segunda-feira (13) e abriu uma ocorrência referente ao episódio de injúria racial.

Violência

“Eu sou professor há mais de 10 anos e esta foi a primeira vez que isso aconteceu comigo desta forma. Eu sou muito calmo, mas o pai partiu para uma outra área, a da agressão verbal e da violência. Eu voltei para casa aquele dia muito chateado com o tudo que ouvi”, revela.

Mais de 12% dos educadores da rede pública de ensino no Brasil relatam sofrer agressões verbais ou de intimidação pelo menos uma vez por semana, de acordo com a pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre aprendizagem (Talis).

Realidade que coloca o país no topo do ranking de violência contra o professor. Em nota, a Secretaria Municipal de Educação de Aparecida de Goiânia (SME) afirma que “repudia toda e qualquer forma de preconceito e injúria racial” e que a Supervisão Escolar da SME vai ouvir as partes envolvidas.

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