A Polícia Civil indiciou três policiais penais pela morte de Hermes Junio de Oliveira, de 26 anos. O jovem tinha ido junto com a mãe e um amigo buscar o pai em uma loja de sucatas em um bairro próximo ao Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na noite do dia 22 de novembro, uma terça-feira, quando foram abordados por quatro policiais penais. Um dos agentes continuou na viatura e foi indiciado com os outros colegas por fraude processual, pois segundo as investigações uma das armas foi trocada após os tiros.
Em seu relatório final encaminhado à Justiça nesta segunda-feira (27), o delegado Rogério Bicalho, do Grupo de Investigações de Homicídios (GIH) de Aparecida de Goiânia, concluiu que a abordagem feita pelos policiais penais Florisvaldo Ferreira da Silva Costa, Alisson Marcos, Alan de Moraes Amaral e Osmar Pedro de Oliveira Júnior não seguiu os procedimentos corretos e que não havia justificativa para os disparos contra o veículo.
Ainda segundo o delegado, três disparos atingiram a traseira do veículo em que estava Hermes Junio, seus pais e o amigo, sendo que um dos tiros atingiu o jovem na parte de trás da cabeça. “Entendo ainda que, diante das circunstâncias colocadas, os policiais náo tiveram a intenção direta de provocar o resultado, mas assumiram o risco de produzi-lo, o que caracteriza o dolo eventual”, escreveu.
A Polícia Civil conseguiu identificar que o disparo que atingiu Hermes partiu da arma de Alisson. Já Osmar não foi indiciado por homicídio por ter permanecido na viatura, já que era o motorista da equipe. Os outros dois também vão responder por homicídio por terem também atirado e atingido o veículo, colaborando com coautores do crime que provocou a morte.
No relatório consta que os policiais penais se negaram a falar em uma primeira oitiva, logo após a morte de Hermes, mas posteriormente deram a versão deles para o crime. Eles estavam de plantão no complexo quando chegou a informação de que drones estavam sendo usados com o intuito de colocar produtos ilícitos dentro da Casa de Prisão Provisória (CPP). A equipe decidiu então circular pelas ruas do entorno atrás de quem estaria usando o equipamento.
Ainda segundo os policiais, o veículo em que estava Hermes era parecido com o descrito pela informação que chegou ao complexo. Eles então pediram para que os ocupantes do carro saíssem, mas que o motorista não parou e que então se decidiu atirar em direção aos pneus. Os policiais decidiram não seguir o veículo e, ao voltarem para o complexo, ficaram sabendo da morte do jovem.
Já a família de Hermes contou que era mais de 22 horas da noite, que o local era perigoso e que a viatura se aproximou com o giroflex desligado. Também contaram que em nenhum momento houve ordem para que o carro parasse e que os tiros começaram assim que a viatura se aproximou. Eles deixaram o local com medo que fosse um assalto e ao perceber que Hermes havia sido baleado na cabeça.
Após os tiros, o amigo que estava no banco de passageiro saiu do carro e se escondeu em um matagal. O pai da vítima, Hermes José, de 52 anos, assumiu o volante enquanto a mãe, Verônica, de 46, tentava socorrer o filho.
A família conseguiu ir com o carro até o Cais Chácara do Governador, que fica em Goiânia, a cerca de 13 quilômetros do local dos disparos, mas não foi possível salvar o jovem. Hermes José contou à imprensa na época que o filho morreu em seus braços. Hermes Junio era casado e tinha uma filha que completou um ano em 15 de dezembro.