JOÃO PEDRO SANTOS
A Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) criou uma plataforma para verificar quantas crianças menores de 2 anos estão com a vacinação atrasada, a fim de zerar este atraso. De acordo com a pasta, em Goiás, a taxa de habitantes nesta faixa etária imunizados não atingiu 95% da cobertura em nenhuma das vacinas previstas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), permanecendo em um intervalo entre 70% e 75% de menores vacinados, levando em conta todos os antígenos disponíveis, que incluem hepatite B, sarampo e poliomielite.
Chamado de Painel Imuniza, o sistema cruza dados do PNI, os registros de nascimento de bebês e informações do banco sobre o andamento das vacinas em Goiás. Ao encontrar os menores que estão com a cobertura vacinal incompleta e onde eles residem, as prefeituras dos municípios onde eles moram são notificadas e procuram as famílias, para aplicar as doses necessárias. Por exemplo, em Brazabrantes, residem 64 crianças menores de 2 anos. Deste total, 4 se encontravam com doses em atraso.
História
“Nós precisávamos de um painel que contabilizasse as crianças que estavam com a vacinação em atraso com doses já previstas. Por exemplo, eu tenho um bebê de 2 meses prestes a completar 3 meses de idade. Eu já o havia vacinado anteriormente, mas precisaria aplicar mais uma dose nele devido ao crescimento. Então, o Painel Imuniza foi criado para tentar zerar este número de doses pendentes na população infantil”, conta a gerente de imunização da SES-GO, Joice Dorneles.
Com a plataforma, as prefeituras dos municípios poderão procurar as famílias destas crianças, a fim de sanar um dos maiores obstáculos alegados pelos pais que deixam seus filhos sem as vacinas em dia, segundo Joice. “Muitos alegam o difícil acesso ao imunizante, pelos locais de vacinação funcionarem somente em horário comercial. Mesmo assim, a SES tem trabalhado para flexibilizar os cronogramas de funcionamento, abrindo pontos durante os finais de semana e feriados, e estendendo o horário de fechamento desses locais para mais tarde”, afirma.
Outro fator reforçado pela gerente de imunização da pasta que pais usam para justificar a não vacinação dos filhos é o medo. “Por causa da Covid, muitas pessoas tiveram uma apreensão de serem vacinadas, especialmente por, em alguns casos, o imunizante ter causado alguns efeitos adversos. O que é preciso entender, caso estes efeitos sejam surtidos, já que não aparecem em todo caso, é o seguinte: eles são transitórios”, diz.
Mas, mesmo com o suposto difícil acesso e o medo, Joice destaca a importância crucial da imunização destas crianças. “A vacina é prevenção e traz proteção para doenças que já foram erradicadas, como o sarampo e a poliomielite. O período sazonal que estamos enfrentando agora costuma trazer uma maior circulação de vírus, em especial o da influenza, que tem causado óbitos recentemente”, afirma. Das 52 mortes causadas pela gripe em Goiás em 2023, seis casos tiveram como vítimas crianças menores de 2 anos.
Teste
De acordo com a assessoria de imprensa da SES-GO, a plataforma se encontra ainda em sua versão de teste, solicitando dados das prefeituras de 10 municípios pequenos de Goiás e dando um prazo de cerca de 60 dias para que eles sejam adicionados ao sistema. Dentro da base, estão disponíveis na plataforma fechada apenas para funcionários da SES-GO o nome e o endereço das crianças menores de 2 anos que estão com o calendário vacinal incompleto. Até o momento de fechamento desta reportagem, apenas duas das 10 cidades solicitadas entregaram as informações sobre a população infantil dos mesmos. “Tem prefeituras que têm trabalhado de casa em casa, ou buscando por telefones, ou colaborando com agentes comunitários, fazendo essa interlocução direta com a população”, explica Joice.
Por fim, ela revela que a pasta pretende abarcar todos os 246 municípios do estado com o Painel Imuniza, após o período de testes. “Estamos pegando essas primeiras dez cidades pela mão e orientando-as no uso da plataforma para que elas consigam alcançar estas crianças. Além disso, temos tido um trabalho contínuo em campanhas e ações de rotina em busca de menores não-vacinados”, diz. (João Pedro Santos é estagiário do GJC em parceria com a UFG)