Geral

Sem chuva, Rio Meia Ponte entra em nível crítico

Wesley Costa
Rio Meia Ponte representa 36% do sistema de abastecimento público de Goiânia

Após mais de três meses sem precipitação, a vazão do Rio Meia Ponte entrou em nível crítico no fim de julho, registrando média de 4,9 mil litros por segundo (L/s) em sete dias. O manancial não atingia o nível de criticidade de forma tão precoce desde 2019, quando a vazão reduzida foi registrada um mês antes do que o observado neste ano. E a situação deve persistir por mais meses, já que a tendência é de que as chuvas retornem apenas em meados de outubro.

O Meia Ponte é responsável pelo abastecimento público de 36% da cidade de Goiânia, e atende parte da Região Metropolitana, como Aparecida de Goiânia, Goianira e Trindade. Dessa forma, a vazão é acompanhada diariamente pelo Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo) para que medidas sejam tomadas diante de cenários de menor reserva de água. Ao todo, são seis níveis de segurança, que variam do nível atenção ao nível crítico 4.

Neste ano, o ingresso no nível crítico 1, que significa que a vazão de escoamento é igual ou menor que 5,5 mil L/s, ocorreu no último dia 26. Em 2021, a entrada aconteceu apenas dois dias depois, em 28 de julho. Mas o recorde foi em 2019, um ano marcado por vazão média mensal abaixo do registrado nos anos consecutivos, que o nível de segurança foi atingido de forma ainda mais célere, em 26 de junho. Naquele ano, em setembro, o Meia Ponte marcava o nível mais crítico, com vazão menor que 2 mil L/s. Desde então, o manancial chegou apenas ao nível crítico 3, o penúltimo da classificação, em 2021.

Gerente do Cimehgo, André Amorim aponta que a irregularidade das chuvas é o fator principal para a queda no nível dos mananciais do Estado, como o Meia Ponte. A situação neste ano foi ainda influenciada pelo El Niño, que causa o aquecimento do Oceano Pacífico. Mesmo que não esteja mais em atuação, Amorim aponta que o fenômeno climático deixou “heranças”. Ao mesmo tempo, explica, o prognóstico para os próximos 15 dias não aponta para possibilidade de chuva, mas as temperaturas podem contar com queda.

As chuvas devem começar a cair com maior regularidade em meados de outubro. A tendência, entretanto, é que fique abaixo da média naquele mês. Já em novembro, pode ficar acima da média. “Teremos um período de estiagem maior”, comenta, ao acrescentar que a precipitação nos últimos 10 anos tem ficado abaixo do esperado.

A presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte (CBH Meia Ponte), Elaine Farinelli pondera que mesmo com um cenário de seca mais estendida e momento mais crítico na vazão do manancial, não há risco de racionamento de água. “Por enquanto não tem”, comenta. Ela pontua ainda que, conforme a vazão vai baixando, novas medidas vão sendo tomadas para evitar o desabastecimento. As ações são listadas no painel de monitoramento do Meia Ponte, mas, até o nível crítico 1, as providências consistem em manter captação de 2 mil L/s para abastecimento público, além de ampliar as campanhas sobre uso racional da água e as reuniões com usuários da bacia.

Abastecimento

Hoje, o Rio Meia Ponte representa 36% do sistema de abastecimento público de Goiânia. A outra parte da capital é abastecida pelo Sistema João Leite (27%) e Mauro Borges (37%). “Para garantir a estabilidade no abastecimento, o Sistema Meia Ponte está interligado ao João Leite, por meio de uma adutora de integração. Com isso, se necessário, é possível utilizar água reservada do João Leite para abastecer bairros atendidos pelo Rio Meia Ponte, dando segurança à população”, diz a Saneago, em nota.

A concessionária destaca ainda que o abastecimento nos municípios atendidos pela mesma tem ocorrido “sem intermitências” desde 2019. “Atualmente, o sistema de abastecimento de Goiânia está operando com qualidade e regularidade. A vazão atual do Rio Meia Ponte é suficiente para manter o abastecimento dentro da normalidade.”

Dentre as ações citadas pela Saneago diante do atual nível de criticidade está o reforço na campanha de consumo consciente em todo o Estado, além de medidas para reduzir a perda de água na distribuição. “Enquanto a média nacional de perdas atinge 37,8%, os índices atualizados da companhia são de apenas 25% para Goiás e 12,5% para Goiânia. No entanto, a estiagem demanda cautela. Assim, é fundamental que a população também faça sua parte por meio do consumo consciente da água, evitando desperdícios”, complementa.

Redação
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