A restauração da escultura Os pássaros vigilantes, que enfeitava o lago principal do Parque Flamboyant, no Jardim Goiás, em Goiânia, pode custar R$ 761 mil. O número é de uma estimativa de um laudo pericial contratado pela Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) e assinado pela arquiteta e urbanista Nerisirley Barreira do Nascimento.
A obra sucumbiu e não foi mais vista desde o último dia 2. Ela foi resgatada pelo Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBM-GO) no dia 12 deste mês, com o trabalho de mergulhadores e o apoio de um guindaste de uma empresa particular.
Apesar do valor apresentado, o montante efetivamente a ser pago ainda vai depender de negociação com a artista plástica Maria Guilhermina Gonçalves Fernandes, uma das mais respeitadas artistas plásticas de Goiás. O jornal procurou a Amma para saber sobre o processo de restauro. A agência afirmou que aguarda manifestação da avaliação dos danos por parte da artista plástica. No entanto, Maria Guilhermina afirmou à reportagem não ter recebido qualquer contato por parte do poder público municipal.
Conforme o laudo da perita, ao qual o jornal teve acesso, o valor de R$ 761 mil foi estimado levando-se em conta o tamanho e a cotação de obras de arte assinadas por Maria Guilhermina, desde o ano 2000. O trabalho de análise da escultura foi realizado ainda no dia 12 e durou aproximadamente 5 horas. Estiveram presentes o presidente da Amma, Luan Alves, o superintendente da agência, Ormando Pires, CBM-GO, imprensa e transeuntes.
No laudo consta que o primeiro pássaro retirado tinha temperatura de 26°C, ideal para a pedra-sabão, e que os estragos eram de menor importância, sendo destacada uma quebra com fungos típicos de mais de dois anos de estrago na pedra. “O segundo pássaro não apresentou danos significativos. As assas foram preservadas.” A distinção de primeiro e segundo refere-se à ordem pela qual eles foram retirados do fundo do lago.
A conclusão foi de que a quebra do primeiro pássaro seria antiga, no entanto, não é possível afirmar, diz o relatório, se foi vandalismo. “Este laudo conclui que a escultura vinha se movimentando aos poucos em cima do pedestal para ela. Após 17 anos, as forças sazonais das águas durante os períodos de chuva fez tombar a escultura dentro do lago.”
Ao jornal, na última quarta-feira (24), Maria Guilhermina afirmou que o trabalho de análise e limpeza das peças já estava em curso. “Tinha muita lama grudada na peça, a pedra-sabão é porosa”, comentou Maria Guilhermina sobre a dificuldade de higienização.
Um dos pássaros, o “menor” talvez seja substituído. “Estou estudando o que fazer. Penso que vou ter de fazer uma peça nova, é um lugar que não gosto de remendo, fica perfeito, mas fica o sinal”, diz ela.
Sobre o valor a ser pago pelo serviço, Maria Guilhermina o classificou como “razoável”, no entanto, ainda não tem um cálculo sobre o serviço. O motivo é que ainda está entendendo a natureza da gravidade dos danos verificados. Neste momento, não é possível ainda afirmar quanto tempo levará para que tudo seja concluído.
Sobre o pedestal, a tendência, no entendimento da artista plástica, é que o mesmo seja maior, para proteger as obras dos pássaros vigilantes.
Instalação
Quando da instalação da obra no lago do parque, em 2017, Maria Guilhermina conta que não pode acompanhar o serviço. Para ela, o encaixe deveria ter sido feito em outras condições. “Meu assistente me contou que a peça era descida no guindaste enquanto ele passava a mão por baixo para verificar o fundo. Imagina, uma peça daquele peso.” Conforme o laudo, a obra pesa 4 toneladas.
O Parque Flamboyant foi inaugurado em 2007. Ele é um dos principais atrativos da capital, sobretudo da região Sul. Lá estão áreas gramadas, muito verde, os lagos e pistas de caminhada e de ciclismo.