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Sargento que matou PM goiano é indiciado por homicídio

Reprodução
Cãmera de segurança mostrou como foi a briga: na imagem, Jefferson José da Silva (de rosa) no momento em que caiu no chão tentando segurar Diego Purcina pela cabeça; os dois estavam armados no bar

O sargento Jefferson José da Silva, de 53 anos, foi indiciado por homicídio com um agravante por motivo fútil pela morte do soldado da PM de Goiás, Diego Santos Purcina, de 30, durante uma briga em um bar no Novo Gama, no entorno do Distrito Federal. Para a Polícia Civil, apesar de ter imagens de câmeras de segurança do local mostrando a sequência de fatos que levou ao crime, não foi possível averiguar a versão dada por Jefferson de que agiu em legítima defesa durante uma confusão generalizada.

Diego foi morto com um tiro na barriga durante briga no bar na noite do dia 2 de março, um sábado. Ele estava com a esposa em uma mesa de amigos, enquanto o sargento estava em outra, ao lado, todos bem próximos. A Polícia Civil não apontou o que de fato motivou o início da confusão. Pelas imagens, é possível ver que o sargento também se feriu, sangrando.

Em seu relatório, o delegado Taylor do Nascimento Brito, do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH), afirma que sete pessoas se envolveram na briga, que começou entre a mulher de Diego e uma amiga de Jefferson. A vítima foi a quinta pessoa a entrar na confusão e o acusado, a sexta. O sargento deu o disparo quando caiu no chão enquanto era agredido por Diego e um amigo deste. O tiro atingiu o soldado na barriga, e ele morreu no local.

No vídeo que foi anexado ao processo, é possível ver o momento em que Jefferson cai, e enquanto retira a arma da cintura leva socos primeiro do amigo de Diego e depois da própria vítima. Foram quatro socos da vítima até o sargento conseguir sacar a arma e atirar em sua direção. Junto a eles, neste momento, estavam a esposa de Diego e uma outra mulher não identificada no relatório final do inquérito. Pelo vídeo, durou sete segundos o momento entre a queda, os socos e o disparo.

O delegado afirma no documento que há provas suficientes para indiciar o sargento por homicídio qualificado por motivo fútil. “As testemunhas envolvidas na briga prestaram depoimentos contraditórios em relação a quem foi o responsável pelo início das agressões, fato que impediu uma análise da tese de legítima defesa alegada pelo interrogado (Jefferson)”, afirmou Taylor. Para o delegado, o único fato “comprovado de forma satisfatória” foi o disparo dado durante uma briga generalizada dentro de um ambiente com muitas pessoas presentes.

Em depoimento na delegacia, Jefferson afirma que deu o disparo “para cessar agressão”. “Eu estava sendo agredido já no chão. Eu estava sendo esmurrado (antes de cair), então já estava sem noção de quase nada, com sangue descendo no rosto, e aí o disparo foi para parar com a agressão”, afirmou em interrogatório gravado e anexado ao inquérito. Ele também argumenta que se envolveu na confusão para afastar um amigo que estava apanhando.

Nas imagens é possível ver que Jefferson, ao se aproximar da briga, vai em direção ao soldado, que no momento agredia seu amigo. Em seguida, dá um soco em sua cabeça e é segurado pela esposa da vítima. Antes de se desequilibrar e cair junto com a mulher, o sargento ainda dá mais um soco em Diego e tenta segurá-lo pela cabeça.

O sargento também foi indiciado por resistência à prisão. De acordo com os policiais militares, ele se recusou a se entregar, de forma que teriam sido necessários dois disparos de arma não-letal para contê-lo.

Jefferson foi preso em flagrante e levado inicialmente para o presídio militar em Goiânia. Entretanto, a direção desta unidade pediu a transferência do policial para uma similar no Distrito Federal sob argumento de que não tinha condições estruturais de manter a segurança do acusado e que este recebeu ameaças de morte pelos outros internos, todos policiais militares goianos na ativa ou da reserva. A Justiça autorizou a transferência na semana passada.

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