A semana começou com postos de vacina contra Covid-19 bem vazios em Goiânia, apesar de 11,9 mil pessoas vacinadas (11,4 mil com a primeira dose).
O público-alvo para a primeira dose são idosos a partir de 60 anos de idade. O motivo tem sido o receio da vacina ofertada a Oxford/AstraZeneca.
Autoridades de saúde, porém, reforçam que todos os imunizantes autorizados no Brasil passaram por sérios crivos de testes, além de análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
No posto de vacinação na Área 1 da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), a reportagem observou diversos idosos perguntarem para as atendentes qual a vacina ofertada. Depois da resposta ser Astrazeneca, alguns iam embora e outros perguntavam se era segura. Mas poucas entravam para, de fato, receberem a dose.
A feirante Raimunda Beatriz Lemos Silva, de 60 anos, foi vacinada e disse que realizava um sonho e ainda tentava convencer quem se aproximava de seguir até a área da vacinação. “Para vida voltar ao normal, a gente precisa de todo mundo vacinado. Se passar mal é um dia, dois, mas a vida de volta é pra sempre.”
Na Escola Municipal Francisco Matias, no Parque Anhanguera, o serralheiro Joaquim José Sousa, 61 anos, disse que ainda não se vacinou, mas que pretende se vacinar. “Meus filhos contaram sobre umas reações e estou receoso porque não posso parar de trabalhar. Vim conversar com alguém para saber se é verdade, se tem reação forte.”
Depois que saiu do local, disse que explicaram para ele que o que tem ocorrido são febres e dores no corpo. “Mas quem com 60 anos não tem dor no corpo?”, brincou. Ele disse que voltaria hoje para tomar a dose porque ontem estava sem seus documentos.
Superintendente de vigilância em saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS), Yves Mauro Ternes afirma que a capital não registrou qualquer situação de risco.
“Não fazemos campanha de vacina, mas de vacinação contra uma doença séria. Se o idoso está preterindo, escolhendo e tiver contato com o vírus, poderá se infectar e contrair a doença. Aguardar não é adequado.”
Superintendente de vigilância em saúde da Secretaria Estadual de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim destaca que as três vacinas dispioníveis hoje em Goiás (Coronavac, Astrazeneca e Pfizer) têm eficácia comprovada.
“A Astrazeneca é a vacina com maior eficácia após a primeira vacina. Os testes mostraram 80% com 21 dias após a dose.” Ela ainda diz que reações são comuns e o que tem sido relatado até agora são febres leves, dor no local e de cabeça. “Nada comparável com a doença”, reforça.
Yves Mauro Ternes diz que a SMS tem se esforçado para atender o maior número de pessoas, inclusive no feriado houve funcionamento dos postos, mas não houve procura. O superintendente diz que a capital já vacinou mais pessoas do que era previsto dentro do público de pessoas com mais de 60 anos.
O cálculo é feito pelo Ministério da Saúde (MS) com base na campanha de vacinação contra a influenza do ano passado. Com isso, Goiânia deveria vacinar 169 mil idosos e já aplicou doses em mais de 184 mil.
A Fiocruz publicou nota informando que as evidências publicadas em revistas científicas confirmam a segurança e a imunogenicidade, que é a produção de anticorpos da vacina Oxford/AstraZeneca em idosos. A nota destaca que, de acordo com os resultados dos ensaios clínicos de fase 3, não há contraindicações para imunização de idosos. Segundo o fabricante, a vacina é indicada para todas as pessoas com 18 anos ou mais, sem limite de idade.
No Reino Unido, um comitê consultivo de especialistas independentes que assessora o país sobre imunização, o Joint Committee on Vaccination and Imunization (JCVI), também recomendou o uso desta vacina em adultos a partir de 18 anos. A agência regulatória do Reino Unido (MHRA - The Medicines and Healthcare products Regulatory Agency) autorizou o uso emergencial em adultos de todas as idades.