Em meio á falta de informações sobre o real tamanho e os motivos da atual crise na coleta de lixo na capital, a Companhia Municipal de Urbanização (Comurg) anunciou o relançamento nos próximos dias do edital para locação de caminhões compactadores para o serviço. Paralelo a isso, a empresa deu início nesta terça-feira (17) a uma força-tarefa envolvendo servidores de outras áreas da companhia, como o de podas de árvores e manutenção de praças e canteiros, e mais caminhões caçamba que os de costume para conseguir recolher o lixo acumulado durante o feriado prolongado de 12 de outubro.
O edital da Comurg foi lançado inicialmente no fim de maio sem ter o valor revelado e previa a locação de até 30 caminhões compactadores por até cinco anos, sendo que tanto o volume de veículos como o tempo do contrato iriam variar conforme a demanda do momento e a concretização de outra licitação anunciada na época pela Prefeitura de Goiânia para terceirização do serviço de coleta para uma empresa particular.
O Paço Municipal cancelou o edital por determinação do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM-GO), que encontrou irregularidades no documento, inclusive sobrepreço. Já a Comurg decidiu adiar por tempo indeterminado a sua licitação alegando alterações supostamente necessárias, mas que nunca foram explicadas. Até o começo desta semana, a informação nos bastidores é que a Prefeitura e a companhia encontravam entraves políticos para levar os processos adiante.
A Comurg alega que os caminhões compactadores de sua propriedade estão com a vida útil vencida e que a quebra constante dos mesmos afeta a qualidade no serviço de coleta. Porém, se recusa a informar quantos estiveram quebrados nos últimos dias, quantos estiveram circulando e quantos de outros modelos, não adequados para a coleta, foram usados como reforço na força-tarefa ou mesmo nos dias anteriores.
A direção da Comurg fala que precisa de 44 a 46 caminhões compactadores em bom estado para atender à demanda dos goianienses. A frota própria da Comurg envolve mais de cem, mas a grande maioria inservível. No começo de setembro, o presidente da companhia, Alisson Borges, disse que conseguia colocar para rodar entre 33 e 37 veículos e nos bons dias até 42. Destes que estão em uso, parte é de 2014 e o restante de 2020.
A reportagem apurou que para a força-tarefa iniciada nesta terça foram usados 22 caminhões compactadores e 33 de outros modelos. Nesta quarta-feira (18), o grupo ia ganhar o reforço de caminhões usados na coleta seletiva. Pelo menos seis compactadores teriam quebrado ao longo do dia. A reportagem flagrou um sendo rebocado para a garagem da Comurg na Vila Aurora no fim da tarde.
Servidores que não são da coleta de lixo e que estavam na força-tarefa nesta terça-feira afirmaram que é a segunda vez que são convocados neste ano. Tanto eles como os coletores entrevistados contaram que a ordem era chegar sete da manhã com previsão de ficarem até o fim da tarde, mas podendo estender o expediente se necessário. As horas extras seriam recorrentes até o lixo extra – cujo volume ninguém soube ou quis detalhar – ser todo retirado das ruas.
A crise atual não é de agora, mas teria se agravado desde a semana passada. Já no segundo semestre do ano passado, quando o atraso na coleta começou a chamar atenção da população, a companhia alegava problema com os caminhões.
O uso de caminhões com caçamba também não é novidade. A reportagem encontrou nesta terça três coletores relatando que há pelo menos dois meses têm feito o serviço nestes veículos não adequados.
Enquanto um caminhão compactador pode recolher de 12 a 15 toneladas por viagem, um com caçamba fica com até três toneladas, segundo estes servidores ouvidos pelo jornal. Os compactadores que estão funcionando teriam sido deslocados para pontos considerados mais críticos no primeiro dia da força-tarefa, cujos trabalhos teriam se concentrado na região leste de Goiânia.
A Comurg não informou quantos servidores atuaram nesta estratégia para recolher até domingo todo o excesso.