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Riscos para a rede elétrica aumentam com mais queimadas, aponta Equatorial

Divulgação
Equatorial avalia rede elétrica hoje e planeja para período de chuvas: alta no consumo em Goiás

O sistema de distribuição de energia elétrica em Goiás vem sendo afetado diretamente pelo aumento do número de queimadas, decorrentes dos efeitos imediatos das mudanças climáticas em todo o mundo e também de práticas criminosas de quem provoca incêndios, que elevam riscos para o fornecimento do serviço.

De acordo com a Equatorial Goiás, empresa responsável pela distribuição de energia no estado, entre janeiro e junho deste ano foram registradas 742 ocorrências de queimadas próximas à rede elétrica, mais de 600 delas apenas nos últimos dois meses. O número representa um aumento de 300% em relação ao mesmo período do ano anterior, o que coloca a concessionária em estado de alerta.

A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) disse na terça-feira (17) que o Brasil tem cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados sob risco de pegar fogo, por ação criminosa, em meio à maior estiagem da história recente do país. O número representa quase 60% da área total do país.

Levantamento da Equatorial Goiás mostra casos de queimadas em 100 municípios. As cidades com os maiores registros são Aparecida de Goiânia, Anápolis e Cachoeira Alta. De acordo com Roberto Vieira, superintendente técnico da companhia, o calor pode provocar interrupções no fornecimento de energia, devido ao impacto nos cabos. Ele alerta para os perigos dos incêndios, especialmente pela fumaça gerada, que contém impurezas e fuligem, prejudicando diretamente os cabos e isoladores dos postes.

“Prejudica porque ela vai depositando camadas sólidas em cima dos componentes das redes, e elas acabam danificando equipamentos a longo prazo”, afirma. “Quando eu tenho muita fuligem no ar, ele passa a ser um condutor, o que gera um curto circuito e acaba desligando a rede. Mesmo quando eu não tenho um incêndio que toca a rede, eu posso ter um desligamento da rede por conta de um incêndio que está a quilômetros de distância.”

Conforme Vieira, a Equatorial acompanha com preocupação a escalada de casos de queimadas que podem ocasionar graves consequências para a rede de distribuição. “Equipamentos novos estão sendo danificados e cabos rompidos com as ações criminosas e prejudiciais ao meio ambiente”, diz.

Consumo

Além das queimadas, as altas temperaturas têm levado a um aumento significativo no consumo de energia em Goiás. Segundo dados apresentados pela Equatorial Goiás, o consumo médio de energia residencial em Goiás entre janeiro e agosto de 2024 aumentou 14% em comparação ao mesmo período do ano anterior, chegando a 198 kwh. Na área rural, o aumento foi de 11%.

Esse crescimento reflete a maior utilização de aparelhos como ar condicionado, que, durante os períodos de calor extremo operam por mais tempo, elevando o valor das faturas de energia.

De acordo com a Equatorial Goiás, diversas obras de manutenção e reparos foram antecipadas para minimizar os transtornos. No total, foram realizadas 141 intervenções, destacando-se a inauguração de duas subestações em cidades do interior, além de projetos de ampliação e modernização.

Presente no estado desde janeiro de 2023, a concessionária apontou como principal desafio a reestruturação da rede elétrica, que possui infraestrutura antiga.

“Esse é um trabalho de longo prazo, de alguns ciclos que a gente faz de planejamento de cinco anos para poder reconstruir o sistema”, explica Vieira. “A gente tem acelerado o máximo possível, mas a gente tem um trabalho paulatino que demanda muitas equipes e treinamento. A gente avançou muito nesse um ano e meio de concessão, mas tem muito ainda a ser feito.”

Chuvas

Com a chegada da temporada de chuvas, que traz também tempestades e vendavais, a Equatorial Goiás diz já ter implementado um plano operacional voltado para o enfrentamento das adversidades climáticas, que podem gerar danos ao sistema.

A companhia conta com uma central de monitoramento do clima, onde técnicos recebem informações em tempo real de meteorologistas, o que permite a definição de estratégias para minimizar os impactos das condições climáticas. Neste ano, a companhia terá cerca de 1.500 equipes prontas para atuar em possíveis ocorrências, o que representa um aumento de 103% no efetivo em comparação a períodos normais.

Em 2023, ventanias derrubaram cerca de 4.500 postes no estado, danificando também cabos, transformadores e outros pontos da rede elétrica. Além dos ventos, a quantidade de raios também é uma preocupação constante. Em parceria com institutos de meteorologia, o Centro de Operações Integradas (COI) da Equatorial monitora as descargas atmosféricas na região. No ano passado, foram registrados 14 milhões de descargas, que causaram 20% das interrupções no fornecimento de energia, além de danos a equipamentos.

A Equatorial cita mais de 160 mil obras concluídas nos seis primeiros meses deste ano e investimento de R$ 2 bilhões em 2023 para a recuperação da rede, além de ressaltar abertura de diálogo com o setor produtivo. “A gente tem relacionamento e diálogo constante com todas as entidades de classe, com todos os sindicatos rurais. A nossa presença está capilarizada no estado inteiro; nossas portas estão sempre abertas a todas as entidades”, diz Vieira.

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