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Repelente some das prateleiras em Goiânia

Wildes Barbosa
Gelcimar Galdino, gerente de farmácia em Goiânia: poucas marcas nas prateleiras e estoque em baixa

A disparada nos casos de dengue em Goiás e no Brasil provocou uma verdadeira corrida às farmácias e supermercados em busca de repelentes para afastar o Aedes aegypti. Em alguns estabelecimentos, a demanda chegou a triplicar desde o início do ano e as marcas mais procuradas estão bem mais difíceis de se encontrar. Algumas distribuidoras chegaram a racionar as entregas do produto, limitando a quantidade a poucas unidades por CNPJ.

O Ministério da Saúde já reportou mais de 1 milhão de casos prováveis e confirmados de dengue nas primeiras oito semanas deste ano, com 214 mortes. Em Goiás, os casos notificados somam 75.683, um aumento de 176% sobre o mesmo período de 2023, com 31 mortes. Com o agravamento da situação, as vendas de repelentes para evitar a picada do mosquito transmissor da doença dispararam em todas as redes farmacêuticas procuradas.

O grupo Raia Drogasil registrou um aumento de 246,6% nas vendas na comparação entre a metade deste mês de fevereiro e todo o mês de janeiro deste ano. O Grupo DPSP, dono das redes Pacheco e São Paulo, já anunciou que teve alta de 200% na procura por repelentes neste mês, em comparação com o mesmo período do ano passado. Na Ultrafarma, houve alta de 70% nas vendas entre janeiro e fevereiro deste ano e de 90% na comparação com o mesmo período do de 2023.

Em Goiânia, o gerente da drogaria Qualifarma, Gelcimar Galdino, informa que a procura por repelentes aumentou pelo menos 50% desde o início deste ano. Ele conta que lotes que chegam de várias marcas geralmente acabam rápido e os distribuidores não conseguem mais repor. “Está difícil encontrar as marcas mais procuradas, principalmente os repelentes feitos à base de icaridina, a mais recomendada pelos médicos pelo maior efeito repelente”, diz.

De acordo com Galdino, esta escassez já se refletiu nos preços do produto, que tiveram uma alta de 20% e 30% na média. Atualmente, a drogaria tem apenas três marcas disponíveis e o estoque está 30% mais baixo que o normal. A procura é maior por mulheres grávidas e para crianças. “Estamos sempre buscando os representantes para tentar fazer reposições”, garante.

Limitação

Na drogaria Gynmed, a procura por repelentes cresceu entre 70% e 80% e as marcas mais procuradas estão em falta nos fornecedores, como informa a farmacêutica Jaquielly Faria Oliveira. Segundo Jaquielly, com os estoques baixos, a empresa contacta as distribuidoras e é informada de que o produto está em falta. Com isso, os pedidos foram limitados.

A farmacêutica informa que, no caso dos repelentes, algumas marcas estão limitando as entregas em apenas 12 unidades por CNPJ. “Também está faltando álcool em gel, que está limitado a apenas seis unidades por drogaria”, conta Jaquielly. Outro produto que já está em falta, segundo ela, são os testes para Covid, também por conta do aumento de casos.

David Fernando Xavier, gerente da Farmácia Ideal, confirma que a procura cresceu bem acima do esperado e praticamente triplicou neste ano. Segundo ele, as farmácias passaram por um período de dificuldade de abastecimento, com várias marcas estavam faltando nas distribuidoras. “Hoje, a oferta está melhor do que há 10 ou 15 dias”, afirma. Apesar da ruptura no fornecimento, ele diz que os preços foram mantidos, sem grandes altas, como ocorreu na época da Covid. “A procura por álcool em gel e máscaras também aumentou muito”, diz.

Para o Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de Goiás (Sincofarma-GO), João Aguiar, confirma que houve uma certa ruptura no fornecimento, mas que já voltou à normalidade, depois que as indústrias aumentaram a produção. “Chegamos a ficar sem as marcas mais procuradas durante um período”, ressalta. Ele explica que alguns repelentes são mais indicados que outros, como os de icaridina, pela maior capacidade de repelir, mas que os demais também funcionam bem.

Os supermercados da capital tiveram um aumento de 20% a 30% na venda do produto. O presidente da Associação Goiana de Supermercados (Agos), Sirlei Antônio do Couto, conta que houve uma procura maior por repelentes e inseticidas de vários tipos, como produtos espirais, eletrônicos, loções líquidas e em creme e citronela.

Mas o presidente garante que os supermercados estão abastecidos. Com o crescimento das vendas, o proprietário da rede goiana de supermercados Super Zé, José Elias de Paula, conta que resolveu até aumentar o espaço nas gôndolas para esses produtos.

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