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Serviço de coleta seletiva é suspenso e para cooperativas em Goiânia

Wildes Barbosa
Caminhão com material reciclável estaciona na Cooper Rama, na Chácara São Joaquim, oeste da capital

Um impasse entre a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e o Consórcio Limpa Gyn está afligindo o setor de coleta seletiva na capital, que se encontra desde o fim de semana sem o serviço. É mais uma consequência da transição entre as duas empresas, desde que a Prefeitura de Goiânia optou por terceirizar a limpeza urbana.

Com a coleta paralisada, algumas cooperativas ficaram praticamente sem operar nos últimos dias, o que levou à reação do setor, que organiza manifestação para esta terça-feira (6), na entrada do Aterro Sanitário. Representante do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) no tema, o promotor Juliano Barros de Araújo, titular da 15ª Promotoria de Justiça de Goiânia, também responsável pela área de meio ambiente e urbanismo, confirmou que a estatal cancelou o aluguel de caminhões destinados especificamente à coleta seletiva e que o consórcio não possui os veículos adequados no momento para assumir a tarefa.

O promotor fez contato tanto com a Comurg como com a Secretaria de Infraestrutura Urbana (Seinfra) do município, com vistas a verificar o que estava ocorrendo. Conforme relatou à TV Anhanguera, Juliano obteve das partes a promessa de que o serviço de coleta seletiva seria retomado nesta terça-feira, com os caminhões rodando pelos bairros, restabelecendo o serviço.

Diretora da Cooper Rama,uma das 12 cooperativas da cidade, Dulce Helena do Vale vê todo o setor prejudicado mesmo desde antes do início da transição entre as empresas. É que ela considera que toda a questão já começou equivocada por, em sua visão, as cooperativas e todo o setor de coleta seletiva não terem sido inseridos na discussão sobre as novas bases do serviço em Goiânia. “Não fomos consultados em relação ao contrato. Poderíamos ter participado de forma efetiva de todo esse processo, mas fomos esquecidos.”

Dulce Helena afirma que as reivindicações vão além do retorno do serviço de coleta seletiva. “Nós nos sentimos injustiçados, pois foi feita uma terceirização sem conversar, sem ter um plano de transição. Estamos já há dois meses sofrendo com essa falha”, diz.

As incertezas da coleta têm feito com que pessoas da cadeia produtiva abandonem o trabalho, o que acaba afetando todo os envolvidos. “Se não tivermos material suficiente para processar, o rateio fica menor, recebemos menos. Isso afasta da atividade quem participa dela”, explica. A diretora da Cooper Rama cita também a falta de caminhões apropriados como um problema enfrentado. “Tentaram fazer a operação com veículos de prensa, o que prejudica a reciclagem”, diz.

Apesar de, no início da noite desta segunda-feira (5), a Comurg ter informado de que retomará o serviço de imediato, as cooperativas e movimentos dos trabalhadores em coleta seletiva decidiram manter a manifestação prevista para as 10 horas desta terça. “A coleta seletiva do município de Goiânia está paralisada mais uma vez, gerando impactos profundos no meio ambiente e colocando centenas de famílias de catadores de materiais recicláveis em condição de extrema vulnerabilidade”, afirma a nota à imprensa divulgada pelo conjunto das entidades.

Números de Goiânia

Em Goiânia, o porcentual de coleta seletiva em relação ao total de resíduos é de 3,7%, conforme reportagem do Daqui publicada em 16 de maio. Desde junho, a coleta seletiva está em fase de transição da Comurg para o Consórcio Limpa Gyn, que já havia assumido em abril a coleta de lixo e a remoção de entulhos. Conforme os dados da Comurg, em 2023 foram recolhidas 30.402 toneladas de recicláveis, o que equivale a uma média mensal acima de 2,5 mil toneladas.

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