Geral

Vacinação contra a dengue está menor que o esperado em Goiânia

Diomício Gomes
Vacina contra a dengue tem segurança e eficácia, diz Secretaria

A adesão à vacinação contra a dengue tem ficado abaixo do esperado em Goiânia, situação que se repete no restante de Goiás. Ao mesmo tempo, o estado experimenta uma explosão de casos da doença em 2024. Já são 44 óbitos confirmados e 95,9 mil registros notificados, número 209% superior ao mesmo período do ano passado. Na avaliação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), pais podem estar com medo de aplicar o imunizante nos filhos. Entretanto, a vacina tem eficácia e segurança comprovadas cientificamente. A pasta estuda levar o serviço para as escolas do município.

A vacinação contra a dengue teve início há 20 dias, em 15 de fevereiro. Inicialmente, o imunizante foi liberado apenas para crianças com 10 e 11 anos. A capital recebeu 34,2 mil doses destinadas a esse público. Para esta faixa etária só 7,4 mil (21,8%) foram aplicadas.

Segundo a gerente de Vigilância de Doenças e Agravos Transmissíveis da SMS, Marília de Castro, a adesão está abaixo do esperado. “Aquém da nossa expectativa”, conta. No total, de acordo com dados atualizados até esta terça-feira (5), Goiânia já administrou 9,8 mil doses de vacina contra a dengue em crianças e adolescentes com idade de 10 a 14 anos.

Marília conta que a experiência tem se assemelhado à da vacinação contra a Covid-19, que até hoje apresenta uma cobertura abaixo do preconizado entre as crianças, especialmente as com menos de quatro anos. “O que parece é que as pessoas ficam esperando as outras irem se vacinar para depois irem, com medo de alguma reação ou algo do tipo. Vejo um movimento que é um reflexo do que já vivenciamos”, conta.

Entretanto, a QDenga, vacina japonesa contra a dengue, tem eficácia e segurança comprovadas cientificamente, inclusive tem a administração liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Passou por todos os estudos exigidos e tem eficácia contra os quatro tipos de dengue”, destaca Marília.

A gerente aponta que além da vigilância epidemiológica, que acompanha o avanço dos casos de dengue, a SMS também faz a monitoramento dos eventos supostamente relacionados à vacinação. “Não temos nenhum registro além de reações como febre e dor no corpo. Não tivemos nenhum óbito por conta da vacinação. Já por conta da doença, sim”, ressalta. A capital possui um óbito por dengue confirmado e outros sete em investigação.

Atualmente, o imunizante contra a dengue está disponível em todas as salas de vacinação da capital durante a semana. O esquema vacinal é de duas doses, com intervalo de três meses. “Lembrando que caso a criança ou adolescente tenha tido dengue, só poderá se vacinar seis meses após a infecção”, detalha.

Aos sábados e domingos, é possível se vacinar em quatro unidades: Centro Municipal de Vacinação (CMV), no Setor Pedro Ludovico, e nos Centros Integrado de Atenção Médico Sanitária (Ciams) Jardim América, Novo Horizonte e Urias Magalhães. A Prefeitura também oferece a vacina durante os mutirões promovidos pela administração municipal, como foi o caso da região Norte, no fim de fevereiro. “Acredito que ajudou a elevarmos a quantidade de imunizados”, pondera Marília.

A gerente pontua que a SMS tem feito uma articulação junto a Secretaria Municipal de Educação (SME) para levar a vacinação para dentro das escolas da rede municipal. Segundo ela, está sendo realizado um diálogo com diretores e professores para que eles possam sensibilizar os pais dos estudantes sobre a importância da vacinação. “Assim, a adesão é maior”, frisa Marília.

Estado

Em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (5), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, informou que o governo federal estuda a logística para incluir adolescentes com idades de 12 a 14 anos no plano nacional de vacinação. A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) já se antecipou em relação ao assunto. Na última quinta-feira (29), o secretário estadual de Saúde, Rasível dos Santos, anunciou que a vacinação contra a dengue em Goiás passaria a abranger crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Na ocasião, Santos frisou a baixa procura pelo imunizante em Goiás.

De acordo com a SES-GO, até o momento, foram recebidas 158,5 mil doses de vacina contra a dengue direcionadas para a primeira dose, sendo que 37,8 mil foram aplicadas em crianças e adolescentes com idade de 10 a 14 anos. Isso significa que foram alcançadas 9,4% das 398,9 mil pessoas nessa faixa etária que moram nos 134 municípios goianos considerados elegíveis pelo Ministério da Saúde. Quando consideradas as 475,6 mil crianças e adolescentes em todo o estado nessa faixa etária, o alcance cai para 7,9%.

Em nota, a secretaria informou que “vem orientando aos municípios para utilizarem estratégias na busca das crianças não vacinadas como a aplicação nas escolas, busca ativa, entre outras.” A meta de imunização recomendada pelo Ministério da Saúde é de 90%.

Redação
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