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Saúde vai fechar e absorver unidades em prédios maiores

Diomício Gomes / O Popular
Área onde será construída a USF Santa Fé, sua conclusão fará com que as unidades dos setores Santa Rita e Grajaú sejam extintas

Anunciadas como parte do programa Goiânia Adiante da Prefeitura, a construção de 12 unidades modulares de saúde promoverá uma reestruturação na rede de atendimento primário na capital. A intenção, que já foi iniciada em outras obras da atual gestão do Paço Municipal, é a construção de Unidades de Saúde da Família (USFs) maiores e que possam atender uma maior quantidade de pessoas, aumentando a área de abrangência. Para tal, haverá a descontinuidade de locais menores em outros bairros, que estão situados em imóveis quase sempre alugados ou com estrutura antiga e precária.

Isso vai acontecer, por exemplo, com a USF Santa Fé, cuja obra foi iniciada no dia 9 de fevereiro passado na Rua Antônio Luiz de Pina, APM 19, Residencial Santa Fé I, na Região Sudoeste de Goiânia. Até então, as unidades mais próximas aos moradores do bairro eram no Setor Santa Rita ou no Setor Grajaú, localizados a até 5 quilômetros de distância a depender da rua. Com a finalização da obra, o que deve ocorrer até o final deste ano, as unidades básicas de saúde destes outros dois setores deixarão de existir e os atendimentos passarão a ser realizados apenas no Santa Fé.

De acordo com a vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde de Goiás (Sindsaúde-GO), Néia Vieira, a ação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) vai na contramão do que se espera do atendimento primário, como é o caso das unidades de saúde da família. “A ideia da atenção primária é a proximidade daquela comunidade, que as pessoas tenham confiança e conheçam os servidores. Quando aumenta muito a abrangência e o número de atendimentos, isso acaba ficando mais despersonalizado, afasta as pessoas do atendimento primário”, afirma.

Para ela, a construção das unidades maiores e que centralizam os atendimentos em detrimento aos postos menores e de conhecimento dos moradores reforça a tendência de que a população não faça a atenção primária, que consiste em um acompanhamento do paciente até para a prevenção de doenças. “Faz com que as pessoas já sigam direto para as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e urgências e emergências, e quase sempre vão sair de lá sem o atendimento porque não foram encaminhadas, diagnosticadas, além de já estarem com um problema mais grave, que poderia ser tratado no atendimento primário”, argumenta Néia.

A vice-presidente do Sindsaúde-GO entende que essa lógica adotada pela SMS subverte as premissas do Sistema Único de Saúde (SUS). O titular da SMS, Durval Pedroso, discorda e aponta que a forma da atenção primária não vai mudar e as novas unidades vão permitir maior conforto para os pacientes e contato com as equipes de saúde, com acessibilidade e locais como auditórios e até mesmo sala para aprendizagem sobre escovação dentária. “São módulos que terão de 3 a 5 equipes de saúde, no máximo, que vão substituir pequenas casinhas de aluguel que não possuem estrutura.”

Pedroso cita como exemplo o caso da unidade de saúde do Setor Vale dos Sonhos, hoje situada em um imóvel alugado e sem acessibilidade, contando com uma escada, que dificulta o atendimento a pacientes com mobilidade reduzida. “Hoje tem o gasto com as unidades alugadas e as equipes de saúde não conseguem cumprir as metas do Previne Brasil (programa do Ministério da Saúde que determina a remuneração via SUS pela quantidade de atendimentos). Vão ser substituídas por equipamentos modernos, que aumenta a capacidade de atendimento”, explica o secretário.

Locomoção mais difícil

Outro ponto é sobre a mudança de localização das unidades para outros bairros, o que para Néia também pode indicar uma dificuldade das pessoas em se encaminharem para a Unidade de Saúde da Família, ao modificar o cotidiano dos moradores daquela região. Por outro lado, ela considera que é sim necessária a construção de novas estruturas, visto que as atuais são precárias. “Mas o ideal seria a construção de várias unidades menores nos bairros, mais próximas aos moradores nos bairros”, diz ela. Já o secretário reforça que haveria uma necessidade de ter áreas disponíveis em diversos setores, além do gasto com os projetos e novas licitações.

Na construção da USF Santa Fé, que tem custo previsto de R$ 3,9 milhões, já foi iniciado o fechamento das áreas e dos estudos topográficos, a terraplanagem e a montagem da área de convivência e de construção. A situação é a mesma da USF Vale dos Sonhos, na Região Norte da capital, que teve o serviço iniciado em 25 de janeiro, com custeio semelhante e com o planejamento para atender cerca de 12 mil moradores dos bairros Residencial Bela Goiânia, Residencial Elizene Santana, Residencial João Paulo 2 e Residencial Vale Dos Sonhos 2. Já o USF Lorena Parque, na Região Oeste, com obras começadas no dia 4 de janeiro, já está com a fundação iniciada.

Duas unidades de saúde vão ser reconstruídas

Sem a viabilidade de realização de reformas devido a situação dos imóveis, o Centro de Atendimento Integral à Saúde (Cais) Bairro Goiá e o Centro de Saúde da Família (CSF) Leste Universitário terão de ser demolidos e serão construídas estruturas modulares nos mesmos locais. 

O secretário municipal de Saúde, Durval Pedroso, explica que a situação do Cais requer mais cuidado por se tratar de uma unidade que funciona 24 horas, com atendimento integral aos pacientes, e a paralisação do funcionamento redundaria em um problema para a rede. Até por isso, há um projeto em análise para que seja possível aproveitar a estrutura existente para construir um equipamento modular temporário, para a continuidade do funcionamento. 

Já no caso do CSF Leste Universitário, por não conceder o atendimento integral, a ideia é realocar as equipes até a realização de uma nova construção no local, que teria uma duração de cerca de 120 dias. Pedroso reforça ainda que a SMS tem atuado em obras de manutenção predial, como serviços de pintura e outros consertos, em diversas unidades de saúde.

Além disso, também dentro do Programa Goiânia Adiante, há a reforma total de seis unidades de saúde, sendo que três já estão em andamento, como no Centro de Zoonoses. Há ainda a reforma do Ciams Pedro Ludovico, que será transformado em Centro de Especialidades Municipal (Cem), “em que os trabalhos estão na reestruturação da parte elétrica, esquadrilhas, azulejos, reboco e telhado. Na Upa Guanabara, no momento, os trabalhos se concentram na reforma do telhado”, informa a secretaria.

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