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Estrela da novela 'Pantanal', onça-pintada Matí vive em instituto em Corumbá de Goiás

Divulgação
Matí em cena de Pantanal: onça-pintada foi resgatada em 2019 e não pôde ser devolvida à natureza

É só ela entrar em cena que não há um telespectador sequer que não pare para admirar a beleza de uma das figuras mais estonteantes de Pantanal, atual novela das 21 horas da Rede Globo. A onça-pintada Matí, de quase 4 anos, é goiana e vive no NEX No Extinction, um instituto de defesa e preservação animal localizado em Corumbá de Goiás, a 113 km de Goiânia.

Envolta ao realismo fantástico, no folhetim a protagonista Juma Marruá (Alanis Guillen) e sua mãe, Maria (Juliana Paes), se transformam em onça quando o perigo ronda suas vidas. É aí que a Matí entra em cena, um dos animais que mais chamam a atenção na novela, ao lado das sucuris e dos bois marruás.

A onça-pintada foi encontrada em 2019, com poucos meses de vida, em uma rodovia de Goiás. Foi resgatada e levada para um criadouro de animais silvestres, o Instituto Onça Pintada (IOP), localizado em Mineiros, a 426 km de Goiânia, no Sudoeste Goiano. Quando completou 2 anos, foi conduzida para o NEX No Extinction, criado em 2001 para a defesa de diversos tipos de felinos. Na época, os pesquisadores da fundação descobriram que a então filhote perdeu a mãe e, por isso, precisou desde cedo ser cuidada por humanos. “Como perdeu o seu instinto selvagem muito cedo, decidimos que ela não poderia retornar à natureza”, explica a coordenadora de projetos do NEX, Daniela Gianni.

Matí foi escolhida para estrelar a novela por ser dócil, ter um temperamento mais calmo e já ser acostumada com a presença e interação com seres humanos. Ao todo, foram seis dias de gravação no Pantanal, em que a onça foi acompanhada de perto por uma equipe de veterinários e biólogos do próprio instituto da TV Globo.

“O objetivo de mostrar a onça-pintada foi colocar em evidência a beleza e o valor do felino para a natureza. Aceitei o convite para que as pessoas possam ver, mesmo que pela televisão, a sua importância”, explica Daniela. O sucesso de Matí acabou respingando até mesmo no NEX No Extinction, que atualmente acumula 95 mil seguidores no Instagram (@nex_noextinction).

Um dos animais mais ameaçados da fauna brasileira, a onça-pintada é atingida por fatores humanos, como queimadas, caçadores, desmatamento e tráfico de animais. De acordo com Daniela, mostrar a Matí em rede nacional é o mesmo que ajudar na conscientização ambiental e na manutenção do instituto, que sobrevive por meio de doações. O custo mensal de cada animal, entre onças, jaguatiricas e jaguarundis, é de cerca de R$ 2,3 mil. Atualmente, o NEX abriga 25 animais em suas instalações. “Acredito que alcançamos nosso objetivo. Quanto mais visibilidade e admiração, mais pessoas vão defender esta espécie”, diz.

Gravações

Durante as gravações na região do Pantanal, uma série de medidas foram tomadas em relação aos cuidados com o animal. “Todas as ações foram realizadas em parcerias com os órgãos ambientais competentes e sob licenças necessárias”, explicou a TV Globo em nota à imprensa. Para transportar a onça de Corumbá de Goiás para Mato Grosso do Sul, na região do Pantanal, por exemplo, veterinários e ambientalistas acompanharam todo o trajeto no avião.

Além do santuário criado exclusivamente para Matí, com disponibilidade de água, ar-condicionado, silêncio e descansos, também acabaram sendo tomadas medidas para preservar a saúde dos cinegrafistas e atores. Foram colocadas, por exemplo, estruturas que limitavam a proximidade da onça com os profissionais no set de filmagem. Médicos também ficaram a postos para atender qualquer eventual acidente.

Com diversos efeitos visuais de câmera, montagens e edição, Matí contracena com atores como a estreante Alanis Guillen e Juliana Paes. Em entrevista ao GShow, a intérprete de Maria Marruá explica a gravação do episódio em que aparece cara a cara com a onça. “Foi um contato mais distanciado em cena. Aquela proximidade toda só foi possível por causa da computação gráfica. O meu olhar diretamente para a onça foi um trabalho mais de imaginar”, disse a atriz, que em imagens de bastidores da novela aparece acariciando Matí, enquanto o animal é segurado pela equipe do NEX.

As gravações com a onça-pintada no Pantanal já acabaram, mas o felino ainda dá as caras na novela e na internet. No perfil do Instagram do instituto, Matí é a garota propaganda da fundação e sempre dá o ar da graça entre uma postagem e outra. Já no Twitter, diversos memes têm sido criados por internautas e telespectadores do folhetim.

Pantanal
Onça-pintada, sucuri e jacarés. Um dos sucessos da novela Pantanal, que tem batido recorde de audiência desde sua estreia em abril, se deve ao realismo fantástico de uma história rural. Mulher que vira onça, homem que encanta magicamente bois selvagens, figuras misteriosas que protegem a natureza. Todos os elementos do folhetim parecem ter saído de histórias antigas contadas por avós e avos. 

Remake da novela de 1990 da TV Manchete escrita por Benedito Ruy Barbosa, Pantanal é adaptada por Bruno Luperi e tem direção de Walter Carvalho, o mesmo diretor por trás de filmes como Lavoura Arcaica (2001) e Terra Estrangeira (1995). Na televisão, Carvalho assinou a fotografia de novelas como Renascer (1993) e O Rei do Gado (1996). 

Já em sua segunda fase, Pantanal tem atraído boa audiência e um esticamento da trama não está descartado pela TV Globo. Inicialmente, o folhetim teria cerca de 150 capítulos e acabaria em agosto. Com atrasos nas gravações por conta da pandemia, a novela foi alongada para até setembro. Na Globoplay, a emissora disponibiliza os episódios exibidos e os bastidores das gravações no Pantanal matogrossense com entrevistas com atores e equipe técnica.

Reprodução
Cena de Maria Marruá com Matí chamou a atenção dos telespectadores
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