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Seinfra diz que alagamentos se repetirão em dias de temporais em Goiânia

Diomício Gomes
Limpeza de entrada de bueiro do Córrego Cascavel, no Setor Aeroviário

Enxurradas, enchentes e alagamentos vão continuar sendo uma certeza em Goiânia nos dias de temporais de verão, caracterizados por índices pluviométricos acima de 30 milímetros (mm) em pouco tempo. No domingo (7), a região Sudoeste da cidade recebeu em 2 horas uma chuva estimada em 80 mm, na cabeceira do Córrego Cascavel, o que foi o suficiente para gerar problemas ao longo da cidade.

O temporal causou a cheia do córrego e também do Ribeirão Anicuns, onde ele deságua, e alagamentos ocorreram nas regiões Sudoeste, Central e Norte da capital. Essa foi a terceira chuva intensa no ano e todas elas redundaram em consequências para moradores e transeuntes.

O titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), Denes Pereira, afirma que uma chuva de quase 100 mm em duas horas prejudicaria qualquer cidade e que, embora o Paço tenha feito intervenções, em situações como essa, haverá problemas. “No começo da tarde (de domingo) eu já avisei toda a diretoria da Seinfra e a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) de que teríamos problemas, porque viria um temporal. Ficamos até 1 hora conversando com o pessoal da Defesa Civil”, diz.

Ele acredita que o principal problema foi a cheia dos cursos d´água. “Aí não é um problema de galeria, é questão de adensamento urbano, ocupação dos fundos de vale.”

De acordo com o gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim, para a região Sudoeste da capital é feita uma estimativa do índice pluviométrico, com base nas medições mais próximas. Em Aparecida de Goiânia, na região do Setor Garavelo, a precipitação chegou a 110,8 mm, enquanto que no Cidade Vera Cruz a medição foi de 100 mm.

O Cimehgo, então, calcula que na cabeceira do Córrego Cascavel tenha caído 80 mm de chuva intensa por duas horas. O volume é menor do que o registrado no dia 31 de dezembro passado, por exemplo. Na ocasião, Goiânia teve alagamentos na região Noroeste, principalmente, onde choveu 102 mm.

Amorim explica que a chuva do dia 31 foi espalhada em toda a cidade, chegando a 89 mm na região Central, por exemplo. No entanto, o temporal deste domingo (7) foi mais concentrado na divisa entre Goiânia e Aparecida de Goiânia, de modo que acredita-se que o problema tenha sido a cheia do Cascavel, que cruza a capital no sentido Sudoeste-Norte, e também do Córrego Vaca Brava Este deságua no Cascavel, que vai até o Ribeirão Anicuns.

“Foi uma chuva de verão normal para o período, como outras que tivemos, Não foi a mais forte dos últimos anos, nem mais forte do que do dia 31”, explica. Porém, ele lembra que as chuvas já consideradas normais são muito intensas e em pouco tempo, em razão do fenômeno El Niño.

Segundo Denes Pereira, se não fossem as intervenções que a Prefeitura fez ao longo do ano passado, a situação seria ainda pior. Ele conta que foram feitas limpezas de bocas de lobo e bueiros em toda a cidade e que, em alguns pontos que havia alagamentos durante temporais, foram resolvidos.

“Em alguns lugares, só com a limpeza dos bueiros já resolveu. Mas não tem jeito, a água vai para algum lugar, aí precisamos de intervenções mais estruturais, que com o Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU, previsto para ser finalizado em dezembro deste ano), vamos saber onde fazer”, afirma.

O secretário ressalta que a Seinfra já tem as soluções para os alagamentos e enxurradas, que seria a construção de baciões, um espaço físico capaz de armazenar a água da chuva e escoá-la aos poucos, evitando o alto volume nas vias e córregos. A questão, no entanto, é a necessidade de estudos que vão determinar onde essas estruturas devem ser instaladas para conseguir o resultado esperado, o que ocorrerá no PDDU, que está sendo realizado em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG). Enquanto isso, diz Pereira, a Seinfra tem feito obras pontuais, como na Avenida C-107, do Jardim América, na Avenida Padre Monte, do Bairro Goiá, e na Avenida H, no Jardim Goiás, que ainda está em andamento.

“Não vamos conseguir resolver tudo. O prefeito Rogério nunca disse que acabaria com o problema de alagamento da cidade, mas que começaria a agir sobre isso. A gestão está fazendo isso. Daqui para frente, nenhuma outra gestão vai poder administrar sem falar em drenagem urbana, e isso começou com o Rogério”, diz.

Abrangência

O engenheiro e presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO), Lamartine Moreira, entende que as obras pontuais, em que não há um planejamento sobre toda a bacia hidrográfica local, não resolve o problema de alagamentos, enchentes e enxurradas. “É como fizeram com a Marginal Botafogo, tiveram as intervenções na gestão passada, mas não analisaram a bacia como um todo. Se não começar a coletar lá de cima, da cabeceira, e fazer uma drenagem específica para o rio, não adianta”, acredita.

Ele lembra também que não adiantaria a Prefeitura fazer a galeria pluvial e a população continuar destinando o lixo incorretamente, o que possibilita o entupimento das tubulações. Outro ponto ressaltado por ele é a falta de locais para a permeabilidade da água, já que um aumento das construções, com maior quantidade de cobertura do solo por concreto, impede que a água percole. “Não tem para onde infiltrar. A água sai na sarjeta, vai para a via pública e bueiro.”

Moreira ressalta também que a solução dos problemas de drenagem urbana é demorada e requer mais que uma gestão da Prefeitura, sendo necessários investimentos altos.

“Agora que estão trabalhando no Plano de Drenagem e se não pensar ao longo das redes, só resolver pontualmente, não vai solucionar”, garante. O presidente do Crea-GO afirma que a entidade tem participado das discussões acerca do PDDU.

“Fizemos as nossas contribuições, mas se elas vão ser acatadas não sabemos ainda. Temos de esperar terminar o plano. O nosso grupo faz observações ao plano, nós queremos ajudar com os especialistas que temos”, considera. Ele lembra, por exemplo, que a entidade também participou do Plano Diretor, em 2022, mas não foi atendida nas observações que foram feitas tecnicamente.

Redação
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