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Trocas na Prefeitura de Goiânia abrem caminho em busca por reeleição

Divulgação

Disposto a fortalecer o caminho para a reeleição, consolidar a base na Câmara e se livrar de desgastes como as investigações da Comurg e do furto de cartões de programa social, o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), promoveu nesta semana trocas em cinco pastas, contemplando seis vereadores e com nomeações de cinco parentes deles (veja quadro). Estão previstas para os próximos dias mais mudanças em pelo menos outras três secretarias.

No conjunto de mexidas, o prefeito nomeou indicações do presidente do Legislativo, Romário Policarpo (Patriota), de quem houve afastamento nos últimos meses, e de três integrantes da Comissão Especial de Investigação (CEI) da Comurg, que nesta quarta-feira (17) não se reuniu por falta de quórum.

O grupo do prefeito calcula em 25 o número de aliados na Câmara, mas, dentro da própria Casa, há os mais otimistas que já falam em apoio de 30 dos 35 vereadores. Integrantes da base também comentam que, com oficialização do apoio do PP, Avante, PDT e Solidariedade, o prefeito teria 40% do tempo de televisão na campanha do ano que vem.

Ao longo deste ano, já foram 11 trocas no secretariado de Rogério Cruz. As anteriores foram mais focadas no espaço para o próprio partido do prefeito e no fortalecimento da articulação política, com a chegada do ex-deputado federal Jovair Arantes (Republicanos) na Secretaria de Governo.

Há expectativa para anúncio nos próximos dias de atendimento a demandas de três partidos: PP, PDT e MDB, que solicitou uma pasta por meio da bancada de seis vereadores. Aliados do prefeito cobram manifestação de apoio deste último à reeleição de Cruz.

Mais nomeações

Nesta quarta-feira (17), houve nomeações em três pastas: Secretaria de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec), Instituto de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (Imas) e Secretaria de Mobilidade (SMM). Para esta última, Policarpo indicou Marcelo Torrubia de Oliveira.

A SMM era ocupada interinamente pelo secretário de Finanças, Vinícius Henrique Pires Alves desde março, quando Horácio Mello pediu exoneração em meio a polêmicas provocadas pelo adiamento de licitação para radares e o início da atuação da Guarda Civil Metropolitana (GCM) na fiscalização de trânsito da capital, que era confrontada pelos agentes da SMM.

Policarpo, que é servidor da GCM, fazia queixas sobre a SMM pelos dois casos: pelo não retorno a uma demanda relacionada à licitação dos radares e pela defesa da atuação da guarda.

Os três integrantes da CEI contemplados são Thialu Guiotti (Avante), relator da comissão - responsável pela apresentação do relatório final, previsto para o fim do mês -, Welton Lemos (Podemos), vice-presidente, e Paulo Henrique da Farmácia (Agir).

O presidente da CEI, Ronilson Reis (PMB), único da oposição que resta no colegiado, disse ao POPULAR na terça-feira (16) que não considera que as mudanças teriam efeito nos trabalhos de investigação. A Prefeitura também negou relação das mudanças com a CEI. Em nota, a administração disse que as trocas são “substituições pontuais” com intuito de “renovar parte da equipe”.

Thialu ficou com a Secretaria de Esportes (Smesp), para onde indicou seu ex-chefe de Gabinete Danilo Rabelo. O pai de Paulo Henrique da Farmácia foi para a Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia. Já a mulher de Welton Lemos, Gizza Laurene Carmo di Oliveira, assume o Imas.

Nas nomeações desta quarta, foi contemplado o bloco de vereadores chamado Vanguarda, composto por Welton, Igor Franco (SDD), Gabriela Rodart (PTB) e Paulo Magalhães (UB). O grupo ficou com vagas na Sedec e no Imas e novas nomeações do segundo escalão das duas pastas serão publicadas ainda esta semana.

Igor Franco indicou o irmão Diogo Franco para a Sedec. Diogo tem duas condenações (criminal e civil) por fraude em exames da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de 2006 e 2007 e responde a ação penal, junto com Igor, acusados de invasão e grave ameaça em uma fazenda com projeto de assentamento.

No primeiro caso, ele recorreu da condenação em primeira instância e ainda não houve julgamento. Na ação civil, ele foi condenado a indenização por danos morais coletivos e está sendo executado judicialmente para pagar o valor, segundo informações contidas nos processos. No último caso, ainda não houve julgamento. As ações são do Ministério Público Federal.

Igor disse ao Daqui que o irmão não se enquadra na Lei da Ficha Limpa porque só há decisões de primeiro grau e que podem ser revertidas. Ele afirmou ainda que não há nepotismo cruzado. “Não estou trocando cargo com o prefeito. Não tem configuração de nepotismo e não há problema na indicação”, disse.

Thialu, que indicou a tia Nara Abadia Silva Dias Guiotti para chefia de Gabinete da Smesp, também nega nepotismo e justifica que escolheu o nome pelo conjunto de currículo e confiança. “Nesses casos de cargos estratégicos, nós temos de indicar gente da nossa total e irrestrita porque senão a pessoa segue voo solo, cola no Executivo, e a gente fica pra trás”, diz.

Welton afirma que a indicação da mulher para o Imas não foi dele. Ele afirma que ela já era do quadro da prefeitura e que a nomeação seria uma espécie de quitação de uma dívida política que Rogério Cruz teria com o pai dela, o pastor Gentil Oliveira, da Igreja Bethel, pela participação na campanha de 2020.

“Na semana passada pediram para nomear minha esposa, porque ela tinha experiência e queriam uma mulher (no primeiro escalão) e que tivesse competência para o cargo. Eu fui contra, mas ontem (terça-feira) eles bateram o pé e falaram que iam nomea-la, disseram que de fato decidiram”, afirmou o vereador.

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