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Situação dos pontos de ônibus na Grande Goiânia piora em cinco anos

Diomício Gomes/O Popular
Cobertura metálica parcialmente caída no Parque Primavera, em Aparecida de Goiânia

O passageiro do transporte coletivo do sistema metropolitano de Goiânia não tem conforto nem quando espera pelo ônibus e a situação está pior a cada ano.

Atualmente, 54,5% dos pontos de embarque e desembarque (PEDs) não possuem qualquer abrigo para os usuários, que aguardam os veículos debaixo de chuva ou de sol, a depender do dia.

São 6.828 pontos na Região Metropolitana, sendo 3.721 que também não possuem local para sentar ou qualquer informação sobre quais as linhas passam naquele ponto, qual itinerário ou o tempo de espera. 

Em 2016, a situação era inversa: 54,16% dos pontos de toda a Região Metropolitana tinham abrigos. Para se ter uma ideia, hoje há 1.765 lugares em que não há qualquer identificação de que ali é um ponto de parada dos ônibus, o que dificulta até mesmo a entrada de usuários novos no sistema, já que não saberiam nem como entrar no veículo. Há cinco anos essa situação já existia, mas em 1.719 lugares de embarque.
 
Outra situação comum e que demonstra o problema para o usuário é que em outros 1.692 PEDs a demarcação de que o lugar é para o embarque e desembarque de passageiros ocorre com a pintura em postes de iluminação pública. Muitos passageiros nem mesmo sabem, mas duas faixas amarelas e uma faixa preta entre elas indicam de que se pode esperar o ônibus por ali, o que ocorria em 1.066 pontos em 2016.

Na Região Metropolitana, ainda há 146 locais em que apenas uma placa indica o ponto, como na GO-462, no Setor Orlando de Moraes, na Região Norte da capital, onde moradores da região improvisaram um banco de madeira. A mesma situação ocorre também no ponto da Avenida S-1 com a Avenida T-65, no Setor Bueno, mas sem o banco improvisado.

A Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), órgão gestor do sistema, alega que “ações de vandalismo muito contribuem para a deterioração desse mobiliário urbano com pichações, afixação de cartazes e propaganda não autorizada”. Além disso, a companhia garante realizar propostas para a obtenção de recursos e sugeriu que a iniciativa privada assumisse esse mobiliário urbano com exploração publicitária.

O órgão lembra que, desde 2018, as prefeituras metropolitanas passaram a ser as responsáveis pelos PEDs. Entre 2019 e 2020, a única iniciativa das prefeituras se deu por Aparecida de Goiânia, que instalou 112 abrigos especialmente nas avenidas Jataí e Santana.

Atualmente, a prefeitura afirma que “estuda meios de buscar recursos para realizar um novo projeto de mobilidade” para os usuários. Em Goiânia, houve processo de licitação em 2018, mas que teria vícios, segundo os órgãos de controle internos. A empresa vencedora acionou a Justiça e o processo ainda segue sem decisão.

Abrigos devem ser atrativos

O professor de engenharia de trânsito do Instituto Federal de Goiás (IFG) Marcos Rothen explica que os abrigos dos pontos de embarque e desembarque (PEDs) são considerados as ligações da população com o sistema de transporte coletivo.

“Eles devem ser uma fonte de atração para facilitar o acesso ao sistema. Nem sempre é possível ter uma cobertura (o que chamamos de abrigo), mas a existência do abrigo é um conforto que deve ser oferecido à população sempre que for possível”, diz.

Ele ressalta que é importante também a identificação do ponto que deve atender aos passageiros embarcados, indicando se aquele é o local onde ele deve descer. “Qualquer pessoa que use eventualmente uma linha ficará perdido nem sabendo onde pegar o ônibus, nem onde descer e nem qual o ônibus que ali passa. 

A falta de informação faz com que as pessoas só utilizem os ônibus em último caso, pois nem sabe como usar o sistema.” Para a CMTC, os pontos de embarque são equipamentos urbanos fundamentais para “receber o usuário e orientá-lo sobre linhas, itinerários e horários de atendimento, além de luz interna e bancos mais confortáveis”.

Diomício Gomes/O Popular
No Setor Orlando de Morais, moradores improvisaram um banco de madeira
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