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Só 25% das crianças de até 3 anos de Goiás estão na pré-escola

Wildes Barbosa
Cmei no Morada do Sol: Prefeitura foi obrigada a garantir vagas para crianças em Goiânia

Apenas um quarto das crianças com até 3 anos de idade frequenta a pré-escola em Goiás. Em 2022, a taxa de escolarização foi 25,3%, o equivalente a 101 mil estudantes. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), módulo Educação, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os principais motivos são a opção dos pais, a inexistência de escolas ou falta de vagas nas instituições existentes.

Depois de uma estabilização entre 2018 e 2019 (24,9%), a taxa teve um crescimento em 2022. Ainda assim, o número continua abaixo da taxa de escolarização brasileira para a faixa etária de até 3 anos. No País, a taxa foi 36%, o equivalente a 4,1 milhões de estudantes. O porcentual se manteve estável em relação a 2019 e cresceu quando comparado com 2016.

A primeira meta do Plano Nacional de Educação (PNE) tem como objetivo universalizar a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 e 5 anos e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos até o final da vigência deste PNE (2024). Considerando os dados relativos à taxa de escolarização de crianças com até 3 anos, Goiás atingiu apenas a metade da meta em 2022.

O superintendente do IBGE em Goiás, Edson Vieira, explica que por conta da pouca idade dessas crianças, muitas pessoas optam por ficar com elas em casa. “São crianças que requerem muitos cuidados. Precisa existir uma relação de confiança muito grande por parte dos pais para colocá-las nas escolas”, diz.

Vieira esclarece ainda que um dos fatores que podem explicar o crescimento da taxa de escolarização das crianças com até 3 anos entre 2019 e 2022, é a necessidade de muitos dos responsáveis de trabalhar. “A população vem sofrendo com uma inflação alta, o que leva muitas pessoas a procurarem uma forma de aumentar a renda. Não tendo outras opções, esses pais levam as crianças para as creches”, afirma.

Conforme o DAQUI mostrou em reportagem publicada em maio, do total de 953 ações ajuizadas, a Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) garantiu que a Prefeitura de Goiânia matriculasse 488 crianças em Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) e escolas municipais.

Para conseguir a vaga das outras 465, o órgão solicitou o bloqueio de recursos do município para arcar com o custo em instituições particulares. Os processos foram abertos durante o mutirão da defensoria em janeiro deste ano. O órgão recebia uma média de 40 reclamações diárias de famílias diante da falta de vagas nas unidades de ensino da capital goiana.

Ainda de acordo com os dados da Pnad Contínua, entre as crianças de 4 e 5 anos, faixa correspondente à pré-escola, a taxa de escolarização foi 85% em 2022, totalizando quase 184 mil crianças. O número está aquém da primeira meta do PNE para o grupo, que prevê a universalização até 2024.

Desde 2016, a universalização da escolarização já está praticamente alcançada na faixa de idade de 6 a 14 anos (99,3%). Em 2022, a taxa de escolarização entre os jovens de 15 a 17 anos, em 2022, foi de 93,6%, número que apresentou crescimento em relação a 2019 (veja quadro). Entre as pessoas de 18 a 24 anos e aquelas com 25 anos ou mais, 30,1% e 4,9% estavam frequentando escola.

Educação básica

A pesquisa evidenciou ainda que quase metade da população de 25 anos ou mais em Goiás ainda não finalizou a educação básica obrigatória. No estado, a proporção de pessoas de 25 anos ou mais de idade que concluíram, no mínimo, o ensino médio, manteve uma trajetória de crescimento e alcançou 29,1%. Em 2016, eram 26,6%.

Apesar dos avanços, em 2022, mais da metade da população (48,1%) de 25 anos ou mais no estado, não havia completado a educação escolar básica, o equivalente a 2,2 milhões de pessoas. Entre aqueles que não completaram a educação básica, 5,9% eram sem instrução, 28,5% tinham o ensino fundamental incompleto, 7,6% tinham o ensino fundamental completo e 6,1%, o ensino médio incompleto.

A Pnad Contínua apontou ainda que, em 2022, havia 260 mil pessoas com 15 anos ou mais analfabetas em Goiás. O número é o equivalente a uma taxa de analfabetismo de 4,5%. Em relação a 2019 (4,6%), a taxa se manteve estável.

De acordo com o IBGE, o dado está diretamente associado à idade: quanto maior a faixa etária, maior a proporção de analfabetos. Em 2022, eram 152 mil analfabetos com 60 anos ou mais, o que equivale a uma taxa de analfabetismo de 16,6%. Já em 2019, a faixa etária registrou uma a taxa de analfabetismo de 17,2%, com 147 mil pessoas nessa condição.

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