BÁRBARA FERREIRA
Uma das Unidades de Terapia Intensiva do Hospital Estadual de Urgências de Goiás – Dr. Valdemiro Cruz (Hugo), em Goiânia, foi esvaziada por conta de uma infestação de piolhos, provocados por pombos que ficam no Parque Areião, localizado aos fundos do hospital. Além disso, parte dos funcionários aderiu a uma paralisação. Os funcionários afirmam que estão com os salários atrasados e aqueles que chegaram a receber, foram pagos com valores errados.
Um vídeo, gravado por uma pessoa que esperava atendimento na recepção do Hugo, denuncia a falta de funcionários na função. “Largou a gente aqui e foi embora”, disse a pessoa que fez a filmagem ao mostrar a recepção vazia.
Uma servidora, que preferiu não se identificar e que não aderiu à greve, disse ao jornal que foram afetados “setores como vigilância, recepção e manutenção do hospital, além de várias empresas terceirizadas que o Instituto não fez o repasse”.
Em nota, o hospital disse que os serviços estão suspensos em até 70% dos postos de trabalho, “fato que tem gerado muito desconforto para a gestão, colaboradores, pacientes e acompanhantes”. Os servidores apontam a Organização Social Centro Hospitalar de Atenção Emergências Médicas (Instituto Cem), que administra o Hugo, como causadora do problema, segundo a TV Anhanguera, pela falta de repasse dos salários.
É a diferença do piso salarial. O Cem paga o que foi combinado na carteira, o Governo Federal paga a diferença. E essa diferença veio para uns funcionários R$ 15 mil, R$ 10 mil, uns não receberam nada, outros receberam R$ 194. Tem vários valores assim”, explicou a enfermeira do centro cirúrgico, Daniela Maria, em entrevista à TV Anhanguera.
Em nota, o Hugo confirma o atraso de pagamento de terceirizados. Afirma que a gestão “passa por um processo de readequação entre os valores recebidos para execução dos serviços e a consequente quitação para fornecedores e prestadores de serviço”. Os repasses para a quitação estão em discussão na Secretaria Estadual de Saúde, segundo a nota.
A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), em nota, disse que que não há atrasos no repasse ao Instituto CEM para a gestão do Hugo. Destacou que o contrato funciona com repasse proporcional às metas estabelecidas e apurou um valor de 10 milhões (referente ao não-atingimento de metas por parte da OSS contratada), "mas que diante dos problemas de gerenciamento verificados no momento, não está sendo aplicada agora".
Piolhos de pombos
Segundo a TV Anhanguera, nove pacientes que estavam na Unidade de Terapia Intensiva foram transferidos para o Centro Cirúrgico por conta de uma infestação de piolhos. "Foi transferida parte dessas pessoas que estão internadas na UTI para o centro cirúrgico, sendo que o centro cirúrgico são só 10 salas. E lá já tá tendo uma falta de material", informou uma funcionária que não quis ser identificada.
Sobre o tópico, o Hugo confirmou a identificação de um foco de piolhos “em um dos andares provocado por pássaros oriundos do Bosque que fica ao lado do hospital”.
Em nota, a unidade diz que “imediatamente foram tomadas medidas de contingência como proteção aos pacientes e colaboradores e imediata dedetização dos ambientes, garantindo que nenhum transtorno pudesse afetar pacientes, acompanhantes e colaboradores”.
A SES disse em nota que a situação foi pontual e restrito à UTI 4 do Hugo, e que o problema será solucionado. "Para isto, os pacientes da UTI 4 foram remanejados, bem como as pacientes da enfermaria de observação feminina até o começo da tarde, restando os pacientes da enfermaria masculina que seriam remanejados até o final da tarde. As duas enfermarias foram evacuadas preventivamente por estarem próximas à UTI, até que sejam concluídos os processos de desinfecção e limpeza", afirma.
Notas na íntegra do Hugo sobre paralisação e foco de piolho de pombo
Secretaria de Saúde
"NOTA SES
A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) ressalta que o problema relatado quanto à infestação de piolhos de pombos é pontual e restrito à UTI 4 do Hugo. Equipe da pasta acompanha o plano de contingência do hospital para solucionar o problema. Para isto, os pacientes da UTI 4 foram remanejados, bem como as pacientes da enfermaria de observação feminina até o começo da tarde, restando os pacientes da enfermaria masculina que seriam remanejados até o final da tarde. As duas enfermarias foram evacuadas preventivamente por estarem próximas à UTI, até que sejam concluídos os processos de desinfecção e limpeza.
A SES-GO informa que não há atrasos no repasse ao Instituto CEM para a gestão do Hugo. O contrato, que funciona com repasse proporcional às metas estabelecidas, apurou um valor de 10 milhões (referente ao não-atingimento de metas por parte da OSS contratada), mas que diante dos problemas de gerenciamento verificados no momento, não está sendo aplicada agora.
É lamentável que o Instituto CEM proceda na reta final do contrato alegando fatos que não correspondem à realidade. A fim de manter o alinhamento de informações e garantir a transição no hospital para a OSS vencedora do chamamento feito para o Hugo, a SES nominou uma Comissão de Transição que está trabalhando junto aos servidores para manter os serviços e a assistência devida aos pacientes, sem impactos e sem paralisação de setores.
Secretaria de Estado da Saúde"
Hugo
"O Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (HUGO) informa que foi identificado um foco de pediculose em um dos andares provocado por pássaros oriundos do Bosque que fica ao lado do hospital. Imediatamente foram tomadas medidas de contingência como proteção aos pacientes e colaboradores e imediata dedetização dos ambientes, garantindo que nenhum transtorno pudesse afetar pacientes, acompanhantes e colaboradores."
"NOTA OFICIAL
O Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (HUGO) esclarece o seguinte:
- A gestão da unidade passa por um processo de readequação entre os valores recebidos para execução dos serviços e a consequente quitação para fornecedores e prestadores de serviço;
- Isso se refletiu no atraso de pagamento para esses terceirizados que responderam com a suspensão dos serviços em alguns setores de até 70% dos postos de trabalho, fato que tem gerado muito desconforto para a gestão, colaboradores, pacientes e acompanhantes;
- Está em discussão com a Secretaria Estadual de Saúde a normalização dos repasses para a quitação de passivo junto a fornecedores e prestadores de serviço para o retorno do processo de serviços e materiais essenciais para a regular prestação de serviço de saúde;
- A direção lamenta esses fatos ocorridos e reitera estar em busca da normalização com prestadores de serviços e fornecedores, para o bem de colaboradores, pacientes e toda a comunidade.
A DIREÇÃO"