"De bar em bar, de mesa em mesa", o Projeto de lei (PL) que quer tornar o cardápio físico obrigatório nos bares e restaurantes de Goiânia vem dividindo opiniões na capital. De autoria do vereador Sandes Júnior (PP), o PL pede a obrigatoriedade caso não haja oferta gratuita de internet para os clientes acessarem o menu digital.
O formato se tornou comum durante a pandemia da Covid-19 e para Berval Carneiro, que é dono de dois bares em Goiânia, uma das vantagens dele é a alteração de preço.
No digital é possível fazer uma promoção a qualquer momento e incluir ou excluir as informações com mais agilidade. Já o físico, a gente precisa mandar fazer, esperar ficar pronto e ainda gera custo. Então, na minha visão estamos indo contra a regra”, explica Berval.
Quanto a obrigatoriedade da oferta gratuita de Internet, por estabelecimentos que optarem pelo cardápio digital, Berval afirma que seria mais eficiente os locais terem, pelo menos, dois cardápios digitais a disposição do cliente.
Se o intuito é trazer conforto para o cliente, é melhor obrigar os estabelecimentos a terem aparelhos com acesso aos cardápios digitais para quem não tem acesso ou dificuldade de usar, do que obrigar o local a disponibilizar internet gratuita”, destaca Berval.
Ele diz, ainda, que gosta do cardápio físico, mas ressalta que a agilidade do digital o torna melhor, por isso, devemos nos adequar.
O cardápio físico ainda é usual. Eu mesmo, quando chego aos locais que não têm, sinto falta. Ele é mais direito e a gente tem mais costume, mas falando de futuro e agilidade, o digital é melhor. Precisamos nos adequar, não só em relação a um cardápio, mas na vida. Estamos cada dia mais tecnológicos, então devemos encarar as mudanças como algo natural”, diz Berval.
O empresário Wirley Camargo concorda que o cardápio digital facilita e possibilita rapidez aos estabelecimentos, mas conta que prefere o físico. Nos bares e restaurantes que frequenta, ele costuma encontrar as duas opções.
O digital é interativo, dá opções de um formato diferente no atendimento e possibilita a interação direta durante os pedidos, mas eu prefiro o físico. Vejo que alguns estabelecimentos optaram pelo formato digital, porém, tenho observado que restaurantes e bares mais conservadores, preferem o físico, diz Wirley.
O empresário relata que a preferência pelo cardápio físico também ocorre por conta do acesso.
Muitos aplicativos são experimentais e acabam sendo confusos, sem todas as informações. Além disso, a internet pode falhar ou não ser disponibilizada no local, tornando o acesso ao cardápio impossível”, afirma Wirley.
Agradando uns, desagradando outros, a proposta foi aprovada em junho deste ano pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e aguarda segunda votação em plenário. Como justificativa, o vereador destacou que são vários os benefícios do cardápio digital, mas a tecnologia deve ser utilizada para agregar e auxiliar e não segregar.
Muitos clientes passam vergonha por não ter acesso, pedindo para amigos e familiares auxiliarem quando estão acompanhados, e, nos casos sem acompanhamento, ficam impossibilitados de acessar os produtos”, diz o texto.
Ao Daqui, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) disse que, por enquanto, não vão se posicionar sobre o caso.
A reportagem entrou em contato com o Sindicato de hotéis, bares, restaurantes e similares do estado de Goiás (Sindhorbs) para pedir um posicionamento sobre o caso, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.