Pelo menos 2,2 milhões de pessoas em Goiás que integram os grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde (MS) são alvos da campanha nacional de vacinação contra a gripe que tem o seu dia D neste sábado (13) em quatro das cinco regiões geográficas do Brasil. Um alerta da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que aponta possibilidade de aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e de infecções pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR) levou o MS a realizar uma grande mobilização para evitar pressão nas unidades de saúde.
A informação é da enfermeira Flúvia Amorim, superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (SES) de Goiás. No estado, a campanha contra o vírus Influenza, que provoca casos graves de gripe, foi antecipada este ano para o dia 23 de março e só vai terminar no dia 31 de maio. A superintendente explica que o maior objetivo do dia D é fazer com que a vacina chegue ao público alvo, pessoas altamente vulneráveis que podem sofrer com infecções do sistema respiratório de forma intensa, com evolução para pneumonias tendo como consequência as internações hospitalares. E não há leitos suficientes nos hospitais para todos.
No caso do VSR, o principal causador de doenças respiratórias graves em crianças, a preocupação é redobrada porque a recente vacina contra o vírus, conforme Flúvia Amorim, foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mas, por enquanto, os laboratórios vão produzir somente para a rede privada. Não é o caso da vacina contra o vírus Influenza, que há anos é oferecida na rede pública, mas o interesse da população pela imunização vem caindo. Em 2023, em Goiás, somente 60% do público alvo se vacinou. Em 2024, desde o início da campanha, no dia 23 de março, foram imunizadas pouco mais de 215 mil pessoas. A meta preconizada pelo MS é de imunizar 90%.
Marília de Castro, diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, explica que a antecipação da campanha de vacinação contra o vírus Influenza ocorreu em 2024 em decorrência da epidemia de dengue. “Há o risco da co-infecção. E ambas as doenças são de grande importância para a saúde pública.” Segundo a enfermeira, já está comprovado que, quando a meta de vacinação não é alcançada, o número de casos de gripe aumenta muito nos anos seguintes, lotando as unidades de saúde. Nos últimos dois anos, a exemplo do Brasil e de Goiás, Goiânia não atingiu a meta prevista de imunização. Em 2023 a cobertura atingiu 54,85%.
Na capital, o grupo prioritário para receber a vacina contra o vírus Influenza é formado por 338.694 pessoas. Mas, a exemplo de todos os postos de vacinação espalhados pelo território goiano, os demais imunizantes que compõem o Calendário Nacional de Vacinação estarão à disposição da população. A diretora de Vigilância Epidemiológica de Goiânia enfatiza que no caso da vacina contra o vírus HPV, direcionada para meninas e meninos de 9 a 14 anos, a partir deste ano a dose é única depois que o MS e a Organização Panamericana de Saúde (Opas) definiram que não seriam mais necessárias duas doses. O HPV é um vírus silencioso que pode se manifestar anos depois da infecção. Ele é responsável por vários tipos de câncer, como o de colo do útero.
Obra em atraso
Em processo de revitalização e fechado desde o dia 4 deste mês, o Centro Municipal de Vacinação e Orientação ao Viajante, localizado na Avenida Edmundo de Abreu, no Setor Pedro Ludovico, em frente ao campo do Goiás Esporte Clube, não será reaberto neste sábado (13) para o Dia D da campanha de vacinação contra a Influenza.
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), as fortes chuvas que têm caído todos os dias na capital acabaram interferindo na conclusão da obra, e com isso a empresa contratada não conseguirá concluí-la a tempo. O local receberá melhorias como a ampliação do espaço de triagem.
Por isso, a SMS informa que, no lugar do Centro Municipal de Vacinação e Orientação ao Viajante, as vacinas de Influenza e Covid serão aplicadas no Estádio Hailé Pinheiro - Campo do Goiás. A abertura oficial do Dia D na capital será no 3º Mutirão de Goiânia em 2024 na Avenida Brasil, esquina com a Avenida Luísa M. Coimbra Bueno, no Residencial Jardins do Cerrado, região Oeste de Goiânia. No local, sábado e domingo diversos serviços serão oferecidos à população.
Mortes e internações
Goiás recebeu em 2024, em quatro remessas, 952 mil doses de vacinas contra Influenza. A cobertura vacinal geral dos grupos prioritários não atingiu ainda 10% do previsto; as gestantes foram as que menos procuraram os postos de imunização (4,37%), em seguida as crianças (6,7%) e idosos (11,77%). Lembrando que este ano quatro pessoas morreram em Goiás de SRAG em decorrência de Influenza. A faixa etária dos óbitos está entre 50 a maiores de 60 anos. A SES já contabilizou em 2024, 1.743 casos de SRAG, o maior porcentual (25,70%) por Covid e por Influenza (2,58%)
Em Goiânia, a SRAG por Influenza matou mais de 30 pessoas desde 2022. Naquele ano foram registrados 22 óbitos na capital; em 2023, 11 óbitos. Marília de Castro, diretora da Vigilância Epidemiológica da SMS, reforça que o empenho das autoridades de saúde, incentivando a população a comparecer aos locais de vacinação, é para evitar que ocorram novas mortes. Em 2024 ainda não houve nenhum registro, entretanto a procura pelas unidades de saúde cresceu substancialmente nos últimos meses e a tendência é que piore esse cenário com a chegada do inverno.
Em 2024, a vacinação contra a Influenza acontecerá no primeiro semestre nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, enquanto no Norte será no segundo semestre. A mudança inédita na estratégia, desde 2023, atende às particularidades climáticas da região, que inicia no período o inverno Amazônico, período de maior circulação viral e de transmissão da gripe.