Com o aumento no número de queimadas em florestas brasileiras, especialistas em saúde pública estão preocupados com as gestantes. A proximidade com a poluição gerada pode causar problemas respiratórios para a mãe e má formação do feto.
“Além de parto prematuro, baixo peso e desenvolvimento pulmonar comprometido, em longo prazo, as crianças podem apresentar problemas respiratórios como a asma já na primeira infância”, enfatiza o ginecologista e obstetra Jorge Rezende Filho, doutor em Clínica Obstetrícia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Com concentração de oxigênio menor em decorrência das queimadas, pode haver dificuldade de oxigenação no sangue, que chega ao feto. Para o médico Jorge Rezende Filho, a proximidade com as queimadas pode aumentar o índice de mortalidade infantil.
Além disso, ele ressalta que algumas anomalias congênitas, como problemas cardiovasculares, são mais incidentes nessa população exposta.
“Estudos mostram que mães que foram expostas a altos índices de poluentes deram à luz bebês com alterações celulares indicativas de um envelhecimento celular precoce (expressadas pelo encurtamento dos telômeros). A exposição pré-natal aos poluentes, especialmente NO2 (onde a maior fonte é o tráfego das grandes cidades) esteve associada a retardo no desenvolvimento psicomotor das crianças. Vale citar que estudos recentes mostram que, em casais tentando engravidar, a exposição à poluição do ar esteve associada a uma alta incidência perdas gestacionais”, alerta.
O ginecologista recomenda que a gestante evite estar em locais com o ar poluído pelas queimadas.
O número de focos de incêndio para todo o Brasil entre 1.º de janeiro e 24 de agosto era o maior dos últimos sete anos para este período. O Programa Queimadas, do Inpe, registrou até a data 79.513 focos, alta de 82% em relação ao mesmo período do ano passado.
No início da semana, bombeiros sobrevoaram um incêndio em fazendas em Sorriso, no Mato Grosso.