A quase quatro meses do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), muitos candidatos já se inscreveram, mas ainda não começaram a preparação dos estudos para as provas que selecionam mais de um quinto dos novos universitários do país.
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O tempo é escasso e a lista de conteúdos que caem no Enem é extensa, já que prevê assuntos que o aluno deveria ter aprendido ao longo de, pelo menos, três anos do ensino médio. Aí surgem algumas dúvidas que podem atordoar os inscritos no exame: será que ainda vale a pena começar a estudar para o Enem? E se eu quiser começar a estudar agora, o que posso fazer?
“O tempo é algo muito relativo”, segundo Filiphe Falchioni, que está à frente do Mundo do Enem, um curso pré-vestibular para estudantes de escola pública na região de Campinas, no interior de São Paulo. Ou seja: começar a estudar em janeiro ou agora, em junho, pode não fazer muita diferença se você não sabe como fazer isso.
“As duas coisas mais importantes para quem está pensando em começar agora são: primeiro, saber o que ele deve estudar, onde (qual curso e universidade) ele quer passar e qual a nota que ele precisa tirar para conquistar essa vaga. A outra coisa é manter o foco e a determinação para executar o seu planejamento”, diz ele.
Para o mineiro Lucas Marques Horta, 22 anos, que compartilha na internet as dicas que o levaram a ser aprovado no curso de Economia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) a partir de seu bom desempenho na edição do Enem de 2012, sempre é tempo de começar e correr atrás dos nossos objetivos. “Você pode: 1. nem tentar; 2. deixar para estudar tudo no ano que vem; ou 3. começar a estudar agora. Mas se você tem um objetivo, porque não começar a trabalhar por ele agora? Mesmo se fizer a prova e não passar dessa vez, vai estar valendo, vai estar somando conhecimento para a próxima edição”.
Segundo ele, o primeiro passo para ter certeza de que vale a pena começar a estudar para o exame agora é encontrar o propósito para isso. “Você precisa saber o porquê quer fazer aquele curso e não estudar apenas por obrigação.”
Planejamento
Diante do tempo escasso, as capacidades de organização e disciplina são pontos fundamentais para o candidato que começou a estudar agora possa garantir um bom resultado no Enem. “O aluno que está começando agora precisa separar a semana inicial para se planejar, encontrar material de estudos, organizar uma agenda e escolher suas prioridades. Recomendo que falem com seus pais durante essa primeira semana, explicando - até porque muitos desses alunos são os primeiros universitários da família - sobre a importância de se graduar em uma universidade de primeira linha”, aponta Falchioni.
“Mais do que a dificuldade de estudar em si, tenho ajudado muitos estudantes a encontrar o que está atrapalhando seu estudo e a grande maioria deles não têm hábitos de estudo, não conseguem gerenciar seu tempo de estudo e muito menos possuem um local adequado para estudar com tranquilidade, sem distrações. É preciso corrigir isso”, diz Horta.
“Eu, por exemplo, não alcancei os pontos que precisava para entrar no curso de Economia na primeira vez em que prestei o Enem, em 2011, e minha família não tinha dinheiro para custear um curso numa universidade particular. Aí eu comecei a pensar no que eu poderia fazer e percebi que tinha que mudar alguma coisa no jeito de estudar. Eu apenas lia os textos. Mas quando apenas lê, você retém pouco as informações. É preciso estudar realizando. Como? Fazendo anotações, mapas mentais. Com isso você aumenta o potencial de retenção dessas informações em sua memória”, conta ele.
Conheça as provas
Uma outra dica indicada por Falchioni para quem está iniciando a preparação para o Enem agora é realizar as provas anteriores do exame para se familiarizar com o estilo das provas e identificar, a partir das questões, as matérias que têm mais e menos facilidade e criar um cronograma de estudos. “Com base nesse exercício, é possível ajustar o tempo para estudar o que realmente faz a diferença.” Ainda segundo ele, deve se dar atenção especial às questões de Ciências da Natureza (química, física e biologia) e matemática, que são as áreas de conhecimento que mais pontuam no Enem, além da redação.
“O que eu não posso deixar de falar é sobre o nível de desempenho dos alunos, principalmente os alunos das escolas públicas. É muito importante que eles entendam que a aprovação na universidade dos sonhos é uma questão de tempo e preparação e que, às vezes, o ensino médio foi tão sucateado que é preciso fazer dois, três anos de cursinho para conseguir chegar ao resultado esperado”, explica Filiphi. “É preciso ter foco!”.