Tutores desconhecem, ou ignoram, que doenças bucais possam gerar graves problemas para os pets. Da mesma forma que os humanos, os cães também precisam de cuidados extras diários para manter a saúde bucal. O mau hálito é um indício de que o animal pode estar sofrendo de doença periodontal, um mal que atinge 80% dos cães com mais de 3 anos de idade. Além disso, essa mazela pode desencadear complicações sérias para o animal, como perda de dentes e migração de bactérias para rins, fígado e coração.
Originada pela proliferação de bactérias na boca do animal, a doença periodontal quase não apresenta sinais, tornando-a ainda mais perigosa. Em março, mês que possui uma data dedicada a conscientização mundial sobre a saúde oral – dia 20 -, vale o alerta de que, geralmente, o desenvolvimento da doença periodontal tem quase sempre a mesma razão: a falta de cuidado do tutor. Pesquisas mostram que 90% deles acreditam que os dentes e as gengivas de seu animal estão saudáveis, porém, 4 em cada 5 cães com mais de 3 anos de idade tem problemas nas gengivas. O mau hálito é o único indicativo de que pode haver algo errado.
Por este motivo, os cães devem ser submetidos ao exame oral regularmente, especialmente se apresentarem algum dos 5 fatores de risco abaixo:
- Possuir mais de 3 anos de idade.
- Ter cálculo dental (tártaro).
- Apresentar dentes mal posicionados.
- Demonstrar salivação excessiva.
- Apresentar dificuldade de mastigar o alimento.
Um estudo realizado pelo Centro de Nutrição e Bem-Estar Animal Waltham da Mars Pet Care mostrou que cães pequenos e idosos são mais suscetíveis à doença periodontal. Publicado na BMC Vet Research, a pesquisa analisou a progressão da doença em cães da raça Schnauzer Miniatura e descobriu que sem higiene oral eficaz e frequente a doença periodontal se desenvolveu rapidamente. O avanço foi ainda maior com a idade do animal.
Os cães pequenos têm predisposição ao acúmulo de placa bacteriana. Isso porque possuem dentes proporcionalmente grandes, se comparados ao reduzido tamanho e espaço de sua boca. Isso favorece a formação de tártaro e, consequentemente, o mau hálito.
Bafinho
Este é o motivo pelo qual tutores levam seus peludos ao médico veterinário. Reclamam do mau cheiro da boca do seu pequeno. A grande questão é que por baixo do cheiro, estão inúmeras doenças periodontais escondidas. Por isso a importância de fazer a avaliação da cavidade oral com frequência.
Dar ossos, mordedores e petiscos com aroma de menta ou hortelã não irá resolver o problema. Se dados preventivamente, podem retardar o aparecimento dos cálculos dentários (tártaro). Mas uma vez que seu peludo já está com cheiro forte na boca, a única solução é buscar o médico veterinário.
O problema pode ir além da boca
O risco da doença periodontal ultrapassa a boca. A presença de tártaro e o sangramento da gengiva facilitam a entrada de bactérias na corrente sanguínea. Isso pode acarretar outras complicações à saúde do animal, afetando inclusive órgãos vitais ou mesmo causando malefícios às articulações.
Por isso, os cuidados com a saúde bucal devem começar cedo, incluindo escovação regular, complementada com produtos funcionais mastigáveis específicos para a saúde bucal, além das visitas frequentes ao Médico-Veterinário. Melhor se for um especialista em odontologia.
Escovação dos dentes é fundamental!
A escovação diária dos dentes do cão é necessária a partir dos 6 meses de idade. Porém, o hábito a este cuidado pode começar logo cedo, ainda nos primeiros meses de vida. Associar a escovação a um estímulo positivo, como uma brincadeira, um passeio ou um carinho, ajuda na aceitação dessa ação rotineira pelo animal.
Confira, abaixo, 7 dicas que podem ajudar muito:
1) A pasta dental para humanos não é recomendada porque o teor de flúor presente nelas é tóxico para os animais.
2) A pasta dental deve ter um sabor agradável para os cães. Isso facilita a escovação.
3) Utilizar, com delicadeza, uma escova dental com cerdas macias evita lesões. As escovas para humanos podem ser utilizadas, porém as versões veterinárias têm a vantagem da ergonomia.
4) O cão deve estar bem acomodado. Carícias e mimos ajudam a deixá-lo receptivo à escovação.
5) A escova necessita estar posicionada a um ângulo de 45° em relação à superfície dos dentes para que as cerdas penetrem suavemente no sulco gengival. Movimentos circulares são corretos.
6) A escovação deve ser iniciada pelos dentes posteriores (do fundo). Os cães tendem a aceitar melhor se comparada à escovação quando iniciada pelos dentes da frente.
7) Para habituar o animal, pode-se iniciar escovando apenas a face externa de alguns dentes posteriores e aumentar a quantidade de dentes a cada sessão. À medida que o cão se acostumar com o hábito, vale iniciar a higienização na superfície interna também.