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Sem vigilância fixa, UPA é vandalizada em Goiânia

Wesley Costa
Agressor quebrou o vidro que separa atendente do paciente na recepção, além de agredir verbalmente servidores

Um novo episódio de danos ao patrimônio público em Goiânia voltou a ocorrer na noite desta quinta-feira (10) expondo a vulnerabilidade da segurança dos servidores e dos bens que pertencem à toda sociedade. Um homem destruiu parte da recepção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Dr. João Batista de Sousa Junior, no Residencial Itaipú, região Sudoeste da capital, depois de se irritar com profissionais de saúde, alegando demora no atendimento à pessoa que o acompanhava. No local não havia nenhum tipo de vigilância e ninguém ficou ferido.

O caso ocorreu por volta das 19 horas. Logo em seguida à explosão de fúria um dos profissionais de saúde lotados na UPA registrou em vídeo os danos causados pelo agressor, mais tarde identificado como João Batista Lemes Abadia Nascimento. As imagens viralizaram pelas redes sociais. No vídeo, aparecem vidros estraçalhados, um computador e lixeiras quebrados. “Nós precisamos de uma guarda fixa na unidade. Não dá para ficar sem uma segurança mínima para executar o trabalho. Graças a Deus ele não tocou em ninguém, mas isso é patrimônio da Prefeitura”, lembrou o profissional indignado.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia informou que o casal chegou à UPA em busca de sutura para a mulher do agressor e não houve demora no atendimento. “A ficha da paciente foi imediatamente preenchida e ela estava sendo encaminhada para a triagem, quando houve a reação do acompanhante”, afirma o comunicado. Além de agredir verbalmente os servidores, o homem quebrou lixeiras, o vidro que separa o atendente do paciente na recepção e o teclado do computador.

Antes que a mulher fosse atendida, o casal deixou a unidade em uma caminhonete preta enquanto a Guarda Civil Metropolitana (GCM), corporação responsável pela segurança dos bens públicos, era acionada. A reportagem apurou que depois da quebradeira, o casal passou em uma farmácia, comprou material para curativo e retornou para casa. Também em nota, a GCM disse que logo depois de ter sido acionada, localizou o autor dos atos em sua residência. O homem foi detido e conduzido à Central de Flagrantes para as devidas providências legais. 

Sem segurança fixa

É cada vez mais frequente reclamações de servidores públicos sobre falhas no monitoramento da segurança de parques, escolas e unidades de saúde de Goiânia. E também as consequências em razão disso, provocando medo e tensão. As atribuições da GCM vêm crescendo, mas não na mesma proporção do número do efetivo. Desde 2014, a corporação ganhou poderes de polícia, com uso de armas de fogo e ações de policiamento ostensivo, deixando desfalcada a segurança cotidiana de unidades públicas por onde transitam centenas de pessoas. A UPA Itaipu, por exemplo, atende em média 380 pessoas por dia, como informou a SMS. Em caso de violência, quando a GCM é acionada, o dano já foi feito. A corporação divulga o número emergencial 153 para ser acionada em caso de crimes.

A cada momento ganhando mais atribuições, a GCM não possui um efetivo previsto por lei. A Lei Complementar Municipal 353, de 10 de junho de 2022 detalha que para entrar na corporação o cidadão precisa fazer concurso público e o efetivo precisa ser de, no mínimo, 1.985 servidores e no máximo o correspondente a 0,2% da população de Goiânia. No último Censo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que a capital conta com 1.437.237 habitantes. Ou seja, a GCM de Goiânia deveria ter hoje em torno de 2,8 mil servidores.

O efetivo da GCM atualmente está em torno de 1,2 agentes, segundo dado mais recente obtido pela reportagem. O último concurso data de 2006 quando 1,1 mil aprovados foram convocados, quase o total do número de agentes atuando. O prefeito Rogério Cruz autorizou a realização de um concurso para ampliar o efetivo da GCM, com previsão de 700 novas vagas, entretanto o anúncio do certame ainda é aguardado.

Em março de 2022 a corporação assinou um convênio com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) para fiscalizar o trânsito da capital. Depois de muita polêmica, as ações começaram efetivamente um ano depois. Na época, a direção da GCM comentou que 100 agentes seriam direcionados para monitorar crimes de trânsito, mas após intervenção do Ministério Público, apenas 35 foram autorizados.

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