Durante vistoria realizada na manhã desta sexta-feira (11), a Defesa Civil de Aparecida de Goiânia e a Polícia Técnico-Científica de Goiás constataram que o escoamento do óleo vazado em uma usina de asfalto não foi totalmente contido. A visita ao local apura também a situação da água no Córrego Santo Antônio, atingido pelo produto químico que vazou após explosão em uma caldeira.
O titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente, Luziano Severino, explicou que o óleo presente em pedras e no solo da região continua escorrendo para o Córrego Santo Antônio. "A recomendação nossa é para tirar todo o óleo, superficial ou do solo. No entanto, jogaram pó de brita", explicou Luziano, que abriu um inquérito para investigar possíveis crimes ambientais.
O objetivo, segundo o delegado, é retirar todo o óleo do local e fazer uma barragem para proteger o córrego. Entre os crimes, a Polícia Civil investiga se houve mortandade de peixes no local. "A nossa grande preocupação agora é com o manancial", explicou Luziano. A polícia vai juntar os relatórios do Corpo de Bombeiros, da Secretaria de Meio Ambiente e Defesa Civil de Aparecida de Goiânia, além do laudo pericial, principal instrumento para avanço das investigações.
O delegado pede que, caso moradores tenham passado por atendimento médico devido ao mau cheiro que atingiu a região, que procurem a delegacia. "Vá até a delegacia com um atestado, uma ficha médica, porque isso é poluição atmosférica, é a prova. A perícia está lutando pra ter provas técnicas", explicou.
A vistoria desta sexta-feira (11) busca apurar se as substâncias liberadas após a explosão são tóxicas, a quantidade de óleo que vazou, se havia bacia de contenção no local, a profundidade de contaminação do solo e das galerias pluviais, além de um levantamento sobre a dinâmica da explosão.
Teor da substância
Ainda não se sabe a dimensão do dano causado e nem se o produto é tóxico ou não. Até que o material seja analisado, a Secretaria de Meio Ambiente de Aparecida de Goiânia (Semma), orienta que a água do córrego não seja utilizada para consumo humano, animal e nem para a irrigação de plantações.
De acordo com a doutora em Toxicologia, Gisele Augusto Rodrigues de Oliveira, o óleo Texatherm 46, utilizado para aquecer a massa asfáltica na caldeira, não é tóxico. “Esse produto não é prejudicial, quando manuseado corretamente, mas durante a sua queima, pode emitir gases tóxicos, se tornando irritante para as vias respiratórias, pele, olhos e trato gastrointestinal.
Preocupação
O mau cheiro proveniente da queima de óleo se espalhou pela região na madrugada desta quinta-feira (10) e assustou moradores. Diversos bairros de Goiânia e Aparecida, como Parque Atheneu, Jardim Bela Vista, Jardim Luz e Setor Pedro Ludovico, registraram um cheiro forte que começou na madrugada e se dissipou até o fim da manhã.
Durante a vistoria nesta manhã, o gestor ambiental da Defesa Civil de Aparecida de Goiânia, Juliano Cardoso, explicou o motivo do mau cheiro. “Quando entra em ignição, o produto libera gases, e quando libera os gases, vem a fumaça. Na parte da noite, o ar está mais frio, então isso se dissipou a uma longa distância, levado pelas correntes de ar”, explicou Juliano Cardoso.
Sérgio Machado, morador da região do Jardim dos Buritis, bairro onde a usina Goiás Asfalto está localizada, relatou a sensação ao perceber o cheiro. “Quando foi 3 horas da manhã, comecei a sentir um cheiro de óleo queimado muito forte. Minha esposa me acordou preocupada para vermos o que estava acontecendo, mas saí do lado de fora e não vi nada demais, só um cheiro de fossa!, contou o morador. Sérgio explicou que a população não foi informada sobre o problema.
Outro morador do Jardim dos Buritis, Reinaldo Neres Oliveira, também sentiu o mau cheiro. Ele disse que ficou preocupado, mas não foi informado sobre nada. “Ficamos preocupados de atingir alguma criança, mas ninguém passou mal, nem nada. Não sabemos se é tóxico, mas provavelmente sim, porque ouvir dizer que vazou um produto. Mas não sabemos nada ainda”.