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Três de cinco PMs envolvidos em morte de comerciante em Trindade vão a júri popular

Moacir Camargo/Arquivo Pessoal
Wilker Darckian teria sido ameaçado por PMs a conseguir uma arma

A Justiça mandou a júri três dos cinco policiais militares acusados de matar o comerciante Wilker Darckian Camargo, de 35 anos, durante uma abordagem em Trindade em 10 de dezembro de 2021. O caso ganhou repercussão na época após vazar um vídeo mostrando a vítima sendo arrastada desarmada para dentro da casa pelos policiais. O processo estava há um ano e três meses parado esperando por um laudo que chegou apenas em novembro do ano passado ao Judiciário.

Um dos que foram retirados do julgamento é o tenente Alexsander de Carvalho Gonçalves, que segundo a denúncia monitorou Wilker há alguns dias após uma abordagem anterior à que resultou na morte do comerciante. As investigações apontam que a vítima estaria sendo ameaçada por policiais após esta primeira ação para que entregasse uma arma a eles. Segundo a Justiça, não houve indícios suficientes para levar adiante as acusações contra Alexsander.

Vão responder ao júri pelo crime de homicídio qualificado o sargento Wellington Alves de Oliveira, o cabo Elias Cunha Carvalho e o soldado José Venício Mendes da Silva. Elias se encontra atualmente lotado no Comando de Correições e Disciplina da Polícia Militar do Estado de Goiás. O sargento José Wilson Louça Rodrigues de Menezes conseguiu se livrar do julgamento pelo mesmo motivo justificado para o tenente.

A ação policial que resultou na morte de Wilker começou quando ele saiu de um açougue, entrou no carro e percebeu que estava sendo seguido. Atrás dele estava Alexsander e outro policial em uma viatura descaracterizada. O comerciante tentou fugir, mas bateu o carro e correu para casa. Um vídeo mostra o momento em que após os policiais entrarem no imóvel o comerciante consegue ir para a calçada, mas é puxado por um dos agentes para o interior da casa. A versão das testemunhas sobre os tiros disparados na sequência contradiz a que foi dada pelos acusados.

Em petição anterior à decisão, o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) afirma que a vítima usava tornozeleira eletrônica e que relatório da Polícia Civil apontou que Wilker vinha sendo monitorado por Alexsander, policial envolvido em uma abordagem ao comerciante três dias antes, quando este teve a casa invadida e móveis destruídos. Na ocasião, o comerciante contou à namorada que os policiais lhe deram um ultimato naquele dia para conseguir um revólver calibre 38.

Alexsander estaria na perseguição inicial e chegou a entrar na casa, mas foi embora com a chegada dos outros quatro policiais. Destes, apenas José Wilson ficou na calçada, cuidando da viatura. Os tiros ocorreram depois que o tenente e um outro policial deixaram a cena e depois que, rendido, Wilker foi levado desarmado para o interior da residência. Testemunhas dizem terem ouvido ele gritando para não ser morto.

Em depoimento, Alexsander afirmou que não tinha se afastado da casa, mas, sim, ido até os fundos para fechar o cerco contra Wilker. Disse também que o comerciante chegou a dar um tiro contra a viatura dele.

Já os outros policiais alegam que a vítima estava, sim, armada, que ao sair pela casa estaria com ela na cintura, e que foi colocado de volta para o imóvel por risco aos populares próximos. Afirmam também que Wilker teria conseguido pegar a arma de um dos policiais. Ainda no interrogatório na Justiça, os policiais contam que o comerciante estava ferido com um tiro em cada panturrilha quando tentou escapar e foi contido.

Ainda não há data para o júri.

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