Geral

Só 4% dos profissionais da saúde se vacinaram com dose bivalente em Goiânia

Fábio Lima
Centro Municipal de Vacinação de Goiânia: cobertura vacinal da dose bivalente está aquém do esperado

Apenas 2,9 mil (4%) dos cerca de 70 mil profissionais de saúde de Goiânia já se imunizaram com a dose de reforço bivalente da vacina contra a Covid-19. O secretário municipal de Saúde, Durval Pedroso, acredita que o maior gargalo está entre os profissionais que atuam na rede privada. A pasta irá fazer uma parceria com a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) para imunizar trabalhadores in loco. A informação foi dada na manhã desta quinta-feira (30) durante a participação do secretário no programa Café com CBN.

Na capital, apenas 53,2 mil pessoas do público-alvo de cerca de 290 mil já receberam o reforço bivalente. A dose está disponível para idosos, pessoas vivendo em instituições de longa permanência, imunocomprometido, indígenas, povos e comunidades tradicionais, profissionais de saúde, pessoas com deficiência permanente, população privada de liberdade, adolescentes cumprindo medidas socioeducativas e funcionários do sistema prisional. Somente pessoas com 12 anos ou mais estão aptas a receber o reforço.

“A cobertura não está dentro do que esperávamos. Os idosos de 60 e 70 anos dão exemplo. Eles puxam a fila e têm responsabilidade. O desafio dos 50 anos para baixo sempre foi muito grande. Entretanto, nunca imaginamos que trabalhadores da saúde seriam um desafio como tem sido. Ficamos muito frustrados”, explica Pedroso.

Reportagem publicada no dia 17 de março mostrou que a baixa adesão à vacinação com a dose bivalente fez com que o calendário de imunização fosse antecipado. Até então, a vacinação de profissionais de saúde, pessoas com deficiência permanente, população privada de liberdade, funcionários do sistema prisional e ainda adolescentes cumprindo medidas socioeducativas iria acontecer apenas a partir do dia 17 de abril. Entretanto, devido a pouca procura, os grupos estão liberados para receber o imunizante desde o dia 20 deste mês.

O titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) acredita que o maior gargalo da vacinação dos profissionais de saúde está entre aqueles que atuam na rede privada. “Os que estão no setor público tem um acesso cotidiano ao aparelho de Saúde. Agora, temos que ir atrás dos que estão no setor suplementar e na rede filantrópica. Essas pessoas são uma grande preocupação pois estão na linha de frente (do combate à doença)”, pondera Pedroso.

Pensando nisso, a SMS firmou uma parceria com a Ahpaceg para levar a vacinação até os trabalhadores dos hospitais associados que ficam na capital. A partir de próxima semana, serão montados pontos de vacinação dentro das unidades. Eles irão funcionar por até três dias. Os hospitais irão apoiar a imunização. “Iremos disponibilizar a vacina sob supervisão e responsabilidade da Secretaria.”

Ahpaceg

O presidente da Ahpaceg, Haikal Helou, aponta que com o abrandamento da pandemia da Covid-19, a preocupação da população com a doença também diminuiu, inclusive entre os profissionais de saúde. “Percebemos uma desmobilização e desinteresse geral. Porém, é importante pontuar que a situação não melhorou por acaso. A vacina foi a responsável. Além disso, é preciso lembrar que a Covid-19 ainda não desapareceu”, diz. Em Goiânia, os hospitais associados à Ahpaceg contam com cerca de 6 mil funcionários.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde/GO), Néia Vieira, esclarece que por conta das longas jornadas de trabalho dos profissionais de saúde, é importante que a imunização seja ofertada ao grupo in loco e por meio de vacinação volante. “O acesso precisa ser mais fácil. Muitos não conseguem ir até os postinhos no horário em que eles estão abertos. Além disso, faltou a Prefeitura fazer uma propaganda mais intensa anunciando a imunização da categoria. Alguns profissionais ainda não sabem”, afirma.

Goiás

Em Goiás, de acordo com informações do Vacinômetro Covid-19, do Ministério da Saúde, já foram aplicadas 157,8 mil doses do reforço bivalente, o que significa que apenas 15,7% do público-alvo de cerca de 1 milhão de pessoas foi alcançado. A proporção de vacinados no estado também cresceu pouco nos últimos 15 dias. Em 17 de março, eram 103,1 mil imunizados com a dose bivalente, o que representava 10,1% do público-alvo. O ideal era que 90% do grupo fosse vacinado.

Já em relação à vacina monovalente, de acordo com dados da SMS atualizados nesta quinta-feira, 1,2 milhão (82%) de pessoas já tomaram a primeira dose e 1,1 milhão (77%) a segunda dose ou dose única da vacina contra Covid-19 em Goiânia. Um total de 290,9 mil moradores da capital não tomaram sequer a primeira dose do imunizante. Em Goiás, segundo o Painel da Covid-19, da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), 5,9 milhões (84%) de pessoas tomaram a primeira dose e 5,3 milhões (76%) a segunda dose ou única da vacina contra a doença, sendo que 706,5 mil goianos ainda estão com a segunda dose em atraso.

Comentários
Os comentários publicados aqui não representam a opinião do jornal e são de total responsabilidade de seus autores.
ANUNCIE AQUI