Com a maior biodiversidade do mundo, a savana do Cerrado abriga uma fauna e flora com muitas belezas e peculiaridades. Na região da Serra do Tombador, em Cavalcante, no nordeste do estado, um grupo de pesquisadores encontrou dezenas de espécies de répteis e anfíbios venenosos. As descobertas incluem uma cobra rara e um sapo que solta veneno ao contrair glândulas nas costas (assista acima).
Responsável pela pesquisa e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), o biólogo Reuber Brandão explicou ao g1 que o sapo, da espécie Rhaebo guttatus, usa a toxina como uma estratégia de defesa contra predadores. Ele é originário da Amazônia e, segundo o especialista, chegou na Serra do Tombador por causa do vale do Rio Tocantins.
“Ele tem a capacidade de esguichar toxinas a partir da contração voluntária de suas glândulas da pele. Apesar do folclore popular dizer que sapos jogam veneno, isso não ocorre com as espécies que comumente estão no Cerrado”, disse o biólogo.
Segundo o biólogo, a ciência ainda não tem completo conhecimento sobre quais compostos químicos compõem as toxinas da maioria dos anfíbios e como elas atuam nos organismos. “Os anfíbios representam um enorme recurso para biotecnologia”, contou.
Já a cobra, que tem o nome científico de Apostolepis sanctaeritae, é uma espécie de coral-falsa. Segundo o biólogo, apenas 10 animais dessa espécie são conhecidos no país. “Ela tem hábitos subterrâneos e tem pouquíssimos exemplares. Por ser muito rara, pouco sabemos sobre a espécie”, disse o pesquisador.
A expedição realizada pelos pesquisadores foi uma parceria com o Instituto Boitatá, com o apoio da Fundação Grupo O Boticário. Durante a pesquisa, os pesquisadores registraram 755 animais de 34 espécies de anfíbios. Segundo o biólogo, outras espécies chamaram a atenção dos pesquisadores durante o estudo (veja fotos abaixo).