A professora de antropologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Janine Helfst Leicht Collaço, morreu aos 57 anos, nesta quinta-feira (5), em Goiânia. Em nota, diversas faculdades, núcleos de estudo e alunos da UFC lamentaram a morte da professora. Ela deixa o marido e duas filhas.
Ao jornal, uma colega de trabalho, a professora de Izabela Tamaso, disse que Janine lutava contra a doença de Parkinson, que foi descoberto há cerca de 10 anos.
"Janine tinha uma maneira delicada e bem humorada de lidar com a vida. Uma guerreira linda que iluminou os lugares por onde passou. Foi muito importante na trajetória de estudantes e orientandos. Ela sabia auxiliar, conduzir e estimular com doçura, sem perder o rigor", descreveu Izabela.
À reportagem, o coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisa Sobre Criminalidade e Violência (Necrivi), da Faculdade de Ciências Sociais (FCS), professor Dijaci David de Oliveira, disse que apesar da doença, Janine continuava a dar aulas regularmente por paixão.
"Apesar dos problemas de saúde, fazia questão de continuar atuando. Era uma forma de dar sentido à vida. Morreu dormindo”, disse o professor.
A professora de antropologia da Universidade Federal de São Paulo (USP) Francirosy Campos contou que compartilhou diversos momentos juntos com Janine, desde quando fizeram pós-graduação juntas.
"Fomos parceiras em tudo, lemos os textos uma da outra. Nos reuníamos sempre com bolo, café e crianças, dividimos a alegria de aprovação no concurso público. Perdemos uma grande antropóloga da alimentação. Eu perdi uma irmã, uma amiga", lamentou.
Carreira
Janine Collaço era mestra e doutora em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP) e se tornou professora da FCS/UFG em 2012. Na faculdade, foi vice-diretora de 2014 a 2018 e integrou os quadros do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS/UFG), do qual, no momento, era vice-coordenadora.
Além da Antropologia, Janine era apaixonada por Gastronomia. Com isso, ela fundou e liderou o Grupo de Estudos em Consumo, Cultura e Alimentação (Gecca) e coordenou o Centro de Ciência e Tecnologia em Segurança e Soberania Alimentar e Nutricional da Região Centro-Oeste e orientou dezenas de trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses em suas áreas de atuação, conforme a universidade.
No primeiro semestre de 2024, Janine ministrou no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFG (PPGAS) a disciplina Alimentação e Saúde e organizou o Seminário de Antropologia da Alimentação.
Ela também estava à frente de uma pesquisa para instruir o processo de reconhecimento do ofício de quitandeiras como patrimônio cultural do Brasil.
Homenagens
Em nota, o PPGAS descreveu que a professora deixa um legado incomensurável e que era exemplo de coragem e força.
“Guardaremos com muito carinho na memória seu olhar compreensivo e acolhedor, sua chama de alegria, sua presença leve e diplomática, seu bom humor inconfundível, sua vibração com a pesquisa e com a docência, seu exemplo de persistência, coragem e força”, informou o comunicado.
O Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg) também prestou homenagem para Collaço.
“Será sempre lembrada pelo seu brilhantismo intelectual, sua gentileza e sua incansável busca pelo conhecimento e pela justiça social”, disse.
Nas redes sociais, diversos estudantes e ex-alunos da universidade lamentaram a morte da professora.
“Que cada um de nós que ficamos aqui com saudade, possamos honrar o seu legado como docente, cientista e mulher que lutou pela vida enquanto pôde”, mencionou uma aluna.
“Em choque. Uma mulher incrível. Assisti tantas aulas dela de penetra quando meu companheiro estudava na FCS. E sempre ficava encantada com a sua inteligência, sagacidade, brilhantismo mesmo”, afirmou uma seguidora.
“Deus conforte o coração da família. Conheci a Janine fora do âmbito universitário e que pessoa espetacular ela é!”, declarou um aluno.