Cinco trabalhadores, entre eles dois idosos, em condições análogas à escravidão foram resgatados de duas carvoarias clandestinas dentro da propiedade do ex-vereador Suelter Ferreira, em Piranhas, a 322 km de Goiânia. Segundo a Polícia Militar (PM), as vítimas trabalhavam no local há mais de um mês, não receberam pelo serviço e dormiam em barracas de lona.
O tenente-coronel Geraldo Pascoal, comandante do Batalhão Ambiental da PM, afirma que denúncias anônimas relataram que havia carvoarias clandestinas em Piranhas. “Nosso serviço de inteligência fez o monitoramento via satélite na região. Com isso, identificamos pontos de desmatamento e, pela nossa experiência, entendemos que se tratavam de carvoarias”, explica.
As equipes foram até os locais nesta terça-feira (25) e encontram, além das carvoarias funcinando, cinco trabalhadores em condições análogas à escravidão. “Na primeira havia dois homens, um era idoso. Na segunda, encontramos mais três trabalhadores, sendo um deles também idoso de 74 anos. Todos foram levados para a delegacia, mas não foram presos”, informa.
Questionados sobre a remuneração, todos os trabalhadores relataram à polícia que trabalhavam nas carvoarias há mais de um mês e que ainda não tinham recebido pelo serviço. “Eles residiam em barracas de lonas que eles mesmo construíram no meio do mato, sem nenhuma condição de higiene e tudo amontoado. Sem as mínimas condições de moradia”, afirma Pascoal.
Carvoarias
Segundo o tenente-coronel, as duas carvoarias ficam dentro da propriedade do ex-vereador de Piranhas, Suelter Ferreira. “Em uma delas, encontramos cerca de 13 toneladas de carvão embalados e prontos para comercialização. Todo o material foi produzido a partir de madeira nativa. Na propriedade tem angico, aroeira, pequi e muitas outras árvores nativas do Cerrado”, destaca.
A PM informa que todo o carvão e os equipamentos usados para produzi-lo foram apreendidos e amostras foram levadas para perícia técnica. “Os fornos foram destruídos”, afirma a corporação. Pascoal afirma que as equipes tentam localizar o ex-vereador. “Ele sumiu, ninguém sabe onde o Suelter está. Ele saiu da cidade e é considerado foragido, nós estamos tentando localizá-lo”, diz.
O Daqui tentou localizar a defesa do ex-vereador, mas não obteve sucesso até a última atualização desta matéria. Como os nomes dos trabalhadores não foram divulgados, a reportagem não pôde localizá-los para um posicionamento. Também solicitou um posicionamento à Câmara Municipal de Piranhas sobre a prática apontada pela polícia, mas não obteve retorno.