A partir de agora, a Feira Hippie será realizada dentro da Praça Trabalhador. A mudança partiu de uma consulta pública feita com os feirantes no último fim de semana. Foram 794 votos favoráveis à mudança, contra 626 votos em prol da manutenção do evento na localização improvisada.
A contagem dos votos foi feita pela Secretaria de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec) nesta segunda-feira (17).
Atualmente, a Feira Hippie conta com 2,8 mil feirantes. Neste número estão contabilizados os regulares, irregulares e os que estão em processo de regularização. Com a mudança de local, todos terão de montar as bancas dentro da Praça do Trabalhador. A mudança deve acontecer neste próximo domingo (23). “Porém, teremos uma reunião com as associações e montadores. Se eles acharem que está muito próximo, podemos adiar para o outro domingo (30)”, explica Silvio Sousa, titular da Sedec.
Desde o segundo semestre de 2019, a feira está em local provisório por conta de obras. As intervenções na Praça do Trabalhador ainda não estão finalizadas, mas a secretaria diz que a mudança vai liberar o trânsito na Região da 44. Uma reunião com as associações e montadores deve ocorrer nesta terça-feira (18). “Nela vamos decidir a forma que a feira vai acontecer (a mudança)”, pontua Sousa.
Na pauta de discussão está o processo de regularização dos feirantes. A Sedec diz que será montada uma força-tarefa na secretaria para agilizar o atendimento a todos os feirantes que passarão por este processo de regularização, iniciando por aqueles que precisam apenas de fazer a atualização de documentações e chegando até aqueles que não possuem nenhum tipo de permissão da Prefeitura.
O sorteio do local de cada banca também será abordado no encontro. A falta de definição sobre o espaço que cada feirante pode ocupar foi motivo de confusão recentemente. Há duas semanas, em razão das obras na Rua 44, que passou a ser de sentido único e com a presença de uma ciclovia, a Prefeitura decidiu pela retirada das bancas que estavam dispostas na via. Estes feirantes foram autorizados a se instalarem dentro da Praça do Trabalhador. Ocorre que no fim de semana dos dias 8 e 9 de outubro houve confusão justamente pela disputa entre os comerciantes cadastrados de onde cada banca ficaria, além da ocupação por pessoas que não teriam a autorização.
Em relação à padronização das bancas, que é uma promessa da Prefeitura, a assessoria de imprensa da Sedec informou que após o fim das obras, a Feira Hippie contará com bancas padronizadas, fixadas em conjunto de 30 bancas, sendo 15 de cada lado. As bancas serão cobertas com lona bege com fundo branco e beirais. A pasta comunicou ainda que a Prefeitura de Goiânia criou um grupo de trabalho para definir como usar toda estrutura que está sendo montada na praça.
Votação
A confusão ocorrida nos dias 8 e 9 de outubro foi a motivadora da votação promovida pela Prefeitura. A urna da consulta pública ficou à disposição dos feirantes no sábado, entre às 8 e 17 horas, e no domingo, das 8 às 15 horas. O diretor da Associação Luta pela Feira Hippie, Ronnie Inácio Leão, diz estar insatisfeito com o resultado. “Iremos questionar esta mudança juridicamente. Tentaremos impugnar esta votação. Todos os feirantes que vieram conversar comigo disseram que eram contra a mudança agora. Não tem como a votação ter dado um resultado diferente. Isso vai ser muito prejudicial para nós neste fim de ano, pois vai bagunçar tudo. Os clientes não vão achar as bancas e sairemos no prejuízo”, relata Leão.
Reportagem do DAQUI publicada neste domingo (16) mostrou que a expectativa dos envolvidos era de que a permanência no local onde estavam vencesse a consulta. Na ocasião, o presidente da Associação dos Feirantes da Feira Hippie, Waldivino da Silva, argumentou que a não modificação dos locais das bancas seria uma unanimidade dentro do evento, o que levou até mesmo a um questionamento sobre o motivo da consulta pública, já que não há um conhecimento de que qualquer ala pense em realizar uma modificação neste fim de ano. A reportagem entrou em contato com Silva, para comentar a votação, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.
Pelo levantamento feito junto às associações de feirantes, foram emitidos 4 mil cupons de votações. Ou seja, apenas 30% do estimado participaram do processo. Ao DAQUI, o diretor de Atividades e Desenvolvimento Econômico da Sedec, André Macalé, atestou que a quantidade de votos recebida estava dentro do esperado pela pasta e que era o suficiente para verificar o posicionamento dos feirantes. A Sedec garantiu que a votação foi fiscalizada e que tudo aconteceu dentro do previsto.
Atualmente a Feira Hippie funciona de sexta a domingo, com início às 8h do primeiro dia e término às 18h do domingo.
Previsão para obra é dezembro
A Praça do Trabalhador, na região Central de Goiânia, vai alocar os 2,8 mil feirantes que compõem a Feira Hippie em meio a uma obra inacabada. A previsão é que as intervenções na Praça do Trabalhador sejam finalizadas apenas em dezembro deste ano. Inicialmente, a mudança da feira para o local só aconteceria a partir de janeiro justamente por conta da obra na praça.
Em nota, a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), responsável pelas intervenções, informou que “o prazo de entrega da obra da Feira Hippie não terá alterações” por conta da presença dos feirantes. A reportagem questionou a companhia sobre o que já foi feito e o que ainda falta realizar, mas não obteve resposta.
As intervenções na praça tiveram início em junho de 2019. A estimativa era de que os trabalhos seriam concluídos em novembro daquele ano, o que não aconteceu. Em fevereiro de 2022, a Construtora Ventuno, que venceu a licitação no fim de 2018 e já tinha dificuldades para finalizar a obra, pediu o distrato do acordo por não ter condições de concluir a revitalização.
Em abril, foi decidido que a Comurg iria assumir a obra.
O contrato, no valor de R$ 2,6 milhões, só foi assinado no fim de junho.
A previsão de entrega era setembro. Porém, foi feito um novo aditivo no acordo para mais 90 dias de obra.