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Só duas de dez pontes desgastadas tiveram obras de reparação em Goiânia

Wildes Barbosa
Ponte na Rua José Hermano tem rachaduras aparentes e poças

Apenas duas das dez pontes de Goiânia que, em 2019, foram consideradas com os maiores graus de deterioração da capital por uma vistoria do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO), tiveram encaminhamento para solucionar os problemas. A Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) afirma que os outros locais estão sendo estudados para a elaboração de um plano de intervenções.

Os alvos de ações da Prefeitura foram as pontes da Avenida Acary Passos, no Residencial Vale do Araguaia, e da Avenida das Pirâmides, no Jardim Califórnia. Ambas ficam sobre o Córrego Água Branca. De acordo com a Seinfra, nos dois locais, “os problemas foram solucionados’’. Pontes nas avenidas T-9, T-63, Marechal Rondon, Universitária e Presidente Kennedy ainda precisam de intervenções. A ponte da rua José Hermano, no Setor Gentil Meireles, e o viaduto da BR-153, entre o Jardim Goiás e o Jardim Novo Mundo, também estão na lista.

A gestora do departamento técnica do Crea-GO, Rosana Brandão, foi uma das autoras do relatório e explica que os principais problemas encontrados foram estruturais. Um deles é o processo de lixiviação, quando a impermeabilização da ponte é comprometida e o concreto começa a ficar poroso devido a perda de propriedades e compostos. “Começa como um problema de durabilidade, ligado a drenagem, e depois avança para um processo estrutural. Costumamos dizer que a ponte fica ‘osteoporose’.”

Além disso, as estruturas também foram submetidas ao processo de fissuração, que causa a corrosão. Na prática, isso significa que quando uma ponte passa a ter fissuras, o concreto dela deixa de proteger e a estrutura armada, que fica exposta a ação de intempéries, como a umidade, e isto faz com que o aço seja corroído. Em 2019, por exemplo, o relatório mostrou que a fundação da ponte na Avenida T-63, no Jardim América, estava com a fundação exposta.“Tudo isso deixa as pontes mais frágeis. Nos últimos três anos podemos afirmar que os danos que não foram remediados, com certeza, aumentaram progressivamente. Os períodos chuvosos são sempre críticos”, destaca Rosana.

BUEIRO CELULAR

A Seinfra comunicou que a ponte da Avenida Acary Passos foi transformada em um bueiro celular. Rosana esclarece que não existe nenhum problema nisso, desde que o fluxo de água no local não seja muito volumoso, especialmente durante o período chuvoso. “É preciso que o bueiro comporte a quantidade de água que vai passar por ali para não acabar extravasando, o que comprometeria a estabilidade da via pública”, diz. Sobre a ponte da Avenida das Pirâmides, a pasta informou apenas que “foram feitas as intervenções necessárias.”

Em alguns dos outros locais a Prefeitura promoveu ações pontuais. No fim de setembro deste ano, por exemplo, uma reportagem do DAQUI mostrou que intervenções estavam sendo feitas na ponte da Avenida Marechal Rondon, na Vila São Luiz. Na ocasião, a Seinfra comunicou que a ponte passava por monitoramento constante e que naquele momento estava sendo feita uma obra de recuperação de enrocamento, que consistente na acomodação de pedras nas margens do curso d’água para evitar erosões que possam afetar a estrutura da ponte que fica sobre o Ribeirão Anicuns.

Entretanto, Rosana relata que ações emergenciais não são suficientes. “É preciso sanar todas as deficiências dessas pontes para conseguirmos conservá-las. Quanto antes os reparos forem feitos, mais simples e baratos eles tendem a ser. Quando os comprometimentos permanecem por muito tempo, corre-se o risco de ter de derrubar a ponte. Os danos estruturais não aumentam de forma linear. É sempre de maneira exponencial”, aponta.

O trabalho produzido pelo Crea-GO em 2019 foi fruto de uma análise visual. Porém, Rosana explica que é importante que o poder público promova inspeções mais completas. “Elas são essenciais para descobrir a profundidade dos problemas. Além disso, essas estruturas costumam estar inseridas em ambientes com um tráfego muito intenso de veículos. O gás carbônico agride o concreto. O mesmo vale para os cursos d’água, que têm contaminantes que prejudicam a estrutura. Por isso, essas inspeções também são importantes para a manutenção das pontes, mantendo elas em bom estado”, conta.

Para além das pontes das avenidas das Pirâmides e Acary Passos, a Seinfra informou que foram realizadas atualizações sobre o estado de cada uma das outras oito unidades. “O levantamento foi enviado ao Ministério Público de Goiás (MP-GO)” e “está em curso um estudo para elaboração de um plano de intervenções, em conformidade com as principais e mais urgentes necessidades”, destaca trecho de nota enviado pela pasta, que reforçou que “a população pode sempre encaminhar reclamações e solicitações pelo aplicativo Prefeitura 24h.”

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