Faltando exatos 30 dias para a Festa do Divino Pai Eterno, a Prefeitura de Trindade recomenda que fiéis de fora ainda não comprem passagens e nem façam reservas de hospedagens nas datas do evento, previsto para ocorrer entre 25 de junho e 4 de julho.
A orientação se dá em razão da possibilidade quase certa de que a celebração não seja realizada de forma presencial. A decisão final, que seria tomada nesta terça-feira (25), foi adiada para a próxima semana.
Mesmo sem um último parecer, a tendência é de que o evento ocorra apenas com transmissão pela TV e internet.
A decisão sobre o formato será construída em conjunto entre a gestão municipal, o governo estadual e a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), que organiza o evento. A cautela, conforme sustenta o município, se dá em razão dos números elevados da pandemia de Covid-19.
A gestão também cita as incertezas sobre como a chegada de uma nova cepa do coronavírus, identificada como indiana, deve interferir na situação epidemiológica.
“Também depende de como serão as próximas semanas, mas a possibilidade de que ocorra de forma presencial é remota”, destaca a prefeitura, por meio de sua assessoria.
Agora, os esforços devem se voltar para a organização da segunda edição consecutiva sem a presença dos milhares de devotos que tradicionalmente enchem a cidade nos meses de junho.
Até o momento não há restrições de entrada na cidade e no templo. A prefeitura deve definir, no entanto, quais serão as restrições durante a realização do evento. Uma das possibilidades citadas pelo município é de haver barreiras sanitárias nos acessos da cidade.
Sobre a contraindicação de compra de passagens e reserva de hospedagem, a gestão justifica que há riscos de que os fiéis não poderem participar das atividades religiosas presenciais na cidade.
Movimento
Na Basílica, o movimento de fiéis tem aumentado nas últimas semanas. A fé atrai católicos de várias gerações. Nesta terça-feira, Divina Madalena, de 63 anos, e a neta, Isadora Luiza, de 15 anos, visitavam a igreja.
Dessa vez a ida foi de carro, mas normalmente elas estão entre os milhares que percorrem o caminho de 18 quilômetros a pé entre a divisa da cidade com Goiânia e o Santuário. Ambas ainda sustentam esperanças de que a festa possa ser mantida. Divina diz que se o evento for realizado, pretende comparecer.
Após mais de um ano sem ir à capital da fé, como Trindade é conhecida, Elenita Cristina Tavares, de 53 anos, decidiu antecipar a visita para esta terça. Moradora de Itapuranga, no interior goiano, Elenita conta que o ano afastada das missas presenciais na Basílica foi difícil.
“Eu gosto muito do ambiente. Trindade tem um clima muito bom”, diz a fiel que frequenta a igreja desde que nasceu.
Sobre a festa do Divino, no entanto, ela afirma que não tem pretensões de comparecer presencialmente, por medo da pandemia. “No ano passado nós acompanhamos pela TV. Não é a mesma coisa, mas ajuda”, lembra sobre o formato que deve ser novamente a forma de acompanhar o evento religioso.
Funcionários que trabalham na manutenção do Santuário confirmam que a presença de visitantes tem crescido significativamente nas últimas semanas. Apesar disso, os lojistas da região, maiores impactados, contam que ainda não sentiram diferença no faturamento.
A vendedora de artigos religiosos Valéria Silva, de 50 anos, diz que apesar do impacto na receita desde o ano passado, considera mais prudente que a festa seja realizada apenas de forma remota. “Se for como no ano anterior, o movimento aumenta. Bem menos, mas já é suficiente”, destaca a comerciante.
Sobre isso, a Prefeitura diz que durante a reunião com o Governo estadual, a gestão irá apresentar propostas de socorro ao comércio da cidade, que em boa parte é mantido pelo turismo religioso.
“Não queremos antecipar nada para não causar expectativas e nem frustrações, já que só teremos as decisões na próxima semana”, diz o município por meio da assessoria.
A festa de Trindade movimenta milhares de pessoas. Na última edição presencial, em 2019, 3,2 milhões de pessoas visitaram a cidade nos dez dias de romaria.
Atualmente, as igrejas do município podem receber 20% dos fiéis e devem seguir os protocolos de uso de máscara, álcool gel e distanciamento.
Nesta terça-feira a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) derrubou o veto do governador Ronaldo Caiado (DEM) sobre a Lei aprovada pelos deputados que coloca as igrejas entre as atividades essenciais. Agora, em caso de novos decretos restritivos, as atividades religiosas não devem ser impactadas com o fechamento de templos.